Sempre que foi preciso facilmente
encontrei camisolas – agora chamadas básicas – de golinha alta para os miúdos
usarem por baixo das camisas, das camisolas – agora chamadas sweats – ou dos casacos, para irem mais
aconchegados para a escola.
Este outono, já corri todas as
lojas desde as franchising tipo Zara,
Benneton, Tiffosi, Mo, etc. e tal, até
às do chamado comércio tradicional onde as respetivas empregadas – agora diz-se
colaboradoras – põem os olhos em alvo, como se não soubessem do que falo e
dizem «Não temos.»; «Este ano, não se usam.»; «Sabe: fazem muito calor aos miúdos
e eles constipam-se…»
Quer queiramos, quer não, temos
de vestir aquilo que os ditos prontos-a-vestir mandam e, mesmo que desejemos
manter o nosso estilo, os nossos gostos, as nossas formas de conforto,
dificilmente o conseguimos porque as roupas e os chamados assessórios são
exatamente iguais em tudo quanto é loja.
Eu que, por gosto próprio,
raramente uso calças, andei, nos últimos cinco ou dez anos, a fazer figura de
parva a perguntar por saias aí pelas lojas e a ver o ar de pena ou
condescendência ou sei lá de quê das empregadas, que agora se chamam
colaboradoras, para cima de mim como se eu fosse uma extraterrestre ou
perguntasse por uma peça do século XIII. Saias! Que disparate! Agora saias!...
Eu cá gosto da moda e das modas,
mas, por favor, dêem-me algum espaço de liberdade! Gosto especialmente de fazer
a minha vontade e de me sentir confortável com o que visto. Não sou, nem pouco
mais ou menos, escrava da moda.
Tive um colega na Faculdade, nos
idos de 60, a quem chamávamos «o pusilânime» porque aplicava essa palavra a
tudo e a todos – que dizia que em Letras os rapazes teriam mais saída junto dos
professores porque eram poucos, enquanto as raparigas eram muitas e eram todas
iguais: os mesmos penteados, as mesmas roupas, o mesmo estilo. Teria alguma
razão. Imagino o que ele pensará hoje com as lojas a exibirem tudo igual –
cores, cortes, modelos, padrões – e sem o hábito que se perdeu de ter uma
costureira, uma modista de confiança que nos talhe e costure modelos a nosso
gosto.
A propósito, já leram o livro «O Tempo entre Costuras» da espanhola Maria
Dueñas? É interessante: passa-se no tempo da Guerra Civil de Espanha, mas lê-se
muito bem e sem grandes exigências literárias. Não sou grande admiradora de best-sellers, mas gostei de ler este.
Fiquei com curiosidade:
ResponderEliminarPosso saber por que razão não és admiradora de bestsellers?
Nós temos muito o hábito de usar calças praticamente o ano inteiro. Se vivesses aqui habituar-te-ias... principalmente ao longo do longo outono-inverno-primavera fria. : )))
Usei calças muitos anos (sempre alternadamente com saias e vestidos, claro) quando ainda pouca gente as usava... Só para provocar...
EliminarQuanto aos bestsellers, e sem querer parecer «conceited» (...) acho-os muito artificiais, a viver muito à base dos diálogos e com pouca qualidade literária. Por isso, a ler, prefiro ler obras literárias, se possível, portuguesas para evitar as traduções, para fruir o prazer da boa língua e da fina narrativa e do bom talhe das personagens...
(Uma excelente tradução é a de Ulisses, que ainda não acabei de ler. Vai aos poucos porque aquilo é DENSO...)
Beijinhos literários...
Nem todos os bestsellers têm pouca qualidade literária, Graça!!!! Agora surpreendeste-me a sério! Dei uma olhadela rápida pelo vários cantos da minha casa (prateleiras) e vi livros extraordinários como Guerra e Paz de Tolstoy! O Alquimista de Paulo Coelho, O Nome da Rosa de Eco; E “1984” de George Orwell? E “The Catcher in The Rye” de J.D. Salinger – o primeiro livro que li para uma classe de Literatura, dois meses após ter chegado ao Canadá. Guardo-o com muito amor e carinho! Ah! e The Little Prince!! : )))
EliminarE só mais uma coisinha... : ))).... ao lermos apenas autores portugueses, estamo-nos a limitar e muito... : )))
Bjos
Há subliminar desprezo pelas meninas das lojas
ResponderEliminarmal formadas, desconchavadas, precárias
alheias a sensibilidades passadas
trituradas pelas modas
Ah, pois claro a liberdade...
