Então fiquei a saber que a Tapada de Mafra organizou para hoje de manhã uma
caça às hastes. Uma caça às hastes? perguntei-me
eu. Sim! Todas as Primaveras os veados e os gamos da Tapada perdem a sua armação,
as hastes, num processo que tem o nome de desmoque.
E serão essas hastes perdidas que os participantes terão de procurar. Parece-me
bem para celebrar de forma diferente o Dia da Terra, bem no meio de um tão belo
cenário natural.
Ora a propósito de Tapada de Mafra, lembrei-me de ir reler um ou outro
fragmento do livro «As fabulosas
histórias da Tapada de Mafra» de Cristina Carvalho, filha de Rómulo de
Carvalho/António Gedeão.
E, já que estamos a falar de veados, deixo aqui esta engraçada história que
retirei do referido livro.
«Existiu na Tapada um veado especial. Nunca teve um nome pelo qual fosse
mais fácil e imediato dar com ele. É que nem sempre os responsáveis pelas vidas
dos animais aqui na floresta lhes dão nomes. Veem-nos nascer, às vezes
alimentam-nos a biberão, os animais crescem rapidamente e criam-se laços
indestrutíveis de amor e amizade entre humanos e bichos. Numa tentativa de não
os personalizar demasiadamente, muitas vezes ficam sem nome. É sempre muito
doloroso quando morrem. Um nome é uma marca, um sinal para determinado animal,
talvez um que se tenha afeiçoado mais, talvez um mais belo, mais próximo, mais
manso. Com nome dado, a sua morte é mais difícil de suportar.
Por isso mesmo, o veado da Tapada, que nunca teve um nome mas toda a agente
o distinguia dos outros todos, era uma animal enorme! O seu corpo grande e
pesado não passava despercebido. Às vezes, um restolhar intenso ali nas moitas
próximas e já se veem as poderosas pernas e a cabeça com grandes hastes a
afastar as ervas, abrindo caminho. Todos os anos, na primavera, o veado perdia
as suas hastes ramificadas e tornava-se agressivo, investindo contra tudo e
contra todos e, como era ciumento e desconfiado, era difícil amansá-lo. Só na
presença de uma mulher, qualquer uma, é que ele acalmava, e isto ninguém nunca
conseguiu explicar!
Um dia, um dos guardas viu-se tão aflito e aterrorizado com as investidas
do grande veado que teve de trepar pelo tronco da árvore próxima, até onde
conseguiu. Ali ficou, num ramo, horas e horas a fio. O veado cá em baixo a
rondar, a rondar soprando pelas narinas, e o homem, lá no alto da árvore à
espera que por ali passasse alguém, de preferência uma mulher. Por um acaso e
sorte desse dia inquieto, a ronda da mata, aqui já perto da entrada e pelas
sete da tarde, foi feita por duas guardas florestais. Avistaram o furioso
animal rodando à volta do tronco da árvore e foi então que ouviram um
chamamento vindo do alto!
Como teria sido se elas não passassem por ali naquela hora, naquele dia?»
(Sextante Editora, Porto, 2016, pp 70-71)
Não tinha noção. Gostava de ter sabido da iniciativa.
ResponderEliminarDeve ter sido uma maravilha andar por todo aquele espaço natural.
EliminarTens razão Graça, uma excelente maneira de celebrar este dia.
ResponderEliminarUma história deveras interessante, o que seria que o animal pressentia com a presença feminina ? :)
Um beijinho e bom fim de semana
O Toque do coração
Um toque feminino tem sempre algo de atraente, Fê...
EliminarBeijinho.
Excelente, não conhecia, adorei!
ResponderEliminarBom domingo querida, um beijinho imenso.
Obrigada, Flor! Apesar de tudo, arranjas sempre um minuto para vir aqui. És uma querida.
EliminarBeijinho.
Grata pela excelente leitura...
ResponderEliminarProteger o planeta é imprescindível.
Beijinhos terrestres.
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O pior são aqueles países imensos que nem a Quioto obedecem...
EliminarBeijinhos em bom ambiente...
Fico imaginando...Ufa! O valor feminino, hein!!
ResponderEliminarAbraço.
Nem havia dúvidas, não é, Célia?!
EliminarUm veado seduzido pela elegância, ou pela ternura feminina?
ResponderEliminarBom desconhecia essa caça às hastes, como desconhecia que hoje era o dia da terra.
Ando mesmo desatualizada
Um abraço e bom fim-de-semana
Atuliza-te, filha, atualiza-te... :)))
EliminarBeijinhos atualizados...
Um homem pendente, dependente da mulher e um veado submisso à mulher?
ResponderEliminarComo se explica a situação?
Boa semana.
O poder femininos tem poderes absolutamente insondáveis...
EliminarBeijinho.
As mulheres e o seu poder (de presença) em momentos especiais|...
ResponderEliminarBfds.
Nem mais!!! E não há como negá.lo. amigo Manuel Tomaz!!
EliminarUma iniciativa interessante e uma história bem curiosa!=)bj
ResponderEliminarAinda bem que gostaste, Gracinha!
EliminarBeijinho.
Estive lá há uns anos num evento da Companhia onde trabalho a plantar árvores. Extrarodinariamente bonito !
ResponderEliminarTemos um país que é uma maravilha, Ricardo. O pior é o pessoal que cá foi posto... :)))
EliminarJanita, minha querida, sem querer apaguei o teu comentário. As minhas desculpas de info-naba.....
ResponderEliminarBeijinhos