sexta-feira, 1 de abril de 2011

Lídia Jorge



Ontem, ao fim da tarde, fui à Livraria Arquivo assistir à apresentação do último romance de Lídia Jorge, A Noite das Mulheres Cantoras, com a presença da autora. Li umas tantas obras de Lídia Jorge de que gostei bastante e, como também a acho muito bonita e com um ar muito sereno, resolvi estar presente.

Não estava muita gente na assistência: alguns professores, alguns alunos da secundária e pouco mais. De facto, a Livraria Arquivo é a única entidade – talvez com a excepção da Biblioteca Municipal na actualidade – a promover o conhecimento dos (óptimos) autores portugueses trazendo-os vários e amiúde para pequenas conversas com o público. Muito louvável.

A apresentação da autora e da nova obra esteve a cargo de Cecília Andrade da editora D. Quixote e a professora Merecília da Escola Rodrigues Lobo apresentou a obra fazendo a leitura dramatizada de vários excertos do livro. Depois falou Lídia Jorge sobre a criação literária e de como as personagens ganham vida, ganham a sua vida própria mesmo. Falou deste novo romance que se passa nos anos 80 com reminiscências do regresso muitas vezes acidentado e violento dos portugueses da África colonial. Falou da vida nos anos 80 e fez uma brevíssima comparação com a forma como vivemos e como pensamos actualmente. Numa voz firme, grave, serena. E ela, a autora,linda, de uma beleza fresca, de veludo, uma beleza que nos traz à ideia as mulheres do início do século XX, com aquela perscrutadora vivacidade no olhar.

Eu li, em finais dos anos 80 A Costa dos Murmúrios de que gostei. Uma prosa muito boa. Um português muito bem escrito. Uma arquitectura do romance muito rigorosa. Quando saiu O Vale da Paixão, logo o li a adorei! Descrições rudes mas belas de um Algarve rural que (quase) desconhecemos. Depois tive de ler O Vento Assobiando nas Gruas que falas dos Cabo-verdianos que vivem e trabalham em Portugal e ainda li Combateremos a Sombra outra história verdadeiramente inquietante sobre a difícil vida que vivemos na actualidade. Todas as histórias que li são eivadas de um enorme dramatismo que nos transporta para dentro delas e nos envolve e nos emaranha.

Eu gosto muito de ler a Lídia Jorge. E gostei muito de a conhecer: apetece conversar com ela. E eu conversei um bocadinho.


(Lídia Jorge dirigindo-se ao público)



(A Merecília lendo um excerto do novo romance)



(Dramatizando outro excerto da obra; L. Jorge seguindo atenta.)



5 comentários:

  1. Subscrevo o que dizes!
    Tenho lido quase tudo o que sai dela e também gosto.
    Pela idade e pelo curso tivemos pelo menos algumas cadeiras em comum na Faculdade de Letras de Lisboa. Mas nem ela era assim,nem eu... :-))
    Boas as iniciativas da Arquivo!

    Abraço

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  2. Lamento dizer que nunca li nada de Lídia Jorge, embora já tivesse ouvido falar nela, claro. É difícil manter-me atualizada e ler todos os autores portugueses contemporâneos. A falta de contacto diário tem o seu peso... Estarei mais informada sobre o que aqui se passa... espero! : )
    Ao acabar de ler este teu post, Carol, fui de imediato ver, através da net, se a biblioteca pública de Toronto tem livros desta autora. E tem. Acabei de requisitar “O Vale da Paixão”. Apenas este visto que tenho dezenas (sem exagero) na prateleira dos “para ler”. Como alguns destes “para ler” são meus, esses podem esperar...
    A biblioteca também tem “A Costa dos Murmúrios”, “O Belo Adormecido”, “Notícia da Cidade Silvestre”, e “O Cais das Merendas”.
    Se, entretanto, sair algum livro novo de Mia Couto... por favor, informa-me! Já li todos os que a biblioteca aqui tem! Bom fim de semana.

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  3. Não fui e fiquei cheia de pena, mas ainda não consigo estar em dois lugares em simultâneo... Agora o livro, é mais um para ler. Não se sabe é quando!

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  4. Se bem me lembro li "A Costa dos Murmúrios" e
    "O Dia dos Prodígios".
    Concordo, no entanto, que a autora inspira serenidade e confiança.

    Um bom Fi de Semana amiga

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  5. Podes estar descansada, Catarina. Vou dando notícias. E podes crer, O Vale da Paixão é mesmo muito bom.
    Beijinhos para todas.

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