sábado, 23 de novembro de 2013

Preconceito à parte



Que fique, antes de mais, muito claro que não alimento qualquer tipo de preconceito contra a diferença. Diferença de cor de pele, diferença dos que têm a desdita de nascer com qualquer tipo de deficiência, diferença na orientação sexual que as pessoas seguem.  

Ontem fui a uma loja Nespresso onde fui atendida por um empregado – que agora se chama pomposa e superiormente de colaborador – que me acolheu com uns gestos e uns requebros de voz que nem a menina que minutinhos antes me instruíra sobre os tipos e preços de chávenas e copos da marca usara. Todo ele era estilo «tia de Cascais» na fala e sorrisinhos tipo Catarina Furtado. «Esnobou» um pouco (como dizem os nossos irmãos brasileiros) quando consultou a minha ficha e viu que eu vinha de Leiria, onde – disse ele com o ar mais superficial – estivera apenas uma vez para, parecia-lhe, o juramento de bandeira de um amigo. Mas acabou por me perguntar se eu aceitava um café quando viu a cor do meu cartão de pagamento (remanescentes de quando eu era remediada, claro! Nada tem a ver com o meu atual estado de riqueza, na opinião do “governo”…) Declinei sedutoramente (que eu também sei  armar-me em «tia de Cascais quando me apetece) o galanteado convite e saí da loja de sorriso aberto e a pensar cá para mim: «mas porque é que agora põem estes “panascas” (mil desculpas aos meus queridos amigos bloggers pelo vernáculo, mas foi esta a palavra que me ocorreu) a atenderem o pessoal?!

É que não foi a primeira vez que passei por esta experiência e que tive este tipo de pensamento. Aqui em Leiria a Zara Home também tem a atender uns meninos super, super magrinhos dentro daqueles aventais pretos e comprido, indumentária da casa, que lhes dão duas ou três voltas ao corpito. Dirigem-se-nos com um ar mais angélico que os querubins que lá vendem agora pelo Natal e, com uma vozinha que nem a minha neta de seis anos usa, nos perguntam: «Precisa de ajuda? … Esteja à vontade…»)

Isto para nem falar num outro menino também super coquette, também com não mais de 50 cm de diâmetro, de olhinhos azuis e pestanas enroladas com revirador que “colabora” na Douglas aqui no shopping e que todo ele se meneia para falar com o mulherio – tipo eu  – que lá vai ver o preço dos after-shaves

Eu nem sei, nem posso nem quero dizer que estes “meninos” – como eu lhes chamo – são homossexuais ou não, se gostariam de ser meninas ou não, nem me interessa, juro! Mas por que raio é que os empregadores agora escolhem estes coquettes travestidos em vez de contratarem mulheres, raparigas giríssimas, bem pintadas e de unhas esmaltadas, bem-falantes e genuinamente coquettes – homossexuais ou não, que isso (repito!) a mim não me faz diferença nenhuma – e que as há por aí aos montes? Ou então miúdos lindos e sedutores, tipo Clooney, Paulo Pires, Filipe Duarte ou outro, morenos de olhos verdes com maneiras bem masculinas e bem atraentes daqueles que fazem uma mulher olhar de esguelha e ter maus pensamentos, mesmo que à noite se deitem com o polícia de giro?!


18 comentários:

  1. Também tenho experimentado estes sentimentos em relação ao atendimento "dispensado" em certos locais.
    Tenho guardado para mim certas desconfianças, não vão pensar as pessoas que sou um dinossauro. Há situações em que, como cliente, me sinto completamente deslocado, inibido, pelos trejeitos e linguagem desta nova fauna.
    Será que são mesmo assim ou estão a cumprir normas que lhe debitam em cursos de deformação pessoal/profissional?

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  2. Talvez os empregadores queiram mostrar que não são preconceituosos.

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  3. Hi...Hi...Hi...vá lá agente entender esta gente...estes empregados...as orientações pessoais ou outras que lhes exigem para se menearem assim...
    Olha Graça só entrei na Zara uma vez quando aquilo abriu. Fui com a minha mulher e nunca mais lá voltámos...
    Já temos mais de cinquenta e aquilo não serve as nossas medidas...

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  4. Sou cliente da loja do Chiado, acho "colaboradores" e "colaboradoras" muito gentis e eficientes.
    Oferecem-me sempre um café mesmo sem verem o meu cartão!
    Se calhar eu tenho ar de "tia" de Cascais e não sabia! :)
    Fora de brincadeira nunca vi nada desses meneios na tal loja!

    Abraço

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  5. Minha linda, a Deus graças, nunca me calhou nenhum exemplar desses.

