Texto recebido do nosso querido amigo blogger Rui da Fonte.
«As alterações climáticas que produziram um dia como o de sábado em meados
de Junho ameaçam destruir a floresta portuguesa. E perante a iminência de um
cataclismo desta dimensão, o país tem de ir muito para lá das perguntas de
contexto ou da justa expressão das dores do momento: precisa de uma energia, de
uma determinação e de um conjunto de meios para debelar o problema que parece
estar para lá das nossas capacidades actuais.
Ainda assim, parece cada vez mais claro, a intervenção no ordenamento
florestal tal como a conhecemos, parece cada vez mais condenada a resumir-se a
uma medida paliativa para um problema de dimensões colossais. O planeta está a
aquecer, Portugal está a aquecer e as nossas florestas, altamente vulneráveis
ao fogo, parecem ser as primeiras vítimas dessas mudanças profundas. Um
incêndio com as proporções do deste sábado em meados de Junho é algo
inimaginável na geração dos nossos avós. E um dia nesta estação com tão altas
temperaturas e zero humidade é uma circunstância meteorológica que vai
tornar-se num novo normal. O pinhal em Pedrógão ardeu como ardeu porque não há
defesa natural possível a um fenómeno desta intensidade.
Não sabemos se teremos recursos, energia, meios humanos, ciência ou
perseverança para responder a esse dramático desafio. Soubemos sim com o fogo
descontrolado deste sábado no Pinhal Interior que o aquecimento global está a
tornar a aposta em leis avulsas para os proprietários ou estratégicas de
combate com o nome de grandes operações militares num esforço condenado a fracassar.
Não está em causa a culpa ou a omissão dos políticos, dos proprietários
florestais ou dos bombeiros: está em causa a constatação de que há uma ameaça
que elevou a sua escala de periculosidade e de destruição e a noção de que, nas
circunstâncias actuais, não temos forma de a travar.
Está na hora de tomarmos consciência do que nos espera. De ano para ano a
temperatura vai subir e cada vez mais horrores como o de Pedrógão hão-de
repetir-se. Não está em causa uma fatalidade. Está apenas em cima da mesa a
pergunta dolorosa: seremos, colectivamente, capazes de encontrar meios para
enfrentar um tão grande desafio?»
Manuel Carvalho – Público
Há muito que o homem vem contribuindo para a destruição do planeta. Ou seja caminhando para o fim da espécie.
ResponderEliminarAbraço
Credo, Elvira, não sejamos tão pessimistas... se bem que... nunca se sabe.
EliminarO Manuel Carvalho é um sabido, pouco sábio.
ResponderEliminarPor acaso saberá ele que «há áreas imensas onde o fogo pouco ou nada entra. São áreas de interesse económico claro, associada à exploração florestal, da Portucel-Soporcel e do Grupo Amorim... O que quer dizer que, se há rentabilidade económica numa dada exploração, ela não arde não (ou arde pouco). O facto, o principal facto, é que há uma riqueza nacional convertida em pouco mais que mato. E o mato despreza-se e ... arde.» E o que arde, pode matar. E mata!
Deixe lá o aquecimento global
Infelizmente tem razão, Rogério! :(
EliminarO importante são mesmo os cifrões... :(
O aquecimento global também propicia estas condições perigosas. Mas também acho que se o mato não dá lucros é negligenciado e, consequentemente, continua a ser uma ameaça...
ResponderEliminarÉ verdade. Há que ter mão dura para quem não trata das sua matas. Toda a gente deixa tudo ao abandono.
EliminarExpliquem isso, com desenhos, a uma luminária que governa os Estados Unidos.
ResponderEliminarFake news, it's all fake news.
Grande fdp!
Beijinhos
fdp é eufemismo, não é, Pedro? :(
EliminarBeijinho.
E precisamos de refletir sobre este tema!
ResponderEliminarBj
E agir...
Eliminar"O pinhal em Pedrógão ardeu como ardeu porque não há defesa natural possível a um fenómeno desta intensidade."
ResponderEliminarVerdade, verdadinha.
Essa é a verdade maior e mais cruel...
EliminarDo meu ponto de vista...
ResponderEliminarAs mutações climáticas, cujo ciclo é natural e têm muito pouco de antrópico, geram problemas que não se combatem com planos de ordenamento floretal.
O que, infelizmente, se passou em Portugal, é comum nos EUA, na Austrália e noutros lugares do globo.
O grande problema que eu vejo, e que ninguém fala, é que ninguém tem formação ou esperiência para lidar com este fenómenos.
Não vale a pena colocar o foco no ordenamento florestal, na limpeza das matas, etc. Com um fenómeno destes, matas limpas e florestas ordenadas ardem, praticamente, ao mesmo ritmo. Isso é visível no Texas ou em Alice Spring.
É necessário, urgente e indispensável informar (e formar) sobre como lidar com estas situações.
A falta de formação e coordenação é tão flagrante que, passado o momento critico (downburst), a perigosidade do incêndio manteve-se.
Já agora, diga-se a verdade: ao contrário dos que alguns "verdes" querem fazer crer, cerca de 70% dos fogos em países como os EUA são propositados, controlados e realizados na época própria - o fogo é uma forma de combater catástrofes maiores.
No meio de tanto ruído, escutei apenas um habitante de um destes lugarejos dizer algo de substancial: "è necessário que se construam lugares de refugio, pontos de encontro seguros..."