Para que fique bem claro e não restem quaisquer dúvidas, devo aqui afirmar
perentoriamente que sinto a maior compaixão pelas tragédias florestais que se
abateram sobre o país este terrível verão alongado.
O que não dá para suportar é o massacre diário e de hora a hora que tem
vindo a ser feito pelas televisões e pela comunicação social em geral sobre nós.
E não se pense que o seu objetivo seja o de mostrar a sua comiseração pelas
perdas das pessoas, dos animais e do património, mas antes
vincar, por um lado, as
falhas que levaram aos acontecimentos trágicos – da responsabilidade do governo
e, por outro, repisar as tiradas mais contundentes do omnipresente presidente da
República e dar a máxima cobertura aos representantes principais dos partidos
da oposição, nomeadamente à D. Assunção Cristas que, branqueada agora pelos
votos que conseguiu sacar ao PSD em Lisboa, aparece sempre cheia de razão,
passando uma esponja de esquecimento sobre a sua desastrosa conduta no anterior
governo.
Confesso que fiquei de boca aberta quando, na véspera da apresentação da
moção de censura ao governo pelo CDS, uma daquelas meninas jornalistas que
agora brotam nas estações de televisão perguntou a Passos Coelho se iria votar
a favor da moção e a sua resposta, naquele ar chasqueado que ele sabe colar na
cara, respondeu: «Claro! Eu sinto-me
envergonhado com o que aconteceu no país!» - Como se nada tivesse a ver com
ele!
E depois leio que o PSD e CDS-PP,
entre 2011 e 2015, cortaram mais de 20 milhões na defesa da floresta!
O orçamento de despesa do Instituto de Conservação da Natureza e das
Florestas (ICNF) responsável pela gestão do património florestal do Estado e
das áreas protegidas caiu mais de 25%, passando de mais de 82 milhões de euros
para pouco mais de 61 milhões.
A fusão da Autoridade Florestal Nacional e do Instituto de Conservação da
Natureza e da Biodiversidade em 2012 resultou num corte de 10 milhões de euros
no seu financiamento, logo no primeiro ano completo do governo do PSD e do
CDS-PP.
Até à derrota eleitoral de 2015, o orçamento do ICNF foi sofrendo cortes
sucessivos, perdendo outros 10 milhões de euros até ao final da legislatura. O
orçamento para investimento foi o que mais sofreu a partir de 2013: nesse ano
passa de 9 para 3 milhões de euros; em 2014 é praticamente obliterado, passando
para 500 mil euros.
Para que melhor entendermos como a área da proteção da natureza era assaz
importante para aqueles governantes, devemos recordar que, em 2011, o anterior
governo retirou a isenção de taxas moderadoras aos bombeiros. Era ministro da
Administração Interna Miguel Macedo (PSD) e secretário de Estado Filipe Lobo D’Ávila
(CDS-PP).
Agora «sacodem a água» de cada um dos seus capotes e são os que mais vêm a
terreiro apresentar razões, apontar os dedos e dar palpites acertados – com o doce
beneplácito do presidente da República e o constante estrondo das televisões.
Mas a esses ninguém pede para apresentar desculpas pelo sucedido…
Tanta gente a atirar pedras e a esquecer os telhados de vidro, Graça.
ResponderEliminarBeijinhos, bfds
Tão bem dito, Pedro!! É isso mesmo...
EliminarBom fim de semana.
Graça seria também de fazer a lista das ações que esses organismos fizeram ou deveriam ter feito com todos esses milhões ?!
ResponderEliminarque se passa no terreno por onde essas pessoas andam ou deveriam andar ?! afinal são dinheiros dos impostos
beijinhos
Angela
Para onde foram todos esses milhões?!... Muitos foram para tapar os buracos deixados nos bancos por "grandes" "senhores" como Dias Loureiro, Duarte Lima, Oliveira e Costa, Arlindo Carvalho, Joe Berardo e muitos , muitos outros que estão a viver à grande e à francesa e a rir-se de todos nós...
EliminarToda gente percebe o que se vai passando no País. Por trás do apelo ao consenso, do espírito de salvação nacional papagueados para sossego do bom povo, principalmente veiculados por Marcelo, movem-se os grupos de interesses que poem em campo os chamados "fazedores de opinião", tendo em vista os grandes interesses económicos, os lugares e poleiros na Administração Pública.
ResponderEliminarÉ caricato o salto que o Sr. Santana Lopes deu da Santa para candidato a líder do PSD. Depois de composto o perfil no "confronto" semanal na SIC com António Vitorino, aparece agora igual a si próprio para protagonizar as diatribes antigas. Circo, Graça,
Há muita gente com medo que Rio, de direita e que corta a direito, escaqueire a loiça desfazendo teias que há muito tempo vivem à sombra do PSD e, conseguinte, do Estado.
Por hábito compro o Expresso e vejo a SIC. Parece-me que andam a pretender concorrer com o Correio da Manha.
BFS.
Circo, Agostinho. Circo mesmo! Em que fazem de nós palhaços... :(
EliminarBeijinho.
Plenamente de acordo, que raiva quando ouvi a Cristas dizer que quando lá estava, não houve assim tantos fogos, dá-me vontade de lhe perguntar quem é que anda a querer ver o país arder. Sabes o que me assusta e me deixa revoltada, é o povo que tem a memória curta, depois dos cortes e toda a porcaria feita pela direita, quando na AR ouvem os ataques a este governo, têm o desplante de dizer "têm razão, sim" e ainda alinham em manifestações silenciosas que nada têm a ver com solidariedade, mas sim como puro terrorismo contra este governo. E certos jornalistas metem nojo, acredita.
ResponderEliminarAmiga tem um bom fim de semana.
Beijinho enorme
Uma enorme raiva, Adélia! Uma enorme náusea...
EliminarBeijinhos para ti e para o teu "folha seca"...