quinta-feira, 14 de novembro de 2013

Quo vadis, schola?


Não é novidade para ninguém de quem por aqui passa a minha repulsa, desde longa data (desde a publicação daquele livreco que escreveu sobre o “eduquês”) pelo senhor (C)rato que para mal dos nossos pecados e da escola pública foi escolhido para ministro da Educação.

As tropelias infligidas à escola por todas as formas por aquele senhor de falinhas mansas e sorrisinho sedutor que tanto encantou os meus colegas professores têm acontecido em catadupa – por acaso sem aquele grande banzé feito pelo grupo do senhor Mário FENPROF há uns três ou quatro anos atrás. Porém a última de que tomei conhecimento – por acaso pela boca da jornalista/comentadora Constança Cunha e Sá, aquela senhora que eu considerava aberrante mas que agora raramente perco, imagine-se! – deixou-me (e a ela também que estava tão irritada que quase espumava e encavalitava as palavras umas nas outras) francamente fora de mim. Então o senhor (C)rato inscreveu no OE um corte de catorze milhões de euros na Educação Especial mas, em compensação, disponibilizou 19 milhões para o cheque-ensino. De facto o presente ano letivo iniciou e já vai em franco adiantamento sem que as escolas tenham recebido autorização para contratar os professores de apoio, os psicólogos e os terapeutas que desde há anos têm vindo a apoiar os alunos com necessidades educativas especiais nomeadamente os que integram as unidades estruturadas de autismo e de multideficiência.

Imagine-se o que vai acontecer para o próximo ano! Cada medida tomada pelo senhor “eduquês” é pior que a anterior. Mas o que francamente me espanta é a passividade dos professores, dos pais, dos sindicatos, das confederações de pais! Do povo em geral, enfim – mas isso não só em relação às coisas da Educação, infelizmente. Ou será que as crianças apoiadas pela Educação Especial poderão, também elas, ter a “liberdade de escolha” com que o senhor (C)rato enche a boca e passar a serem atendidas nos colégios privados?! Duvido… (Eh eh eh, brincadeirinha…)

Não quero nem vou repetir as minhas críticas e repreensões ao venal ministro (C)rato, mas deixo aqui algumas das melhores censuras que li nos últimos dias ao senhor “eduquês” e escritas por quem muito bem sabe fazê-lo.

«(…) Escrevo destas coisas banais para designar o verdete e o vómito que me provocam o ministro Crato e o seu sorriso de gioconda de trazer por casa, quando, por sistema e convicção, destrói a escola republicana, aduzindo-lhe, com rankings e estatísticas coxas, a falsa menoridade da sua acção. Este ministro é um mentiroso, por omissão deliberada e injunção de uma ideologia de que é paladino. Não me interessa se abjurou dos ideais de juventude; ou se mandou às malvas o debate que manteve com o professor Medina Carreira, num programa da SIC Notícias. Sei, isso sim, que os homens de bem devem recusar apertar-lhe a mão.»


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«(…) Crato não quer ser despesa, é essa a sua pulsão dominante. Ele nem imagina o muito que está a custar ao país. Não são apenas as ideias incapazes e os métodos de guerrilha pessoal, são os muros que ele levanta a cada passo e que bloqueiam tudo à sua volta, em todas as áreas da governação, não apenas na dele.

O Ministério da Educação e os sindicatos de professores vivem hoje entrincheirados numa guerra suja. Talvez seja aqui, mais do que em qualquer outro ministério, que se torna mais chocante o grau de impreparação. As dificuldades financeiras tornam inevitáveis os sacrifícios, a poupança, a redução de professores. É verdade, não há dinheiro. Mas na educação exige-se mais, porque não se joga apenas o presente (isto é tão simples que até custa escrever...), determina-se o futuro próximo.

Crato não olha para a frente, olha para o chão, espezinha, suprime, humilha; e assim torna um pouco mais respeitáveis alguns dos sindicatos mais imobilistas que há em Portugal. Não tenho dúvida alguma: são restos do mesmo caldo, embora hoje o ministro se inspire no ar do tempo e no que ele julga serem as boas práticas do sector privado, o procurement, blá-blá-blá. O funcionário Crato não pensa, martela banalidades. O que sobra é isto: o ensino público transformado num vazadouro de lugares-comuns.»

