quinta-feira, 7 de novembro de 2013

Gaba-te, cesto!


(Antes de mais, as minhas mais humildes desculpas pela minha imodéstia – passe o paradoxo…)

Ajudo um jovem familiar, que frequenta o 8º ano, a estudar Inglês. O rapaz não é grande amante da escola e do estudo senão não precisaria de acompanhamento particular, mas não é destituído de inteligência e tem conseguido fazer “os mínimos”.

Ora hoje trouxe-me ele o primeiro teste realizado já corrigido com uma negativa de quarenta e poucos por cento. Perante o meu ar de desencanto, o miúdo lá deixou cair que só tinha havido quatro positivas na turma. «Mau!» – pensei. «Nunca na minha (longa) vida de professora tive um resultado desses senão teria ficado muito aborrecida comigo própria!»

Analisei o teste e, de facto, tratava-se de um teste bastante bem feito, equilibrado e de acordo com as matérias previstas para o ano de escolaridade. Só que… nada tinha a ver com as atividades, o vocabulário e as estruturas gramaticais e desenvolvidas nas aulas. Desde o início das aulas as matérias sumariadas andaram à volta do presente simples versus o presente progressivo, ausência de interpretação oral e muito menos escrita de textos e quanto a elaboração de textos escritos, népia! Depois, em antevésperas do dia do teste, a senhora professora elencou a matéria a estudar para o teste e aí toca de carregar com o passado simples (uma estrutura difícil e exigente para os alunos médios portugueses) que não fora minimamente revisto nem trabalhado. Para a composição, a professora “agendou” o tema “personalidades”, mas afinal, o tema que saiu foi “ a importância do Inglês no mundo”…

Nunca ninguém terá ensinado àquela senhora professora que os testes não são ratoeiras para “apanhar” os alunos, mas tão-somente (mais) um elemento da avaliação contínua e que servem para testar aquilo que se ensinou e se trabalhou nas aulas? Para isso, é preciso programar as aulas de forma a que, quando chegar o momento do teste, os alunos, ou pelo menos a sua grande maioria, estejam conhecedores do estilo de exercícios e das matérias que vão ser avaliadas.

Foi assim que sempre funcionei – mas isso dava realmente algum – bastante –  muito trabalho de preparação das aulas. Ah, e mais! Era eu que elaborava os meus próprios testes…

Foi por isso que, quando o miúdo saiu, dei comigo a dizer: «que boa professora que eu era!»…

10 comentários:

  1. Vistos os factos, não tem que pedir desculpas pela "imodéstia".

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  2. You were the best!!! : )

    E concordo plenamente contigo!

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  3. Existem alunos que ainda não aprenderam a gostar de trabalhar, estudar e serem organizados.
    Quando precisam de dinheiro os pais dão...mas quando precisam de disciplina o estado proíbe...limita a família e os professores...
    paciência !

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  4. Estes professores não merecem essa designação.
    Porque não são mestres.
    BFDS!!

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  5. Deve ser daquelas professoras que vão copiar os testes aos livros de testes de anos anteriores.
    Está agora para "perder tempo" com alunos "básicos", do ensino oficial, e elaborar os testes de acordo com a matéria...
    São estes calões, que mancham o nome da classe, e dão força às alegações do reacionário do cRATO.

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  6. Essa criatura está na linha de Crato. Pena que não vá para casa!

    Na Faculdade eu fui aluna de um excelente professor , pessoa simpática e acessível, piagetiano até à alma, mas que tinha um sistema de avaliação tão próprio que , por média(segundo ele mesmo , que sabia ser censurado pelos colegas), os "chumbos" rondavam os 60% e os trabalhos não contavam para a nota final.

    Cheguei a temer ficar sem licenciatura por causa dele. O que (nos ) valeu foi ele ter ido para os EUA durante um ano e ficar
    a substituí-lo a antiga assistente, cuja tese em França fora sobre Vigotsky e que contou com tudo para nota.

    Numa das últimas aulas dizia, com bastante graça, "Bom, quando o Orlando chegar, mata-me!"

    Beijinhos e parabéns por seres a professora que foste

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  7. Foi o meu filho, que hoje já entrou nos " entas" aluno no 8º ano de uma professora que era completamente alucinada ...começou o programa por onde lhe apeteceu e os testes não correspondiam à matéria dada. Pior , dava testes já usados em anos anteriores. Como o rapaz era muito bom aluno a ciências e suficiente a letras , resolvi pedir a uma colega de liceu para lhe dar algum apoio.Bom , nas vésperas dos testes , iam os e as colegas lá a casa pedir cópias dos exemplares fornecidos pela explicadora.Resumindo ,um dia o meu filho vinha todo contente , pois já tinha feito aquelas questões... Qual foi a classificação ? " Não és aluno para fazer este teste todo certo " TAL E QUAL....este exemplar de professora anda lá por Lisboa. M.A.A.

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  8. Mas não cabe na cabeça de ninguém planear as aulas, organizar as actividades em função de determinados objectivos, treinar os alunos nesse sentido e depois ir testar outra coisa!
    A criatura passou-se ou é sempre assim?!


    Abraço

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  9. ... é o meu pensar também, Graça... Complemento: - já não se "fazem" professores/ educadores como os da nossa época. Sem saudosismo, mas é vero!
    Abraço.

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  10. Querem acabar com os bons professores e com o ensino.
    Tudo isto, como bem sabe é premeditado, não dá jeito haver quem pense, quem saiba.


    Beijinho amiga Graça

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