    Mas eu acho que @s colaborador@s( já não há trabalhador@s)são treinad@s para certo tom de voz , de respostas e de maneiras.

    E agora parece que estão muito em moda os ditos metrossexuais,,,

    Para mim ,
    é indiferente a cor, a orientação sexual, a crença religiosa , a opção política ...mas aborrece-me essa falsa amabilidade.

    Principalmente , quando me lembro da maneira como, em Cabo Verde, as pessoas se relacionam connosco: são genuínas , falam-nos como se nos conhecessem de berço , mas sem falta de respeito .

    No mercado de Sucupira, na cidade da Praia, uma das vendedoras que me viu cansada e cheia de calor disse-me para me sentar e quando , ao ir-me embora, lhe ofereci o leque ela aceitou com toda a naturalidade.

    Não subserviência, que é aquilo que mais detesto e vejo muito por aqui relativamente a estrangeiros.

    Por isso , é famosa a morabeza...e com toda a razão.

    Bom domingo

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  6. Muito eu gostei hoje do que aqui li...Sendo eu por natureza simples, quando me aparecem estes cromos também gosto de puxar pelos meus " galões "...e já agora , as minhas amigas de peito acham o rapaz lá de cima muito bonito...eu acho o meu marido...moreno de olhos verdes verdes muiiiito mais bonito. M.A.A.

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  7. Gracinhamiga

    Deste-me uma facadela no pêto. Passo a inspilicar. Tenho um sobrinho que pertence ao GAP , o Grupo dos Abafadores de Palhinhas. A ele, que é como se fosse meu filho (o Pai, meu irmão, aos 33 anos suicidou-se quando o rapaz tinha 13) fui tentando habituar-me.

    A partir do momento em que o meu sobrinho decidiu aparecer com um "amigo" em minha casa (a Raquel, que ele adora, autorizara a "visita" originando uma ganda cena da minha parte) fui continuando a derrotar a minha fobia aos gays, maricas, vulgo paneleiros.

    Mas, quando encontro "atendedores" desse quilate - e que, como os pardais, cada vez há mais - afasto-me do estabelecimento e pronto. Ponto.

    Um dia, o Guilherme de Melo, então jornalista no DN, disse-me uma coisa que nunca mais esquecerei: "Olha chefe, do teu grupo para o meu têm passado muitos; do meu para o teu - não conheço"...

    Mesmo que não se pegue, pelo sim pelo não, agora depois da "condescendência", recomendo aos homens: encostem-se à parede mais próxima. Mas, para as senhoras face a outras, aconselho os 110 metros barreiras.

    É que mais vale precaver-se do que remediar-se. Ai os homens são tão malucos...

    Qjs

    E o textículo???

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  8. Pois é! Quem feio ama bonito lhe parece.
    ST

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  9. Consegues pôr-me a rir com a tua mordacidade na apreciação destes colaboradores.

    E alvitraste muito bem. Eu adoro o Clooney, que nunca encontrei a querer colaborar comigo :))

    Beijinho

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  10. É isso mesmo, São e M.A.A.!!! Bolas que me entenderam bem! Thanks a lot...

    M.A.A., querida, nunca me apresentes i teu marido que eu "passo-me" com morenos de olhos verdes... Eheheheh!

    Beijinhos

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  11. Leo, minha querida, já me pareces aquelas nossas ex-colegas - que de certo também tiveste - que, nas reuniões de conselho de turma, quando alguém dizia que tinha problemas com o aluno A ou B, firmavam, cheias delas próprias, que nunca tinham tido problemas desses...

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  12. Henriquamigo, não tenho o mínimo rebuço com os/as homossexuais. Tive colegas - eles e elas - assumidos e foram-me sempre iguaizinhos aos "outros". Até tenho um familiar próximo que tem um amiguinho, e depois? É lá com eles.

    Sou imensamente tolerante a vários níveis.

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  13. Não me digas que foi na loja do Chiado? :)
    É que nunca tive mesmo ou sou muito desatenta!
    Acho-os muito simpáticos!
    Mas também podes pedir a entrega pelo correio!

    Abraço

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  14. Eu também não disse que tinham sido antipáticos... Foram apenas amariconçados e eu não acho graça...

    Há anos que encomendo as cápsulas pela net, mas também gosto de ir às lojas que são lindas de mais.

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  15. O teu amigo Henrique fez-me rir, vê-se logo que é de barba rija.
    Atualmente é fino, dizer-se que não há preconceito, mas ele existe. Até porque quem é diferente é também ele preconceituoso, e por vezes o primeiro a acentuar a diferença.

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  16. tens razão, Caínhas!

    Beijinho sem preconceito...

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