Sei que este caso está já estafado de tanto andar pelas chamadas redes
sociais, mas, perante a vileza e a sordidez das deliberações dos “juízes” deste nosso país, a
minha revolta é tão grande que dificilmente me consigo calar!
A ocorrência remonta a Novembro de 2014, quando um homem solteiro de Marco
de Canaveses se envolveu com numa relação extraconjugal com uma mulher de
Felgueiras. Quando, ao fim de dois meses, a relação acabou o amante passou a
perseguir a mulher, visitando-a no local de trabalho e com envio de mensagens.
A história ganha novos contornos quando, em 2015, o assédio do amante se
tornou incontrolável, ao ponto de sequestrar a mulher, arrastá-la até ao local
de trabalho do marido convidando-o para um almoço. A mulher acabou agredida
pelo marido, com recurso a uma moca com pregos.
O caso foi julgado pelo Tribunal de Felgueiras, que aplicou multas
monetárias e penas suspensas com a duração de um ano e três meses e de um ano,
para o marido e o amante, respetivamente. O amante pagou também um valor
superior a 3500 euros pelos crimes de perturbação da vida privada, injúrias,
sequestro e ofensas à integridade física.
Depois de apelar para a Relação do Porto, a mulher viu reforçadas as “penas”
aplicadas pelo Tribunal de Felgueiras, tendo-se ainda exposto à maior humilhação que
se possa imaginar! (Nem Hawthorne foi tão duro com a mulher adúltera no seu clássico
romance “The Scarlet Letter”!)
Então o Tribunal da Relação mimou-a com frases de um moralismo abjeto (e haverá moralismos que não sejam abjetos?)
clerical, ruralista, saloio e salazarento – frases como estas:
"O adultério da mulher é um gravíssimo atentado à honra e dignidade do
homem". "Sociedades existem em que a mulher adúltera é alvo de
lapidação até à morte". "Na Bíblia, podemos ler que a mulher adúltera
deve ser punida com a morte".
O Tribunal da Relação do Porto lembra também que "ainda não há muito tempo
que a lei penal (Código Penal de 1886, artigo 372º) punia com uma pena pouco
mais que simbólica o homem que, achando sua mulher em adultério, nesse ato a
matasse".
Sim, senhores! São estes os juízes que temos para nos protegerem de quem perpetrar
crimes contra nós: cheios de preconceitos, de moralismos de antanho, com uma
educação apreendida no catecismo, lançando mão de provérbios e de adágio por
falta de uma cultura elevada e séria e formatados pelo ideário «Deus, Pátria e
Família».
Mau de mais!!
Pois eu não conhecia essa história... Mas o texto em amarelo é simplesmente inacreditável e execrável.
ResponderEliminarEU ... assino por baixo!!!
ResponderEliminarbj
Bem, aqui e apesar de não ter lido o Acórdão, parece mesmo mau - mas como em todo o lado, há mau e bom, ou seja, acredito que a maioria dos magistrados nunca escreveria ou pensaria algo assim
ResponderEliminarVais desculpar, Graça, mas continuar a culpar o moralista e retrógrado estadista Salazar, das mentalidades igualmente retrógradas e abjectas, de certos juízes da actualidade, após quarenta e três anos de Democracia, também me parece mau demais, não achas?
ResponderEliminarA imagem está muito bonita e inspiradora, sim senhora, mas já nesse tempo havia adultérios e filhos 'ilegítimos' que, coitados, sem pedirem para vir ao mundo, ficavam com o estigma de 'bastardos', já que só poderiam ser perfilhados se o outro cônjuge consentisse, por escrito, coisa que raramente acontecia.
Mas esse tempo 'salazarento' já lá vai, isto agora já é um caso de gente com mau carácter e de um machismo alarmante que, infelizmente, existe em todas as profissões.
Quem é que achas que deveria pôr cobro a essas situações vergonhosas?
Continuar a culpar Salazar é, não só despropositado como se reveste, também, de alguns laivos de moralismo obsoleto.
Beijinhos, Graça.
( Como compreendo a tua revolta, mas haja bom senso, caramba! )
Meu Deus!!! Até mete nojo!
ResponderEliminarNão conhecia a história, que coisa odiosa.
Bjs
Horroroso!Hoje vi a sentença publicada pela Joana Lopes, muito mau mesmo.
ResponderEliminarBeijinho enorme e uma boa semana.
Boa tarde. Estou de volta, depois de oito dias ausente e de mais dois sem Internet que passei a ter agora, apesar do técnico só cá vir amanhã.
ResponderEliminarEnfim coisas da tecnologia.
Amiga, eu sempre pensei e continuo pensando que a maior culpa do que nos acontece com relação às leis que os homens fazem, que nos humilham, e nos agridem é nossa mesma. Nós somos as mães desses homens. Fomos nós que por incapacidade ou negligência não soubemos educá-los de forma a que nos respeitassem como iguais. Se nós utilizássemos na educação dos nossos filhos a mesma garra que usámos para ter direito ao voto, a frequentar a universidade, a uma carreira, decerto que as mentalidades masculinas seriam diferentes. Sempre foram mulheres que educaram os homens. Eram mulheres que os educavam até irem para a escola, e aí até há bem pouco tempo também eram quase só mulheres especialmente durante os primeiros anos, quando eles melhor absorvem os ensinamentos. É o que eu penso.
Um abraço
Já hoje tinha lido no mural de um amigo meu.
ResponderEliminarE parecia mentira.
Dolorosa verdade.
Nem comento para não ser mal educado.
Beijinhos, boa semana
Fascistas fica muito melhor que moralistas, Graça.
ResponderEliminarabraço
Cometem-se muitas atrocidades em nome da moral e dos bons costumes!
ResponderEliminarBeijinhos, Graça :)
E tudo "a bem da nação", Graça. Deus nos livre dos moralistas...
ResponderEliminarUma boa semana.
Um beijo.
é muito revoltante Graça,
ResponderEliminarso não concordo com esse dizer de :
"uma educação apreendida no catecismo",
porque ainda agradeço as excelentes senhoras catequistas que cuidaram dos meus filhos de graça, durante tantas horas que ofereceram e tantos anos, e que nunca lhes ensinaram tais aberrações de caracter machista e retrógrado, praticamente do foro criminal
Salazar
ResponderEliminarjá está onde devia estar
o que não significa
que algumas mães
embalassem berços
de novos espíritos... salazarentos
Obrigada, meus amigos, por todos os vossos comentários - que não vou comentar por serem bem pessoais. Como é costume neste espaço, cada um tem a liberdade de expor as suas opiniões, tal como eu exponho as minhas.
ResponderEliminarBeijinhos e abracinhos...
andam por aí muitos "Torquemadas", onde por vezes não se suspeita.
ResponderEliminare não apenas nos tribunais. infelizmente...
beijo
Infelizmente assim é... :(
EliminarGosto em vê-lo de volta, amigo herético. Beijinho.
Há males sistémicos que se registam numa sociedade que julgávamos civilizada,moderna. Terão cura?
ResponderEliminarNão compreendo como é possível um tribunal ter no activo um juíz, não com centenas, com milhares de anos de idade. Velhíssimo, portanto. Que de mérito nada tem, quanto mais de meretíssimo?!
Bj.
Ontem escrevi um post a recordar várias sentenças aberrantes, envolvendo machismo e não só. Parece-me muito útil recordar casos que, na altura geram muita celeuma, mas rapidamente são esquecidos.
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