A
chuva cai. O ar fica mole...
Indistinto... ambarino... gris...
E no monótono matiz
Da névoa enovelada bole
A folhagem como o bailar.
Torvelinhai, torrentes do ar!
Cantai, ó bátega chorosa,
As velhas árias funerais.
Minh'alma sofre e sonha e goza
À cantilena dos beirais.
Meu coração está sedento
De tão ardido pelo pranto.
Dai um brando acompanhamento
À canção do meu desencanto.
Volúpia dos abandonados...
Dos sós... - ouvir a água escorrer,
Lavando o tédio dos telhados
Que se sentem envelhecer...
Ó caro ruído embalador,
Terno como a canção das amas!
Canta as baladas que mais amas,
Para embalar a minha dor!
A chuva cai. A chuva aumenta.
Cai, benfazeja, a bom cair!
Contenta as árvores! Contenta
As sementes que vão abrir!
Eu te bendigo, água que inundas!
Ó água amiga das raízes,
Que na mudez das terras fundas
Às vezes são tão infelizes!
E eu te amo! Quer quando fustigas
Ao sopro mau dos vendavais
As grandes árvores antigas,
Quer quando mansamente cais.
É que na tua voz selvagem,
Voz de cortante, álgida mágoa,
Aprendi na cidade a ouvir
Como um eco que vem na aragem
A estrugir, rugir e mugir,
O lamento das quedas-d'água!
(Manuel Bandeira)
Ela cai aqui neste preciso momento. Cai rija e bate forte nas janelas.
ResponderEliminar:)
A chuva fez-se
ResponderEliminarpara as flores
e para as couves
ela cai
ouves?
De facto muito a propósito este do Manuel Bandeira.
ResponderEliminarChove que Deus a dá ou it's raining cats and dogs.
Vamos precisar de chapéu e agasalhos está semana...
Que o céu nos dê umas "escairadelas" para os afazeres diários, Graça.
A chuva faz muita falta, mas não podia chover só entre as 11 da noite e as 6 da manhã?
ResponderEliminarGosto muito dos poemas de Manuel Bandeira. O brasileiro que deixou uma vasta e bela obra.
ResponderEliminarEsta chuva incessante alaga os campos e estraga mais do que beneficia. Tomara que amanhã de manhã venha sol...
Reconheci essa bonita imagem das folhas soltas ao vento, já a publiquei, mas com um poema de António Gedeão. Ora vê lá se gostas ou não!! :)
http://francis-janita.blogspot.pt/2013/02/e-dessas-que-eu-sou.html
Beijinhos, Graça e boa semana, com pouca chuva! :)
Gostei do poema, não gosto de chuva.
ResponderEliminarBeijinhos, boa semana
Gostei imenso do poema, da chuva gosto quando estou em casa no quentinho e a ouvi-la cair.
ResponderEliminarBoa semana
Beijinhos Graça
Amiga Graça que belo momento de poesia nos ofereces.
ResponderEliminarGosto muito dos poemas de Manuel Bandeira, têm uma sensibilidade romântica mas também alguma tristeza, aliada ao desencanto e à melancolia tal como a chuva muitas vezes.
Um beijinho e boa semana
Ler o Manuel Bandeira é sempre um gosto enorme. Foi bom encontrá-lo aqui, Graça.
ResponderEliminarUma boa semana.
Beijos.
Não conhecia e gostei muito. Obrigada pela partilha aqui.
ResponderEliminarum beijinho e uma boa semana
Gábi
Vou-me embora para Pasárdaga...
ResponderEliminarDeve ser um paraíso tropical...
~~~ Beijinhos friorentos ~~~
Vou-me embora pra Pasárgada
EliminarLá sou amigo do rei
Lá tenho a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada
(...)
Boa referência, Majo!!
Beijinhos aquecidos pelo calor do poema...
Enquanto a chuva cai, nada mais agradável do que vê-la através da vidraça, embaciar o vidro com o nosso bafo quente e desenhar corações. Gosto.
ResponderEliminarDá cá uma sensação de conforto!!! Também gosto.
EliminarAinda bem que gostara, queridos amigos. Gosto muito da poesia de Manuel Bandeira.
ResponderEliminarNem o poema do excelente Manuel Bandeira me faz gostar de chuva...
ResponderEliminarBeijinhos soalheiros, Gracinha
Por fim também chegou até aqui e molhou mesmo, estava tudo tão seco!
ResponderEliminarNão o conhecia e gostei muito. Vou levá-lo à aula de cultura portuguesa, quero que o conheçam, e mais agora que choveu.
Abraços de vida, querida amiga
Belíssima escolha! Bj
ResponderEliminarBelíssima escolha! Bj
ResponderEliminar