Rómulo de Carvalho, cientista, professor de Ciências Físico-Químicas, escritor e historiador, nasceu em Lisboa no dia 24 de Novembro de 1906 - há exatamente 110 anos.
Mais conhecido como António Gedeão, pseudónimo sob o qual escreveu centenas de belíssimos poemas em muitos dos quais mistura a ciência com a leveza da poesia.
Veja-se.
Tempo de Poesia
Todo o tempo é de poesia
Desde a névoa da manhã
à névoa do outro dia.
Desde a quentura do ventre
à frigidez da agonia
Todo o tempo é de poesia
Entre bombas que deflagram.
Corolas que se desdobram.
Corpos que em sangue soçobram.
Vidas que a amar se consagram.
Sob a cúpula sombria
das mãos que pedem vingança.
Sob o arco da aliança
da celeste alegoria.
Todo o tempo é de poesia.
Desde a arrumação ao caos
à confusão da harmonia.
(fotografias retiradas da página do facebook de Cristina Carvalho, filha de Rómulo de Carvalho, e também escritora, ela própria)
Um grande senhor das Letras e das Ciências, porém, um homem de trato fácil e um grande Professor. Tenho um amigo que foi seu aluno.
ResponderEliminarGosto muito deste belo poema e tenho-o na minha lista dos poemas a publicar.
Um beijinho e uma boa noite Graça.
O homem que para além do conhecimento científico sabia da química da palavra.
ResponderEliminarDeixou-nos uma meritória obra poética. Arrisco dizer que todos portugueses o conhecem da "Pedra Filosofal".
Foi bom recordá-lo, Graça.
Bj.
Um dos maiores, entre os maiores
ResponderEliminarSimplesmente belo.
ResponderEliminarBeijinhos, bfds
Sempre que penso em António Gedeão, vem-me à memória este poema:
ResponderEliminarhttps://youtu.be/wyRNw6iD9kw
E a poesia faz de qualquer tempo um tempo melhor.
ResponderEliminarUm abraço e bom fim de semana
Desde os meus tempos de estudante que gosto de António Gedeão e quando tinha uma boa voz, cantava alto e bom som...eles não sabem que o sonho...
ResponderEliminarBom fim de semana
Beijinhos Graça
Gosto muito dele e da sua obra.
ResponderEliminar~~~ Beijinhos poéticos ~~~
"Eles não sabem que o sonho..." fica gravado nas nossas memórias.
ResponderEliminarBjs
Amiga Graça,
ResponderEliminarAntónio Gedeão é um dos meus poetas preferidos, pela humanidade, sensibilidade e beleza da sua poesia .
Eles não sabem que o sonho
é uma constante da vida
tão concreta e definida
como outra coisa qualquer,
Um beijinho e bom fim de semana
Parece-me, meus amigos, que toda a gente gosta do poeta Gedeão.
ResponderEliminarO meu poema preferido é «Fala do Homem Nascido». Um espanto de força e de vida!
«Venho da terra assombrada,
do ventre de minha mãe;
não pretendo roubar nada
nem fazer mal a ninguém.
Só quero o que me é devido
por me trazerem aqui,
que eu nem sequer fui ouvido
no acto de que nasci.
Trago boca para comer
e olhos para desejar.
Com licença, quero passar,
tenho pressa de viver.
Com licença! Com licença!
Que a vida é água a correr.
Venho do fundo do tempo;
não tenho tempo a perder.
Minha barca aparelhada
solta o pano rumo ao norte;
meu desejo é passaporte
para a fronteira fechada.
Não há ventos que não prestem
nem marés que não convenham,
nem forças que me molestem,
correntes que me detenham.
Quero eu e a Natureza,
que a Natureza sou eu,
e as forças da Natureza
nunca ninguém as venceu.
Com licença! Com licença!
Que a barca se fez ao mar.
Não há poder que me vença.
Mesmo morto hei-de passar.
Com licença! Com licença!
Com rumo à estrela polar.»
António Gedeão, in 'Teatro do Mundo'