Nos meus tempos de adolescente tive uma enorme paixão pelo ballet clássico. Acho que todas as meninas passam por essa fase, pela delicadeza dos movimentos, pelo poético a que aspira, pelo romantismo que evoca. Para mim, pessoalmente ainda havia que contar com a força prodigiosa dos Tchaikovski(s), dos Mozart(s), dos Chopin(s), dos Schubert(s) que eu não me cansava de ouvir e de imaginar coreografias.
Eu sabia perfeitamente que não poderia ser bailarina – embora tivesse gostado muito – porque não havia possibilidades e porque estava “traçada” há muito para ser professora. Mas tanto falei nisso que quase obriguei a nossa professora de Ginástica, a Sr.ª D Georgina, (naquela época os professores eram de Ginástica, não eram de Educação Física) a abrir uma classe de dança lá no colégio (Externato Académico de Sintra, de ensino misto, graças ao Senhor...) e a minha mãe a pagar mais 35$00 todos os meses, a somar aos pesados 180$00 que já pagava de mensalidade para me inscrever da dita aula.
Naturalmente, como era costume nos colégios, fez-se a habitual festa de final de ano lectivo e eu (pseudo)dancei dois número de dança clássica. Giro, giro foi ter-me apresentado de vestido curtinho (que a minha mãe foi alugar ao Parque Mayer propositadamente para o importante evento) perante os alunos, especialmente os mais velhos (vejam o escândalo! É que isto foi em 1962!) e a nossa professora de Português, a Sr.ª D. Celeste, que tinha a alcunha de Libitina por ser tão ríspida e tão exigente (tudo o que sei de Língua Portuguesa aprendi com ela, diga-se, e foi muito!) ter levado todo o tempo a dizer-me lá da primeira fila onde se sentavam os professores: “Puxa o fato atrás para baixo!”
Foi dos momentos áureos da minha adolescência lá no colégio! Vieram as minhas tias de Lisboa e os meus tios de Minde para assistirem ao espectáculo, imaginem! Só uma nota contra: o meu “querido” à última hora não pôde estar! Que decepção! Acho que até chorei...
(Da esquerda para a direita: a Drª Irene, Directora do Colégio, a Sr.ª D. Celeste, professora de Português
e o Sr. Costa, marido da Directora, que nos passava os ralhetes...
A apresentação do espectáculo estava sempre a cargo de um dos alunos mais velhos)
(o meu primeiro número)
(o meu segundo número)
(Um aspecto da assistência, no ginásio do Colégio, onde se vêem os meus tios))
Deixa lá...A docência também é uma bela expressão artística...Cheia de dançarinos e música então...nem se fala:)
ResponderEliminarO teu era um fato de ballet à maneira, que elegância meu Deus! Porque será que a Natureza, naqueles tempos não nos encaminha os olhos, para estes rebuçados? Que grandes nabos!
ResponderEliminarAs tuas partnair's (não me lembro delas), iam com os fatos da comunhão eventualmente, tão mal vestidas estão!
Quanto ao Costa e à Irene, as recordações que ficaram são as sovas. O Costa era uma besta, chegou a bater-me a mim e aos meus colegas da instrução primária, com um cavalo marinho que nos deixou marcados por muito tempo. Motivo do castigo;- porque no recreio estavamos a fazer barulho! O recreio da Instrução Primária, decorria em simultâneo com as aulas dos alunos do Liceu. Que culpa tinhamos das más condições do Colégio? Calar num recreio matinal, único de 10 minutos, vinte crianças entre os sete e os nove anos.
A Libitina, o Dr. Loureiro, muito picuínhas mas com ele todos ficavam a entender a matemática, Maria Helena Franco, Vidal, Donas Marias do Carmo, professoras de Desenho, e, Canto Coral, o falecido General Hugo dos Santos, na altura Alferes, nosso professor de ginástica, a D.Georgina, que me safou de um castigo do malvado do Vidal, enfim um corpo docente vasto e competente naqueles tempos, depois foi a decadência e hoje é a ruína, o prédio está em ruínas, especialmente o ginásio onde estas fotos foram tiradas.
Opá! Gostei tanto, mas tanto das fotos!! Gira e elegante a menina :) beijinhos paula
ResponderEliminarMomentos que ficam... e que acalentam! : ) Bom fim de semana.
ResponderEliminarQue lindas recordações de infãncia! É tão bom conseguirmos reviver momentos,a alma apaixonada, a melancolia ,e o tempo sempre a passar, e continuamos a viver...
ResponderEliminarUm beijo
Como é que o meu comentário desapareceu?!
ResponderEliminarDeixei cá um ainda ontem...
Abraço
É bem verdade, M! Na docência também há (e sempre houve) muito quem nos dê música! E tantas vezes que temos de dançar ao som da música que nos tocam...
ResponderEliminarBoas (e más, claro!) recordações do nosso colégio! O Sr. Costa era mesmo um camelo (sem ofensa aos camelos que têm um ar tão meigo) mas como era marido da directora e não sabia dar aulas, tenha de ter alguma função: castigar! Também já vi o estado de abandono e de ruínas em que se encontra o edifício. Faz-me uma pena!
Obrigada, Concha, Catarina, Paula, pelas vossas palavras tão queridas.
Quanto ao comentário da Rosinha... escafedeu, né! Nem no vi! Mas agradeço na mesmo e sempre.
Beijinhos
Recebi por mail um comentário muito querido da minha colega de carteira dos meus 3º, 4º e 5º anos no Colégio, que muito me emocionou e que deixo aqui para ser lido por quem nos conheceu.
ResponderEliminar«Boa amiga, fui há pouco ver o teu blog e ainda bem que o fiz!
Adorei e lembro-me tão bem daquele dia, da tua paixão pela dança, da tua outra paixão...até me lembro bem dessas tuas lágrimas!...
Que giro rever aquelas fotografias, lembrar todos aqueles momentos que passámos juntas e como eram aqueles anos.
Sofremos um bocadinho nas mãos daqueles professores, mas as nossas bases foram muito sólidas.
E nós éramos das "boas".... Lembras-te de um dia que a Dr.ª Irene estava zangadíssima ( era quase tudo a tirar negativas) ela se virou para a turma e disse: "só se aproveitam estes 4 aqui da frente , e no inglês, que no resto são só estas duas..."
Os 4 da frente éramos nós as duas encostadinhas à secretária e na carteira ao lado o João e o Xixó... Lembras-te?
Obrigado por este bom bocado que me fizeste passar. Às vezes sabe muito bem recordar!
Um grande beijinho, Lu.»
Nós éramos, de facto, as melhores da turma. Ela era melhor em Ciências e eu em Letras; de modo que "partilhávamos" os nossos conhecimentos e, por vezes, copiávamos uma pela outra, mesmo ali encostadinhas à secretária dos professores. Mas ninguém desconfiava! Éramos boas alunas...
Obrigada eu, querida Amiga. Beijinhos