Li há dias no DN que no Festival Internacional da Cultura de Cascais
convidaram, para a sua sessão de encerramento que se realizou na Casa das
Histórias de Paula Rego, duas figuras de enorme renome – o pensador Eduardo
Lourenço e o escritor António Lobo Antunes.
Dizem que o auditório transbordou de espectadores para ouvir uma conversa
de alto nível cultural como a que se adivinhava com dois vultos desta grandeza.
Porém, o que de facto aconteceu foi que os interessados não tiveram o
prazer de os ouvir dialogar, mas tão-somente o dissertar de cada um deles sobre
temas que nada tinham a ver uns com os outros. Isto devido, por um lado, ao
“ciciar” de Eduardo Lourenço que, nos seus já cansados 94 anos, não consegue
falar mais alto e, por outro, à surdez de Lobo Antunes.
Quando o professor Eduardo Lourenço sugeria um caminho, Lobo Antunes, que
não o conseguia ouvir, seguia por outro completamente díspar…
O tema do encontro, proposto por Lourenço, seria «Requiem por um império que nunca nos existiu». Entendia o Professor
orientar a sessão, para uma «Psicanálise
Mítica do Destino Português» (subtítulo da sua obra «O Labirinto da
Saudade») tendo como pano de fundo o sentimento secular do Império e do seu
final com a Revolução de Abril. Depois daria a palavra a Lobo Antunes para
falar da Guerra Colonial, já que foi ele «quem
mais ajudou o país a fazer o luto através de uma das maiores obras literárias em
que reinventou o que se abandonou em 1974.»
Só que Lobo Antunes, sem conseguir ouvir o que Eduardo Lourenço pretendia,
começou a falar de improviso sobre o que muito bem entendeu. Diz o jornalista
do DN que Lobo Antunes «referiu uma
escritora que definia o intelectual como “muita chatice e pouca foda”; depois usou
as metáforas de um doente que achava ser o rei D. Manuel e distribuía cheques
com fortunas. (…) Voltou à classe dos intelectuais, sobre o qual o professor se
manteve em quase silêncio, e referiu que “eram uns enconados”; que Fernando
Namora ia para a cama às 21.00 para ter mais insónias; que o Vergílio Ferreira
era um chato; que a maior parte dos intelectuais são chatos como a porra. Têm
uma inteligência paralisada.» –
Estas entre outras pérolas…
Dava dinheiro para ter assistido! (É que eu gosto mesmo muito de ambos!)
Hehehehehe...Desculpa Graça!
ResponderEliminarA vontade de rir foi mais forte do que eu!
Beijinhos.
Deve ter sido bem divertido. Pena não terem avisado com antecedência!
ResponderEliminarNão estou a perceber. Então se Lobo Antunes tem dificuldades de audição, não tomaram medidas para que o senhor os conseguisse ouvir já que talvez ainda não tenha os aparelhos auditivos? Estranho.
ResponderEliminarSem dúvida alguma, momento hilário!
ResponderEliminarAbraço.
Deste-me uma "alegria"!!!
ResponderEliminarTentei ir mas para variar não sei explicar mas acontece que os lugares desaparecem por milagre....
Acho Lobo Antunes um homem que parece gostar de ser desagradável...não tenho paciência! Tive pena de não ouvir E.Lourenço.
Também não consegui ouvir a Vanessa Redgrave nem Paul Auster pois os bilhetes (dizem) desaparecem para os convidados e o Auditório não é grande....
Bjs
O Lobo Antunes é useiro e vezeiro em tiradas dessas :))
ResponderEliminarBeijinhos
Uma conversa "interessante" determinada pelas condição e personalidade dos convidados. Era de admirar que não tivesse sido assim.
ResponderEliminarHá uma certa "indústria" organizada para promover estes encontros mas, quem os promove, tem de ter a consciência das incompatibilidades entre os convidados. Não é pelo facto de se juntarem 2 estrelas que a sala fica mais iluminada. O ALA, que é avesso a este tipo de exposições, certamente foi levado ao colo para lá.
Bj.
Eu estava lá, Graça. Nem imagina a reacção das pessoas quando ALA começou a dissertar no vácuo, num inimaginável solilóquio. Era o último dos debates ( alguns anteriores foram bem morninhos e desinteressantes) e este quebrou todos os cânones. Admito que tenha sido tudo premeditado, pois toda a gente sabe que ALA não suporta ouvir os outros e, pô-lo em confronto com Eduardo Lourenço, nunca poderia dar bom resultado. No final, confesso, acabei por sair divertido. E não fui o único...
ResponderEliminareheheh... O que eu me ri com este teu texto, Graça ! :)))
ResponderEliminarDeveria ser muito estranho este "diálogo" (???) , entre "mudos e moucos" rsrsrs... e para os mais atentos que pretendiam acompanhar as opiniões deveria ter sido hilário ! :)) ... Pergunta alhos, responde bogalhos ! ... Ou então, cada um deles mais interessado em se ouvir a si próprio ! Divertidíssimo e só interessante por isso, com perspectivas defraudadas de ouvir dois "monstros sagrados" como estes ! eheh
Também eu gostaria de ter lá estado ! :)
Deve ter sido de morrer a rir!...
ResponderEliminarQue tempos estes. Nem os génios estão isentos dos efeitos do envelhecimento.
ResponderEliminarBj.
Lídia