No Dia Internacional pela Eliminação da Violência contra as
Mulheres, escolhi este poema para, de alguma forma, reverenciar todas as mulheres que foram e, por infortúnio, continuam a ser humilhadas e mal tratadas.
Posso pedir, em vão, a luz de mil estrelas:
apenas obtenho este desenho pardo
que a lâmpada de vinte e cinco velas
estende no meu quarto.
Posso pedir, em vão, a melodia, a cor
e uma satisfação imediata e firme:
(a lúbrica face do despertador
é quem me prende e oprime).
E peço, em vão, uma palavra exata,
uma fórmula sonora que resuma
este desespero de não esperar nada,
esta esperança real em coisa alguma.
E nada consigo, por muito que peça!
E tamanha ambição de nada vale!
Que eu fui deusa e tive uma amnésia,
esqueci quem era e acordei mortal.
(Fernanda Botelho)
apenas obtenho este desenho pardo
que a lâmpada de vinte e cinco velas
estende no meu quarto.
Posso pedir, em vão, a melodia, a cor
e uma satisfação imediata e firme:
(a lúbrica face do despertador
é quem me prende e oprime).
E peço, em vão, uma palavra exata,
uma fórmula sonora que resuma
este desespero de não esperar nada,
esta esperança real em coisa alguma.
E nada consigo, por muito que peça!
E tamanha ambição de nada vale!
Que eu fui deusa e tive uma amnésia,
esqueci quem era e acordei mortal.
(Fernanda Botelho)
o pior acto de violencia
ResponderEliminarBjinhos
Paula
ResponderEliminarDói tamanha impotência...
A impotência de querer ser mais forte que o agressor...
Mas não ter força!
De querer elevar a voz mais alto a pedir socorro...
E haver uma mão a silenciar a garganta!
De querer poupar os filhos e resguardá-los da bestialidade dos tratos...
E acabar por sofrer duas vezes a dor e a humilhação.
Bem haja quem tem coragem de dizer NÃO... felizes as que conseguiram escapar com vida a tantos maus tratos... e paz à alma das que sucumbiram às mãos daqueles que, eles sim, não merecem viver.
Junto-me a ti nesta homenagem...
As 33 que já morreram às mãos de carrascos/maridos/amantes merecem esta tua homenagem e todo o nosso respeito...além das que sofrem em silêncio!
ResponderEliminarÉ um horror sem fim à vista! :(
Abraço
Continuamos deusas, só que algumas de nós (demasiadas) não sabem...
ResponderEliminarbeijinhos
Mande dizer, por mim, ao poeta
ResponderEliminarque no próximo verso não peça
Exija
E acordará viva
(é um belo poema de submissão)
Deixe-me subscrever o comentário do Rogério, Graça.
ResponderEliminarmuito bem lembrado! belo poema :)
ResponderEliminarOs números de mulheres assassinadas pelos companheiros ou ex-companheiros tem vindo a diminuir, felizmente, mas mesmo assim uma só já era demais! A mentalidade do "dono e senhor" da mulher vai ter de acabar...
ResponderEliminarBeijocas!
O pior é que o problema aparece agora já nos primeiros namoros.
ResponderEliminarUm fio a cortar
- Onde está a deusa
mulher-beleza
anulada, sem condição?
- sob o peso absoluto do pasmo,
o medo a sangrar
a coragem, um coração.
- E não há um golpe a cortar
o fio da servidão?!
Vou repetir este comentário à exaustão - E aqui continua a tese que as situações de violência doméstica não devem ser crime público.
ResponderEliminarDeve ser tudo resolvido na harmonia do lar.
Ao murro e pontapé, claro :(
Amiga Graça.
ResponderEliminarEste é um assunto que mexe muito comigo, talvez porque tive uma grande amiga que era vítima de violência doméstica e tal como no poema, esqueceu quem era.
Quando alguém consegue tirar a auto-estima a outro alguém, tira-lhe mais do que a vida. E merece pena máxima por isso.
beijinho comovido
Fê
ResponderEliminarVou roubar as duas últimas frases da Fê:
«Quando alguém consegue tirar a auto-estima a outro alguém, tira-lhe mais do que a vida. E merece pena máxima por isso.»
Beijinho
Disseste tudo, Fê!!!
ResponderEliminarOs números da violência doméstica assustam. Contra mulheres, crianças, idosos... crimes abjetos.
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