Oh, coitadas, mal pagas e maltratadas
Eliminartenho por elas a maior consideração
com estudos e até licenciadas
outros empregos? É que não os há, não!
Tem toda razão, Graça, mas ainda há por aí quem vá à modista ou, para ser mais moderno, estilista.
ResponderEliminarAs multinacionais pretendem a uniformização dos trapinhos, seja na Sibéria, Portugal ou Colômbia.
Bom fim de semana, apesar da borrasca que aí vem.
Diz muito bem: tudo igual seja na Sibéria, Portugal ou Colômbia... a padronização!
EliminarBeijinhos à chuva...
Não sei se o livro "O Tempo Entre Costuras" trata de roupas. Mas é com roupas e modas que o galego, dono da Zara, Amancio Ortega se tornou o homem mais rico do mundo. Neste mundo da moda, em que nalguns casos fazem buracos nas calças para depois as venderem, porque é moda!...
ResponderEliminarE vivam as modas, amigo Manuel Tomaz!!E viva a Inditex!!
EliminarQuerida Gracinhamiga
ResponderEliminarNunca usei saias - ponto. Nem sou escocês - ponto. Usei calções (e uso) e calças. Mas no meu (nosso) tempo era proibido às raparigas irem de calças para a Faculdade...
=================== ATENÇÃO!!!!!!!!! ==================
NA NOSSA TRAVESSA
UM FUNERAL Á MANEIRA
Publico hoje mais um artigo – o quarto – da SAGA DA ALZIRA com o título acima. Convido todas/os à sua leitura e comentários. Obrigado.
Agradeço igualmente a divulgação desta informação.
Henrique, o Leãozão
Nem no meu! Para o liceu bata e meias; para a Faculdade sempre de saias... Os anos 60 de Salazar não eram os mesmos dos Beatles...
EliminarO pior é que nem sempre os manequins propostos pelas esquálidas modelos... nunca se encaixam em nosso esqueleto! Haja paciência... Moda é aquilo que nos é confortável. E, não produção em série...
ResponderEliminarAbraço.
Concordo, Célia! As modelos são umas cargas-de-ossos, pálidas e escanzeladas; outras são umas Barbies...
EliminarHaja paciência...
Tens razão é impossível encontrar roupa que não se esteja a usar!
ResponderEliminarNão li o livro mas vi a série que passou na sic caras no inverno passado. Adorei.
bjs
O livro é bom de ler. É giro.
EliminarDeve ser mas agora que via série ...já não é mesma coisa pois a imaginação fica de fora.
EliminarA série além de interessante tinha bons actores e as roupas eram magnificas, pelo menos para mim que adoro as ropas dessa época. bjs
Não li o livro, mas a a série na Tv há uns 3 anos !
ResponderEliminarO trailer legendado :
https://www.youtube.com/watch?v=sESdIuFp5qg
Completo :
https://www.youtube.com/watch?v=nXYHnqGsACI&index=1&list=PL7XSYW2OfITfXhJl3t17MoesYyoA7RfrH
Dá para um Domingo com chuva, Graça ! ... Eu gostei muito.
Abraço
Não vi a série, curiosamente. Deve ter sido gira. Tenho de me abalançar...
EliminarBeijinhos com chuva...
Uma ótima introdução à apresentação do livro!
ResponderEliminarNada de sujeições! Quase sempre é possível encontrar peças que satisfazem o nosso gosto...
O livro passa-se na «Belle Époque» em que a «Haute Couture» era muito dignificada...
Foram anos muito turbulentos e difíceis, fiquei com vontade de ler.
~~~ Beijinhos vestidos com estilo, mas confortáveis ~~~
Sim, e tem como pano de fundo a Guerra Civil de Espanha e o início do nazismo, mas posta de forma «light»...
EliminarBeijinhos à la mode...
Aqui no Porto, na Costa Cabral já pelo menos uma loja com camisolas antigas de fábricas que já fecharam...
ResponderEliminarAinda não li o livro, mas vi partes da série que fizeram com base nele.
O problema é que as nossas fábricas de têxteis ou já fecharam ou estão nas últimas mercê das Inditex(es) e dos chineses...
EliminarLevo a sugestão de leitura e uma camisola básica? Bj
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