(Na cabeleireira)
(…) «Perguntaram pelo seu marido, D. Ernestina, e eu disse-lhe que tinha
morrido.»
«Ai, D. Cristela, foram 56 anos de tormento! Quando tinha 48 anos, bem quis
separar-me, mas ninguém me apoiou e tive de aguentar todos os dias de
maus-tratos. Agora censuram-me porque ando vestida de preto, mas foi o meu
filho que me pediu e agora tenho a roupa preta, tenho de a usar. Pelo menos até
Agosto… Olhe mas ainda bem que ele morreu no hospital, foi uma sorte para mim.»
(…) E caiu-se num silêncio pesado…
…..
(…) «Olha, esta também é viúva. E este também é viúvo! E este também? Ou já
morreram? Têm uma cruz cada um…»
Pergunta a Cristela: «Que cruz? O seu facebook
é mais atualizado que o meu? Deixe ver… Ah, essas fotos com uma cruz! São
pessoas que não são suas amigas e a quem você pode pedir amizade!... » (…) Risos
e gargalhadas, muitas gargalhadas…
….
(…) Diz a Cristela: «Se precisar de organizar uma festa, a qui o filho da
D. Fernanda organiza eventos, festas, com brinquedos e tudo o que for preciso.
A D. Fernanda faz bolos muito bons. E olhe que até já organizou festas de
divórcios.» (…) Sorrisos e olhares enigmaticamente disfarçados…
....
As conversas são reais: ouvi-as hoje na minha cabeleireira. Só os nomes são
fictícios.
Dramáticas, cada uma à sua maneira e no seu tom. Porém, muito mais dramático,
foi ver aqui na rua uns papéis colados no portão de uma vizinha que quase
apelavam à sua leitura. E eu fui ler. Eram do tribunal. E lá estavam os nomes
do vizinho e da vizinha e, por baixo, o apodo de «insolvente». Não li mais.
Senti que estava a violar a privacidade daquelas pessoas. Senti-me incomodada, chocada,
ultrajada - podia ser eu ou alguém da minha família!
Assaltou-me de imediato o pensamento: «Será que colaram papéis destes na
porta da casa do Duarte Lima? Do genro do Cavaco?»
Dramático, no mínimo!!
Instala-se a revolta no peito.
ResponderEliminarQue raiva!
Um abraço
Que raiva, mesmo, Elvira!!! Enfim...
EliminarBeijinho.
Na semana passada fui almoçar fora e vi lá o Duarte Lima!!!
ResponderEliminarPensei que era alucinação mas não era ....
bjs
Pertence a um dos dois grupos deste país em quem ninguém toca: o PSD/CDS/BPN... Podem roubar milhões, matar, vilipendiar que nada lhes acontece. Uma grande afronta à democracia e ao povo!
EliminarInfelizmente há fachadas e portas que não permitem colagens, Graça.
ResponderEliminarTodos iguais mas uns mais iguais que os outros.
Beijinhos
Infelizmente assim é, Pedro...
EliminarCenas dum vale de lágrimas. As cabeleireiras são uma espécie de profissionais tipo CM.
ResponderEliminarA Graça, com este manancial, não tarda, está a editar um best seller book...
Bj.
:)))
EliminarConversas às vezes muito reveladoras se ouvem nas cabeleireiras...
ResponderEliminarOs "editais" não são para todos...
Não podemos esquecer que "somos todos iguais mas alguns são mais iguais que outros"!
PS – Obrigada pela presença e palavras tão gentis na minha CASA
Continuação de boa semana.
Beijinhos
MARIAZITA / A CASA DA MARIQUINHAS
É verdade, Mariazita, «uns são mais iguais do que outros»... Muito triste!
EliminarBeijinho.
As "conversas de cabeleireira" e as realidades que nos cercam... 5 ***** a sua análise, Graça.
ResponderEliminarAbraço,
Obrigada, amigo Manuel Tomaz!
EliminarCurioso ! :)... Já se deram conta de quão diferentes são as conversas entre grupos de mulheres e grupos de homens ?... rsrsrs
ResponderEliminarNada que se pareça !
Nos homens é quase só, futebol, política ou mulheres ! eheheh
Abração, Graça :)
Por isso sempre me dei melhor em grupos de homens... :)))
EliminarRaramente vou a csbeleireira mas sei qur é assim mas aqui na aldeia...é muito semelhante! Bj
ResponderEliminarO mesmo por todo o lado, Gracinha. Talvez seja diferente nos cabeleireiros "finos" tipo Eduardo Beauté ... :)))
EliminarBeijinho.