quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

A política do «custe o que custar»



Que este primeiro-ministro que, por incúria de alguns – ou de muitos – «foi ao pote», ou seja, tomou o poder de assalto, não tem política(s) não é novidade para ninguém neste país.

Que este mesmo primeiro-ministro não tem uma linguagem cuidada e usa muitas expressões do registo coloquial que não quadra com o nível de um chefe da governação, também já nos espanta.

Mas daí a utilizar a mesma vulgar expressão em sentidos contrários é que é de mais!

Então o senhor Passos Coelho, pouco tempo após ter chegado ao pote, digo, ao governo, afirmou aos quatro ventos que «temos de pagar a dívida custe o que custar». Mas ontem, depois de se saber que uma mulher de 51 anos que sofria de hepatite C morreu porque não lhe pôde ser ministrado o medicamento respectivo porque o hospital não tinha dinheiro para o comprar, depois de se saber que as pessoas morrem nas urgências sem que um médico chegue perto de si, depois de se saber que as mortes nos hospitais têm sido aos milhares e não apenas por efeito do pico de gripe, o insigne primeiro vem a público e afirma, como se de um nazi se tratasse, para quem o quis ouvir que «deve-se fazer tudo para salvar vidas, mas não custe o que custar».

Facilmente se conclui destas – e de outras muitas – afirmações desta espécie de primeiro-ministro que nos calhou em sorte que há que fazer de tudo para pagar aos agiotas que nos emprestam dinheiro para podermos continuar a aumentar a dívida soberana, mas que não temos de fazer de tudo para salvar vidas de cidadãos.

Que bem entregues estamos!

18 comentários:

  1. O preço do medicamento é leonino, abusivo.
    Mas, enquanto se negoceia com a farmacêutica, NÃO PODE haver UM doente sem tratamento.
    Tão simples quanto isso.
    Beijinhos, bfds

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  2. ~ A culpa não é só deste insuportável governo, maximamente incompetente.
    ~ Os sindicatos possuem poder para derrubá-lo, mas não o fizeram, porque são controlados por certos partidos políticos que esperam colher benefícios da miséria e do caos instalados.
    ~ ~ ~

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  3. Políticas à parte. Esta gente mente, esta gente manipula, esta gente corrompe, esta gente não merece sequer a sombra da bandeira que traz na lapela.
    Os sindicatos representam classes profissionais, ou seja parcelas da sociedade. Quem tem o poder é o povo, que na hora do sofrimento, não é professor ou padeiro ou mecânico ou enfermeiro. É um todo que sufoca às mãos da incompetência. Depois, há o poder dos média, exímio a "fazer" cabeças...

    Um beijo, Graça

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    1. Tudo mau de mais, Lídia!! E aqui estamos todos cheios de «respeito» e de «bom senso» - as palavras mais vis que todos os dias nos são repetidas - a aguentar tudo resignadinhos....Mau de mais!

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  4. Em ano de eleições, a semântica toma nuances enganadoras: na expressão "deve-se fazer tudo para salvar vidas" articulada com "mas não custe o que custar" o TUDO significa NADA salvaguardando as prioridades-lei troika em que à cabeça está ir, descalço com a corda na garganta, prestar vassalagem com os cordeiros degolados (juros) à "Rainha" germânica.
    Pois é, Graça, o governo, melhor, o senhor PM, acolitado pela sua (dele) prof de Finanças, tem prioridades estabelecidas. E difícil será mudar as "convicções" desta gente na hora do abalo grego. Na estratégia dos mentores dos troikanos está a imperiosa necessidade de manter Portugal na senda do "êxito" com a colaboração dos eunucos do harém lusitano. Para exemplo do mundo.
    Mas vale a pena bater o pé, como aconteceu neste caso da hepatite C. Conseguiu-se aquilo que parecia impossível. O estardalhaço estava a tomar dimensões "perigosas" - a saúde é assunto que mexe com toda a gente. Alguém de "cima" deu ordem à farmacêutica e ao governo para resolverem o problema rapidamente. A solução para muitos doentes em risco foi alcançada.

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    1. Que povo de cordeiros somos, Agostinho!! Uns nhonhas que aguentam tudo até não se sabe a que limite! Imagino as voltas que o D. Afonso Henriques dá na tumba!!!

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  5. Sinto uma profunda tristeza pelas figuras tristes que ele faz como se fosse ele um homem exemplar...

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  6. Com a agravante de que o medicamento já tinha sido doado, sem qualquer custo.
    Estamos a lidar com carniceiros, é assustador Graça.

    Beijinho com carinho e um excelente fim de semana.

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    1. Facínoras da pior espécie! Qual é a segurança que cada um de nós pode sentir com estes fulanos?!

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  7. muito bem observado. como sempre que te indignas!

    temos que correr com ele - "custe o que custar!..."

    beijo

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  8. Esta escumalha tem uma vaga parecença com o tio Patinhas, mas sem piada: o mais importante de tudo são os cifrões, o resto é para esquecer... :P

    Beijocas e bom domingo!

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