quinta-feira, 16 de março de 2017

Ronda Poética

Fui hoje agradavelmente surpreendida na minha livraria de eleição aqui em Leiria com a oferta de 30% e até mais de desconto em todos os livros de poesia. Conheço bem as jovens que lá trabalham e disse por graça: «Vocês estão a saldar a poesia?» É por causa da Ronda Poética, disse uma delas rindo-se cúmplice, e do Dia da Poesia.

Já tinha visto na montra o anúncio do evento e o respetivo programa que me tinha agradado bastante, mas nem me lembrei da proximidade do Dia da Poesia. (Estou a ficar velha ou estou já muito afastada da escola para não me lembrar de um dia tão bonito que associa a Primavera à Árvore e à Floresta e tudo isso à Poesia?)

Pensara antes que, por fim, Leiria começava a pensar em ter o seu “eventozinho” literário… 

Lembrei-me daquela ideia peregrina da atual administração da Câmara Municipal de fazer a cidade concorrer a Cidade Europeia da Cultura lá para dois mil e vinte e tal e sorri cá para mim. Sou daquelas que acha que Leiria não tem tradição cultural (ai que os leirienses que por aqui passarem vão cair-me em cima!!) e os eventos que têm sido promovidos ultimamente, embora sejam “melhor que nada”, não são nada. Nem lembrar é bom da triste “Leiria, Cidade Natal” no passado Dezembro que se limitou a exibir uma solitária pista de gelo para as criancinhas, uma dita Aldeia de Natal que os meninos das escolas são quase obrigados a visitar e uma lúgubre Venda de Natal que se limitou a um cone de plástico transparente onde se apinhavam umas senhoras com um ar bem contrariado que tentavam vender uns artefactos deploráveis e uns livros para ajuda de lares de crianças desfavorecidas.

Tornar uma cidade em capital da cultura implica ter tradição cultural histórica, profundidade sociocultural, uma população decididamente sensível, interessada e conhecedora das artes, profissionais destas coisas da cultura de nome e de fibra. Não chegam, nem por sombras, as repetitivas feiras tradicionais, os ranchos folclóricos, os torneios desportivos e a passagem da volta a Portugal em bicicleta.

Por isso, saudei a iniciativa da Ronda Poética que também tem a participação da “minha” livraria na organização e assim, deixei cair junto das meninas que lá trabalham e da dona: «Até que enfim que Leiria vai ter o seu eventozinho literário! Quase não há cidade e até vila que não os tenha já»…

Então a Ronda Poética é uma organização conjunta da Câmara Municipal, da Livraria Arquivo e do Jornal de Leiria e terá início amanhã, dia 17, ao fim da tarde na Livraria e prolongar-se-á até ao dia 22, a próxima 4ª feira terminando com uma Maratona Poética do Estabelecimento Prisional de Leiria. Entretanto haverá ações de rua, exposições, debates, apresentação de livros, teatro, música e dança.

Sucesso é o que se deseja. 




22 comentários:

  1. Tb vos desejo muito sucesso! Atividades culturais deveriam existir em todas as cidades, vilas e aldeias!! : )) Que bom seria...

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  2. Ó Graça, agora a sério
    30% de desconto
    é evento
    ou salva do comércio livreiro

    não sou leiriense, mais caio-lhe em cima
    (de sua sorte, não sou pançudo
    nem peso muito)

    e isto porque
    a história de D. Afonso III
    merecia
    que se fosse
    às "Cortes de Leiria"

    Que a Igreja, não gostasse do Rei
    Que o clero o abominasse
    e que os historiadores
    de Salazar não lhe dêem particular realce,
    eu entendo...
    Afonso III até foi excomungado...
    Mas... que pensariam os Leirienses do que diz a wikipedia

    «...O clero havia aprovado um libelo contendo quarenta e três queixas contra o monarca, entre as quais se achavam o impedimento aos bispos de cobrarem os dízimos, utilização dos fundos destinados à construção dos templos, obrigação dos clérigos a trabalhar nas obras das muralhas das vilas, prisão e execução de clérigos sem autorização dos bispos, ameaças de morte ao arcebispo e aos bispos e, ainda, a nomeação de judeus para cargos de grande importância. A agravar ainda mais as coisas, este rei favoreceu monetariamente ordens religiosas mendicantes, como franciscanos e dominicanos, sendo acusado pelo clero de apoiar espiritualidades estrangeiradas. O grande conflito com o clero também se deve ao facto do rei ter legislado no sentido de equilibrar o poder municipal em prejuízo do poder do clero e da nobreza.

