Aos 92 anos, morreu, no passado sábado, o professor e escritor Fernando
Campos. Professor de Português no ex liceu Pedro Nunes em Lisboa, publicou o
seu primeiro romance em 1986, aos 62 anos. Foi o romance histórico A Casa do Pó que rapidamente se
transformou num enorme sucesso. Aí o professor de liceu aposentou-se a
dedicou-se à escrita a tempo inteiro.
Após edições sucessivas deste sucesso, mais de uma dezena, lançou vários
romances. Seguiram-se O Homem da Máquina
de Escrever, Psiché, A Esmeralda
Partida (sobre D. João II), que obteve o Prémio Eça de Queiroz, A Sala das Perguntas (inspirado na vida
de Damião de Góis), o livro de contos Viagem
ao Ponto de Fuga, A Ponte dos Suspiros (sobre o rei D. Sebastião) O Prisioneiro da Torre Velha (a vida de
D. Francisco Manuel de Melo), O Cavaleiro
da Águia (retrato de D. Gonçalo Mendes da Maia), O Lago Azul (sobre os descendentes do Prior do Crato), ou A Loja das Duas Esquinas. Um ano antes
de apresentar em 2011 a sua última obra, Ravengar,
o autor editou uma biografia da poeta grega Safo, intitulado A Rocha Branca.
Lembro-me que li o seu primeiro romance já numa terceira edição e que o achei
muito bom. Não me lembro da trama, mas o breve comentário inscrito na orelha do
livro que diz:
«Romance histórico nas rigorosas reconstituições factuais e locais, no
recorte de muitas das figuras que atravessam a cena, ficção na intriga e no
delineamento de personagens inteiramente criadas ou apenas recriadas, «A Casa
do Pó» tem como pano de fundo um drama ocorrido em Portugal no século XVI
protagonizado por membros da mais alta nobreza das cortes de D. Manuel I e D.
João III. Drama envolto em mistério, teve o condão de apaixonar a opinião
pública da época e inflamar a pena de escritores coevos ou posteriores. «A Casa
do Pó» lança sobre os factos uma curiosa hipótese que, não podendo ser mais do
que isso à míngua de documentos, é verosímil, hábil e logicamente tecida. A ação
estende-se por Portugal, Espanha e toda a bacia mediterrânica dominada por Venezianos
e Turcos, até à Palestina e nela se sucedem episódios cheios de lirismo, de
crueldade e de aventura. Um humor delicado e uma boa dose de «suspense» à
maneira dos bons policiais são outras marcas do texto. Mas o autor, ele mesmo o
escreve em nota final, não pretendeu apenas fazer uma mera «incursão pelo
chamado romance histórico. O que aí está são velhos problemas da humanidade
que, vindos de há séculos, ainda hoje persistem nos mesmos cenários e saltam
para outros mais alargados e vastos.»
Um livro a ler ou a reler.
Diz quem conhecia o seu processo de criação que Fernando Campos era
exaustivo na investigação, sempre preocupado em não falhar os pormenores
históricos que caracterizavam o cenário principal da sua obra.
(Ler mais aqui)
"A Casa do Pó" li em tempos que já lá vão e apreciei, mas depois não acompanhei a restante produção do escritor. O tempo, infelizmente, não dá para tudo. Verdade até para quem como Fernando Campos andou por cá quase um século. Seja como for, que "a terra lhe seja leve".
ResponderEliminarFoi o que aconteceu comigo. Ainda li «O Homem da Máquina de Escrever» mas não gostei tanto.
EliminarNão conheço nenhuma obra. De qualquer forma é sempre uma perda.
ResponderEliminarClaro! Se bem que já tivesse uma idade bem avançada e tivesse escrito tantos livros de verdadeira literatura.
EliminarNão conhecia mas deve ser interessante conhecer a sua obra!!!bj
ResponderEliminarParece-me que sim , Gracinha.
EliminarBeijinho.
Um escritor de que nunca li nada. E parece que valia a pena ter lido.
ResponderEliminarUm abraço
É muito pouco conhecido. Nada popular, Elvira.
EliminarBeijinho.
Já tinha lido a noticia num jornal português e fiquei imediatamente com curiosidade de ler algo da sua obra.
ResponderEliminarA Casa do Pó é, de facto, muito bom!
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