("Despondency" desenho de Chris Riley) |
Despondency
Deixá-la ir, a ave, a quem roubaram
Ninho e filhos e tudo, sem piedade...
Que a leve o ar sem fim da soledade
Onde as asas partidas a levaram...
Deixá-la ir, a vela, que arrojaram
Os tufões pelo mar, na escuridade,
Quando a noite surgiu da imensidade,
Quando os ventos do Sul levantaram...
Deixá-la ir, a alma lastimosa,
Que perdeu fé e paz e confiança,
À morte queda, à morte silenciosa...
Deixá-la ir, a nota desprendida
D'um canto extremo... e a última esperança...
E a vida... e o amor... Deixá-la ir, a vida!
(Antero de Quental, in "Sonetos")
Ninho e filhos e tudo, sem piedade...
Que a leve o ar sem fim da soledade
Onde as asas partidas a levaram...
Deixá-la ir, a vela, que arrojaram
Os tufões pelo mar, na escuridade,
Quando a noite surgiu da imensidade,
Quando os ventos do Sul levantaram...
Deixá-la ir, a alma lastimosa,
Que perdeu fé e paz e confiança,
À morte queda, à morte silenciosa...
Deixá-la ir, a nota desprendida
D'um canto extremo... e a última esperança...
E a vida... e o amor... Deixá-la ir, a vida!
(Antero de Quental, in "Sonetos")
Amiga Graça.
ResponderEliminarEscolheu o poema perfeito muito adequado ao pessimismo, tristeza e abandono em que somos forçados a viver neste país.
beijinho e boa semana
Fê
E ele não a deixou ir, obrigou-se a partir!
ResponderEliminarSoneto cheio de melancolia...tão vulgar na poesia de Antero!
Abraço
ResponderEliminarApesar da melancolia, soube-me bem encontrar Antero...
Beijinho
Não sei porque , hoje estou tão desanimada que este poema me fez chorar...
ResponderEliminarBeijinho
Estou como tu, Maria do Sol!
ResponderEliminarQuental, um dos nossos grandes, que nos faz cismar.
ResponderEliminarMas a vida é mesmo assim: a um aperto de coração segue-se, um prometedor afago de Sol. Sempre! É só confiar no natural desfiar dos dias.
Não, poeta
ResponderEliminarHoje dão deixo partir ninguém
Nem a ave
Nem a nave
Nem a alma
Nem a nota desprendida
E muito menos... a vida
Não gosto muito de deixar ir.
ResponderEliminarGosto mais de agarrar o touro pelos ditos cujos.
Nem que leve umas marradas.
Boa semana!
... entretanto hoje é homenageado Eanes
ResponderEliminarcúmplice do descalabro
Lindo, Rogerito, obrigada!
ResponderEliminarToda a razão, Pedro! Mas nem todos conseguem essa força quando é precisa...
Pois é, Puma! Também não é dos meus homenageáveis - se bem que por motivos diferentes. Mas é bom que a diferença exista, não é verdade?!