    O rei, que era muito querido pelos portugueses por decisões como a da abolição da anúduva (imposto do trabalho braçal gratuito, que obrigava as gentes a trabalhar na construção e reparação de castelos e palácios, muros, fossos e outras obras militares), recebeu apoio das cortes de Santarém em Janeiro de 1274, onde foi nomeada uma comissão para fazer um inquérito às acusações que os bispos faziam ao rei. A comissão, composta maioritariamente por adeptos do rei, absolveu-o. O Papa Gregório X, porém, não aceitou a resolução tomada nas cortes de Santarém e mandou que se excomungasse o rei e fosse lançado interdito sobre o reino em 1277.»

    Há que ir às origens, e depois à livraria



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    1. Realmente o Bolonhês
      que foi um bom português,
      veio em favor do povo
      o que à época era algo novo
      ganhando a birra e o ódio
      dos que estavam habituados ao pódio...

      Ai, ai este Rogerito
      que anda tão erudito!!!

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    1. Assim espero, sinceramente, Pedro. Obrigada.

      Bom fim de semana.

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  4. Desejo-lhe sucesso.
    No dia 23, próxima quinta-feira, andarei por Leiria. Gostaria imenso de lhe poder dar um abraço, mas infelizmente o programa é apertado. De manhã temos a rota do Crime do padre Amaro, de tarde visita ao castelo e ao MIMO.
    De modo que ainda não será desta que lhe posso dar o prometido abraço.
    Fiquemos então pelo habitual abraço virtual

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    1. Como gostava de a conhecer ao vivo, Elvira!! Vou ver se consigo encontrá-la que a cidade é alegremente pequena!

      Beijinhos

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  5. É verdade, mas por algum lado terá de se começar.
    A ideia da Capital até nem é descabida, para que se trabalhe para ela com tempo. E é necessário investir muito quer a nível humano quer nas estruturas. Ora, a Câmara, que tem vindo a fazer mexer as coisas nestes últimos anos, parece não dispôr de verbas para tal empresa.
    Quanto à poesia... Vou ver se arranjo disposição para ir a algum lado. Passei na fnac e vi uns descontos. Como tenho andado fora da graça de Deus, não associei o desconto a qualquer programação. A oferta de desconto pareceu-me reduzida a poucas obras. O livro que comprei não teve desconto.
    Bj.

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    1. Toca de ir à Arquivo nestes dias e terá poesia nossa da boa com 30% de desconto...
      E toca de se voltar a estar na graça de Deus...

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  6. Se calhar a organização de um evento como a capital da cultura seria uma forma de "obrigar" (num bom sentido) ao fomento de atividades culturais. Mesmo à falta de tradição, sempre se pode apostar em criação.

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    1. Não digo que não, mas não vejo a gente desta cidade com fibra para tal. Uma pena, porque a cidade até merece...

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  7. Tu, Graça, que aí vives, é que sabes, mas eu acho, por aquilo que nos tens mostrado acerca de eventos culturais, que o Município de Leiria se tem esforçado nesse sentido.
    O vídeo mostra uma cidade linda.
    Não haverá aí, no teu íntimo, uns resquícios de má-vontade? Não te zangues, estou a brincar! :):)
    Que a Ronda Poética seja um verdadeiro sucesso, é o que desejo!

    Beijinhos.

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    1. Têm-se esforçado, sim senhor, e bastante. Mas é pouco e fica quase tudo muito aquém, que queres que te diga? A cidade é linda e amorosa e tem sido bem cuidada de há uns anos para cá, mas há ainda muito para ser pensado e imaginado. Há etapas que têm de ser queimadas, não se pode passar em vão por cima delas.
      Espero sinceramente que a Ronda Poética corra muito bem.

      Obrigada, Janita, pela tua sinceridade. Beijinhos.

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  8. Tarefa nada fácil... Sucesso e muito boa vontade!
    Abraço.

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    1. Vai correr bem! Está tudo bem encaminhado.
      Obrigada, Célia.

      Beijinhos poéticos..

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  9. por vezes o que importa é começar...
    assim seja!

    beijo

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  10. Cara parceira de ofício Graça Sampaio.
    Infelizmente - na visita de médico que fiz a Leiria - não tive a prerrogativa de conhecer esta livraria.
    Caloroso abraço. Saudações leitoras.
    Até breve...
    João Paulo de Oliveira
    Um ser vivente em busca do conhecimento e do bem viver, sem véus, sem ranços, com muita imaginação, autenticidade e gozo.

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    1. Obrigada, Professor, pela sua visita e pelas suas palavras.

      Beijinhos lusos...

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  11. Penso que é sucesso garantido... estes eventos normalmente
    contam com a participação de professores e profissionais
    ligados à cultura.
    Beijinhos poéticos.
    ~~~~~~~~~~~~~~

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