À procura da receita do folar transmontano que a minha mãe fazia por esta
altura (que vinha numa «Lusitas» (alguém sabe o que é?... Não tenham
preconceitos!) de 1953, encontrei estes versinhos para a infância da autoria da
escritora infantojuvenil (como se diz agora) Maria Isabel Mendonça Soares.
Vejam só a doçura! (Atenção à data em
que foram escritos!)
A Páscoa de Pascoínha e Pascoela
Pascoínha
e Pascoela
Duas
lindas borboletas
Andavam
pelo jardim
Às
voltas, às piruetas.
Bailava
em redor dos goivos
A
Menina Pascoínha
Muito
gentil, muito leve,
E toda
ela branquinha.
Mais
desenvolta e arisca
A
menina Pascoela
Gostava
de andar ao sol
Luzindo
a cor amarela.
Certa
manhã, Pascoínha
E a
amiga Pascoela
Ouviram
tocar os sinos
Uma
canção muito bela
- «Manhã
de Páscoa!» - diziam
-
«Manhã de Ressurreição!»
E outros
sinos respondiam:
Dlim,
dlim, dlim! Dlim, dlim! Dlim, dlão!
Uma menina
risonha
Passou
muito carregada
E foi
bater numa porta
Já velha
e desconjuntada.
Curiosas
como são
Pascoínha
e Pascoela
Assim que
a menina entrou
Entraram
logo atrás dela.
|
-
«Páscoa feliz, avozinha!»
(disse
a menina risonha,
A uma
velhinha que estava
Sentada
ao canto tristonho)
-
«Trago-lhe um bolo… um casaco …
E umas
luvinhas de lã;
Mesmo
sendo Primavera
Inda
faz frio de manhã.»
Isto
dizia a menina
Arrumando-lhe
as gavetas
Enquanto
de roda dela
Voavam
as borboletas.
Até
que estas descobriram
Sobre
a cómoda pesada
Uma
jarrinha de vidro
Bonitinha,
mas quebrada.
Então as
duas amigas
Pascoínha
e Pascoela
Foram pousar
de mansinho
Mesmo no
rebordo dela.
E decerto
não houvera
Em nenhuma
Primavera
Uma flor
igual àquela!
Para a
jarrinha enfeitar
Desistiram
de brincar
Pascoínha
e Pascoela.
|
Curiosamente, a autora destes versinhos morreu em Lisboa no passado mês de
Janeiro, aos 95 anos de idade. Começou a escrever nos anos 40. Fundou as
Bibliotecas Infantis "A Descoberta", da Associação de Pedagogia
Infantil, e dedicou-se durante várias décadas à formação de educadores de
infância e ao ensino de Literatura para a Infância e Cultura Portuguesa.
Que bonito!
ResponderEliminarAdorei as simplicidade e sensibilidade.
Feliz Páscoa, bjs
Boa Páscoa, papoila!!
EliminarSão de uma ternura...beijinhos e boa Páscoa!
ResponderEliminarTambém acho, Maria. Boa Páscoa!
EliminarMuito ternurento o poema. Uma boa Páscoa.
ResponderEliminarUma história do antigamente, mas escrita de uma forma tão fofa!
EliminarBoa Páscoa, Benó!
Quando se é criança muito tempo
ResponderEliminarenvelhece-se muito tarde
95? É obra!
É mesmo isso, Rogério! Quando se é criança muito tempo envelhece-se muito tarde - bonito pensamento!
EliminarUma ternura!
ResponderEliminarPáscoa Feliz, Graça
Boa Páscoa, Carlos!
EliminarVotos de uma Santa Páscoa para si e família, Graça.
ResponderEliminarBeijinhos
Boa Páscoa para todos vós aí tão longe, Pedro.
EliminarBeijinho.
Ainda bem que desencatou tal preciosidade!!!
ResponderEliminarSanta Páscoa! Bj
Boa Páscoa, Gracinha.
EliminarA nostalgia anda no ar. Depois de ler as memórias da Páscoa do Carlos é da papoila, leio aqui sobre o folar transmontano que a minha avó materna fazia a primor.
ResponderEliminarUma POESIA doce de uma poetisa que eu desconhecia. A minha Páscoa vai do tipo: dlim, dlim, dlim. Dlim, dlim, dlão.
Desejo-te uma Páscoa santa, tranquila e feliz na companhia dos teus ente-queridos.
Obrigada, ematejoca! Uma Páscoa cheia de dlim,dlim, dlim, dlom para toda a família.
EliminarLusita, uma revista dos anos 40 e 50 do séc. XX, histórias, ilustrações, curiosidades !
ResponderEliminarRealmente uma doçura e ternura de poema ! :))
Beijinhos, Graça e uma Boa Páscoa :))
Como somos velhotes, Rui!!! Só nós é que conhecemos a revista infantil Lusita!!! Eu recebia-a mensalmente e adorava - apesar de ser da Mocidade Portuguesa.
EliminarBoa Páscoa para vós. Beijinho.
Qu3 coisa mais festiva! E vintage
ResponderEliminarKis :=}
Vintage, vintage é a publicação de hoje, AvoGi!!!
EliminarBeijinho.
Mesmo ao sabor da época. Fez-me voltar aos tempos de infância.
ResponderEliminarBFS.