Não gosto de ler entrevistas.
Aborrecem-me. Aborrecem-me se são longas pela dispersão das temáticas.
Aborrecem-me se são breves por serem, a maior parte das vezes, áridas ou tontas.
Prefiro sempre um bom artigo sobre a pessoa em questão ou um texto escrito pelo
próprio acerca do(s) tema(s) que se querem ver tratados. Desse modo, não temos
de lidar com as interrupções do entrevistador – que muitas vezes corta o fio do
discurso e do pensamento do entrevistado – e com as suas muitas vezes acidentadas
mudanças de rumo. Além disso, é frequente os entrevistadores não estarem ou serem
bem preparados para a abordagem dos assuntos e até mesmo para a abordagem ao
entrevistado.
Abro exceção para algumas entrevistas
passadas na revista Ler sobre
literatura, grande parte delas traduzidas do inglês ou do francês, e que são
feitas por quem sabe muito do tema. Não se espraiam a falar de onde nasceu e de
como a infância o/a influenciou na escrita, são verdadeiros artigos sobre literatura.
Isto vem a propósito das entrevistas
de verão que o jornal DN tem feito a escritores e pessoas da ciência e da
política. Claro que não me ative – e perdoe-se-me a arrogância – a ler num uma
linha da entrevista ao “pisca-olho” do Rodrigues dos Santos, mas dei uma vista
de olhos pela entrevista à escritora Dulce Maria Cardoso – de quem li e gostei
de lei O Retorno – e achei de uma
superficialidade incrível.
Pior, ou talvez não, foi ler a
entrevista de ontem ao cientista João Magueijo, um físico de caráter algo
estilhaçante que trabalha no Imperial College London. O que doeu foi constatar
a grandeza de pensamento do cientista (que também tem livros editados fora da
ciência embora não dentro da ficção) e a pequenez de espírito do entrevistador.
A entrevista pretendeu ser abrangente, sem se ater apenas aos aspetos
científicos (em que o entrevistador devia estar a léguas de distância do físico
– e isso é o menos) mas que ficou muito aquém nos aspetos políticos (sobre o brexit nomeadamente) e sobre conceitos
como a dualidade esquerda/direita que notoriamente “baralhou” o entrevistador. Este
não teve a humildade de deixar o cientista transmitir um pouco do seu pensamento
– que é o interessante numa entrevista já que é assim que aprendemos e alargamos
os nossos horizontes – e, por outro lado, com algumas das suas perguntas “pequeninas”
deu azo a que o respondente lhe desse algumas “patadas” e a respostas de que
não estaria à espera nem gostaria de ter ouvido.
Se estiverem na disposição de ler
a entrevista poderão fazê-lo aqui.
João Magueijo |
Li a entrevista e gostei das respostas.
ResponderEliminarTambém devo dizer-te que gosto do teu espírito crítico, sabes dos que falas e faze-lo sem papas na língua, directa e frontal...gosto de ti assim.
Beijinhos Graça
Obrigada, Manu, pela compreensão e pela tua abertura. Beijinho.
EliminarDesta vez não concordo contigo, Graça e considero entrevista de um profissionalismo exemplar.
ResponderEliminarNão cabe ao jornalista ser um cientista, mas estar bem informado, de modo a conduzir a conversação para atingir os propósitos que pretende.
O entrevistador tinha lido as obras do cientista e sabia muito bem quais seriam as respostas, afirmações que lhe interessavam para traçar o perfil psicológico do entrevistado.
Nenhum jornalista é obrigado a publicar 'patadas', está escrever e não a gravar. Só o faz se for tolo, qualidade que não qualifica este profissional...
Beijinhos, Graça.
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Opiniões, Majo. E ainda bem que somos todos diferentes. De facto o entrevistador, que é quem ultimamente faz as críticas e apresentações literárias no DN, tinha conhecimento das obras do cientista e tudo, mas achei as questões fraquinhas, que se há de fazer?
EliminarMas é como digo: ainda bem que há opiniões diferentes - é da discussão que nasce a luz...
Beijinhos luminosos...
Esta é daquelas coisas que mais uma vez prova que os gostos não se discutem. li a entrevista, mas sinceramente não tenho uma opinião definida, talvez porque não achei grande interesse.
ResponderEliminarBom fim de semana Graça.
Beijinho
É bem como dizes, querida Flor: gostos não se discutem... e assim é que está bem!
EliminarBeijinhos e bom fim de semana.
A Graça é demasiado exigente.:)
ResponderEliminarE as respostas dependem sempre das perguntas.:)
Nota: li as duas entrevistas e achei-as normais.
Se calhar sou, Luís. Mas sempre o fui a começar por mim... (que hei de fazer?... :))
Eliminarboa dica :) vou ler
ResponderEliminar:))
EliminarFiquei curiosa e também fui ler.
ResponderEliminarGostei da entrevista.
Não era uma entrevista politica era uma entrevista ao Homem ao escritor....não esperava mais do que li.
Beijinhos
Ora ainda bem!
EliminarBeijinho.
AS entrevistas reflectem o actual estado do jornalismo português, penso eu....
ResponderEliminarBom domingo
Ainda bem que me entendes, São!!
EliminarBeijinho
Andei isto tudo para trás, porque li este post no sábado, comecei a ler a entrevista e depois lembrei-me que tinha aí um livro de Magueijo ("Bifes mal passados") e resolvi ir espreitar, acabei de o ler já de madrugada e depois de muita risota.
ResponderEliminarObrigada pela sugestão!
Quanto às entrevistas, não concordo contigo: obviamente não são biografias, têm uma leveza própria, diferente de um resumo biográfico. Mas claro que haverá quem não saiba entrevistar e aí já são outros 5 paus... ;)
Beijocas