sábado, 21 de fevereiro de 2015

Folclore(s)? Não, obrigada!



(O Rancho Tá-Mar da Nazaré, em 1977)

Não sou muita dada ao folclore (apesar de ter aprendido a dançar a Vareira de Barcelos, o Vira da Nazaré e alguns passos do Fandango) e muito menos a folclores!

Mas, infelizmente, este “nosso povo” é! Dado a folclores, digo eu. Desde que haja quem toque, este “nosso povo” dança. E diverte-se. E depois fica-se por aí. Atrevo-me a dizer que nos falta a ”guelra”. «Guts»!«Balls»! (em estrangeiro soa menos agressivo…)

Veja-se o exemplo das manifestações. Convocam-se as manifestações: o pessoal acorre com mais ou menos empenho; o pessoal mune-se de uns cartazes bem divertidos, canta, grita umas frases ensaiadas contra o “governo”; depois dispersa e no dia seguinte, tudo continua exactamente na mesma. Lembram-se da manifestação de 15 de Setembro de 2012? Aquilo é que foi! Passeámos pelas avenidas, gritámos, cantámos, empunhámos os nossos cartazes cada um mais divertido do que o outro, e depois… nada! Até as manifestações dos polícias, que chegaram até à porta da Assembleia… nada!

Dizem uns amigos especiais que eu tenho quando os questiono, que não se pode fazer como fez o Buíça, ou o Miguel Vasconcelos ou até o Otelo, porque estamos em democracia… Estamos, ou gostamos de pensar que estamos? O Hitler também foi eleito e deu no que deu…
Outra espécie de folclore são as visitas que os amigos do ex primeiro-ministro – encarcerado e amordaçado à força há três meses sem que nada de concreto se saiba – têm feito a Évora. Que vão lá na qualidade de amigos, muito “politicamente corretos”, muitos “punhos de renda”, etc. e tal, mas tomarem uma atitude colectiva de solidariedade, de força, de cidadania até – não! Há que deixar as instituições funcionarem…  How convenient!!

Ora tudo isto para chegar à questão local.

Aquela escola que eu chamei de minha durante 37 anos da minha vida abriu portas em novas instalações nos idos de 82 e, como era B2,3, não foi incluída no programa de reabilitação das escolas que o malevolamente gastador governo anterior lançou para renovar as escolas secundárias. Como se pode imaginar, está muito necessitada de obras de recuperação que o (também folclórico) diretor que me ganhou o lugar (também de forma muito folclórica, diga-se) prometeu que viriam assim que ele ascendesse à direção por meio de fotografias emblemáticas que ele enviaria à defunta DREC. As fotografias foram e voltaram a ir, mas obras não vieram… Agora o pavilhão gimnodesportivo está em colapso e já nem permite que as aulas lá funcionem. O homem das fotografias emblemáticas já lá não está, permanecendo os seus apaniguado, embora, que certamente têm enviado mais fotografias. Mas as obras nada de virem! Então, esta semana, os pais resolveram fechar a escola a cadeado para forçar as coisas. Bem! – pensei eu, até porque as direções atualmente, por muito que o (C)rato diga que têm mais autonomia, não têm é nenhuma – que autonomia aconteceu mas foi no tempo do Ministro Roberto Carneiro! Porém… folclore, uma vez mais! Os pais fecharam a escola entre as 8.00 e as 8.40 da manhã e depois abriram-na e pronto! Que enorme pressão!!


Assim não vamos lá! Em nenhuma das situações. Digo eu.

16 comentários:

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    1. O pessoal quer é férias e carros do Cola-Cao (lembras-te de quando o Carlos Cruz tinha um programa em que saíam automóveis patrocinados pelo Cola-Cao?)

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  2. Sim Graça às vezes também penso
    "como é possível que não se resolva?!" até quando é tão óbvio que é para o bem comum?

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  3. folclore e "baile mandado" em que "semos" especialistas - fique "Voscência" sabendo...

    beijo

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  4. Ah mulher!
    Você que é das valentes
    Agarrava no cadeado e nas correntes
    E gritava bem alto, na sua legitima razão
    "ou vem de lá escola nova ou o barracão vai já ao chão!"

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    1. Não brinque! Olhe que já o fiz em tempos.... (nem queira saber a vergonha que eu senti quando no Conselho Pedagógico me disseram de mim (e por duas vezes) que eu era mulher de ... tomates... )

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  5. Este comentário foi removido pelo autor.

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  6. Então a este género de folclore é que não! O povo está cada vez mais passivos e assim vai o nosso país.

    Beijinho Graça, tem um bom domingo.

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  7. ~ Um fenómeno muito preocupante que 'a priori' evidencia medo, mas que bem merecia um estudo de especialistas de comportamento.
    ~ Falta de confiança na justiça e receio da retaliação parecem as causas mais prováveis.
    ~ ~ ~

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    1. Bom para os sociólogos. Mas não para o Barreto ou para a sua companheira Mónica que esses estão com prados.

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  8. O povo e o cabresto do mando...
    Abraço.

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  9. Folcloricamente o povo foi formatado segundo a norma do homem das botas. Ainda hoje se percebe que a epidemia continua a(c)tiva, passando por via genética à juventude, basta ouvir certas conversas de meninos de 20 - 30 anos que por aí andam.
    As bolas, neste país à beira-mar plantado, têm uma utilização mais prosaica: rebolarem nos estádios de futebol. Será por isso que a história não se altera?
    De vez em quando, há uns fogachos mas são de pólvora seca.
    Boa semana, Graça Sampaio.

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  10. Uma tristeza, Agostinho! Uma enorme tristeza!

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