9 comentários:

  1. Um imbecil, esse Crato. Não percebo o silêncio de algumas associações de defesa dos deficientes, perante este escarro a que também já me referi no CR

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  2. Veja a reportagem da TVI sobre os colégios privados que está no Youtube.
    Que negociata!!
    BFDS!!

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  3. Total é a EXCLUSÃO... Desculpas esfarrapadas tipo: - não temos especialistas para tal situação... Falta mesmo é a "Especialidade Humana no Coração" de muitos (C)ratos... no mundo!
    Abraço,
    Célia.

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  4. Um nojo!
    Como é possível tamanho retrocesso?!

    Abraço

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  5. Gracinhamiga

    Estava tão bem em São Pedro do Sul & arredores, só vendo (do verbo ver...) na televisão um enorme desastre e a correspondente roubalheira - Lampiões 4 - Leões 3, Duarte Gomes -78, quando vendo (do verbo vender) a justificação da recusa terminante quanto a telejornais, mesas redondas, debates e comunicações ao país.

    Raio de pouca sorte: outros hóspedes do Hotel do Parque (excelente) estavam vendo (do verbo ver) a apresentação do sinistro Guião pelo Paulinho das Panelas. E vieram-me perguntar por que razão eu não o estava vendo (do verbo ver) uma comunicação tão importante.

    Respondi-lhes que não vendo (do verbo vender) asneiras, muito menos panelas. Uma Senhora Professora que estava ali, a setôra Maria de Lurdes Alves afirmou que eu fazia muito bem e acrescentou: felizmente o homem (?)não falou da (des)Educação do ministro Crato. O (des) é meu.

    Boa oportunidade para a informar que tinha uma Amiga que escrevia sempre (C)rato. Rejubilou, disse esse... analfabruto riu-se e até me convidou para tomar uma bica - gesto de boa vontade e camaradagem - que infelizmente recusei (por motivos religioso-político-sanitários não bebo café)

    Mas aceitei uma água das Pedras, cada vez mais Salgadas por mor dos (C)ratos e outros sacristas.

    Raio de comentário que é mais comprido do que a autoestrada A 1. Assim, por aqui me fico, ao mesmo tempo que peço desculpa por me ter alambazado. (acabo de criar uma palavra que nem vem no PRONTUÁRIO ORTOGRÁFICO e Guia da Língua Portuguesa (50.ª Edição) dos senhores Magnus Bergström e Neves Reis)

    Qjs

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  6. O que as notícias mostram é só o possível. Nas escolas, a realidade é bem mais negra. :((

    Beijo

    Laura

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  7. Aqueles indivíduos que andavam
    pelas televisões a comentar(no
    tempo dos governos do PS e que
    estão agora neste Governo, têm provado bem a sua incompetência
    e que farão o trabalho mais sujo
    e prejudicial às populações e às
    diversas classes profissionais,para
    terem a vaidade de ser ministros e
    passearem à custa do Orçamento do
    Estado fazendo estragos que devem
    levar muitos anos a ser reparados!
    Tem razão, a Femprof está muito mais calma. E nós não sabemos tudo
    o que este ministro faz de mal...
    eu tenho uma familiar que é professora no activo e conta-me coisas que é de ficar agoniada!!!
    São uns incompetentes mas muito
    MALDOSOS!!! Sádicos, mesmo.
    Bom fim de semana.
    Bj.
    Irene Alves

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  8. Pedro Coimbra, eu vi essa reportagem em direto e sei muito sobre essa feia realidade porque a vivi por dentro nos idos de 90.

    Eu sei, laura, que nas escolas a coisa é muito mais negra: tenho uma filha professora (bibliotecária) e outra terapeuta da fala que este ano, ao fim de onze ou doze anos de trabalho, não teve colocação porque não abrem vagas...

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