Incomoda-me, desassossega-me
mesmo, encontrar pessoas de quem sempre gostei e que, a certa altura, por mera
afirmação do seu eu (ou do seu mais recente grupo de eus) me viraram as costas
e se fizeram minhas – não direi inimigas, mas tão-somente desamigas.
É que – não sei se por ser do
Carneiro (!) – nos sentimentos, não tenho meio-termo: quando gosto, gosto mesmo
muito e é para sempre e quando não gosto, afasto-me, desligo-me e é um sossego
– passo à indiferença. Quando me sinto contrariada, ofendida, por alguém de
quem não gosto, passo ao mero «bom-dia», «boa tarde» ou nem isso, se a ofensa é
dura. Mas quando a ferida é provocada por alguém de quem gosto e de quem não
espero a afronta, dói muito e dói-me para sempre. Por isso me incomoda cada
reencontro com essas pessoas – é que eu continuo a gostar delas.
Hoje encontrei uma dessas antigas
amigas. E se nos demos bem! Trabalhámos tanto juntas e com os mesmos
objectivos, tanto “brincámos” juntas, “trocámos” filhas nas férias, dávamo-nos
muito bem dentro da maior bonomia, numa independência de mãos dadas, numa
paridade sem sujeição. Quem me conhece sabe que sou assim nas minhas afeições.
Um dia o elo partiu-se porque o
grupo fez força nesse sentido e quebrou pelo lado mais fraco: o dela – desculpe-se-me
a imodéstia! O grupo absorveu-a mas não conseguiu absorver-me a mim. (Sou de
difícil absorção – e não é que isso seja bom, entenda-se.) O grupo não me
perdoou, por me pensar presa fácil e eu, que até, quando calhava ou era preciso,
me dava bem no grupo como noutro qualquer que não me desagradasse, passei a ser
vista como adversária, «persona non grata».
E aquela pessoa que trabalhou
tanto comigo, que juntas tanto «brincámos», que até «trocámos» filhas e que até
me admirava (ela é que o disse) passou a ser minha direta adversária. Fez de
tudo para me derrubar: permitiu que o grupo se envolvesse – e ela própria, tenho
a certeza – nas maiores irregularidades para me tirar de lá.
No dia em que finalmente
conseguiu/conseguiram, foi ela própria que, vitoriosa, foi lá para se despedir
de mim (ou despedir-me…) e, impante, disse: «Dá cá dois beijos, Graça Maria! Amanhã é outra vida!»
Ainda gosto bastante dela pelo
que trabalhámos juntas, pelo que «brincámos» juntas, por termos «trocado»
filhas, pela sua jovialidade, pela sua simplicidade, pela sua independência (que
perdeu). Mas, e por isso mesmo, incomoda-me encontrá-la!
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(Agora imaginem o que me
aborreceu quando aquela operadora de comunicações lançou aquela
publicidade!.....)
... e pensar que atuamos em ambiente educacional, hein Graça! Ah! Como te entendo... chamo-as de "cobras criadas"... foram várias em meu caminho! Não vale a pena que nos martirizemos pelas mesmas... A toda ação corresponde uma reação...
ResponderEliminarAbraço.
Ui, Célia! No «ambiente educacional» encontra-se cada deseducação!!! Mas... a vida é assim!
EliminarBeijinho.
Fiquei sem saber que dizer. Como é que alguém assim amigo, com tal relação de cumplicidade, capaz de por a vida da filha nas mãos de outrem em tempo de férias, pode virar o bico ao prego ao ponto de querer prejudicá-la? Realmente já não se pode confiar em ninguém.
ResponderEliminarUm abraço e bom domingo.
Mas acontece, Elvira, acontece...
EliminarBoa semana e bons escritos.
Sabes Graça li e reli o teu texto, senti um arrepio daqueles que dá frio no estômago, porque revi uma situação com a única pessoa ao cimo da terra com quem não falo, estou dorida com a sua traição, não passei férias, nem troquei filhas com ela, mas matei a fome a ela e aos filhos durante uns 2 anos, não me arrependi, mas senti-me magoada.
ResponderEliminarAcho que te compreendo e, a única coisa que te posso dizer, só dói muito porque gostas, mas tens que aprender a viver com isso.
Abraço muito aperdadinho.
P.S não conheço a publicidade da MEO :))
Infelizmente há muitos casos destes e desses que referes. Fica uma grande mágoa, de facto!
EliminarQuanto à publicidade... só a referi para dar um ar mais leve à coisa... Beijinhos amigos.
Os publicitários não são uns exagerados
ResponderEliminarEles conhecem todas as vidas...
Se calhar...
EliminarUm filme que tenho visto ao longo da vida. Algumas vezes faço-me desentendido, mas outras e serão muito mais, desligo o receptor/transmissor.
ResponderEliminarAdiante! Cada macaco no seu galho...
Agradeço-lhes a indiferença que me afasta de gente falsa.
Mas custa a «engolir»... Realmente a indiferença é a melhor resposta se bem que nem sempre se consiga...
EliminarÉ isso mesmo , somos Carneiro...às vezes foi cada desilusão..
ResponderEliminarM.A.A.
Somos Carneiro e basta...
Eliminar~ O título poderia ser: quando a ponta de inveja se transforma num monstro.
ResponderEliminar~ Também já me aconteceu e, recentemente, a nível da blogosfera.
~ Felizmente, os casos que nos magoam são raros, tal como são as grandes amizades.
~ Tenho para mim que pessoas capazes destas traições não são equiibradas,
nem felizes e jamais sentir-se-ão realizadas.
~ ~ Beijinho de sincera amizade. ~ ~
.
É o caso desta minha (des)amiga: não é feliz nem equilibrada. Mas não tinha motivos para me invejar - é que eu sou uma pessoa muito simples. Enfim!
EliminarBeijinhos
Tu não podes imaginar o quanto me identifico com o teu texto de hoje !!!
ResponderEliminarEsta noite até sonhei com uma dessa pessoas que , inexplicavelmente ( neste caso é mesmo assim ) , se afastou sem mais nem menos....
Abraço forte e solidário e também o meu agradecimento, Graça
Acontece muito e dói, não dói? E voltar a vê-las parece que é voltar a viver a situação toda...
EliminarMas não sonhes com isso! Esquece o meu texto e... boa semana!!
Beijinho.
Não há ex-amigas, Graça. Ou são amigas ou nunca foram... Gostei do que escreveste, fora a publicidade, claro....
ResponderEliminarUm beijo.
Obrigada, Graça. A publicidade foi só para "desanuviar".....
EliminarBeijinho.
Algumas vezes a inveja secreta é a culpada! E já agora, terá ela recebido "Royalties" da antiga administração da Telecom pela frase que proferiu?...eheheheh Gente assim deixa-se de lado!
ResponderEliminarCumprimentos,
Não me parece que tenha recebido.... eheheheh!
EliminarAs desilusões da amizade chegam a ser mais dolorosas que as do amor.
ResponderEliminarAmbos são sentimentos fortes por de mais!
EliminarSou também do signo carneiro como sabes... e está tudo dito amiga Graça.
ResponderEliminarAcaba por passar mas nunca esquecemos e também não perdoamos, porque nunca faríamos o mesmo.
beijinho e boa semana
Fê
Nunca esquecemos, mesmo! Exatamente porque nunca o faríamos. É isso!
EliminarBeijinhos arianos...