«Sabe-se que naquele dia, um
sábado, algures entre as 9 e meia e as 10 da manhã, “começou o território de
Lisboa a tremer de sorte que dentro de pouco tempo se sentiu abalar a terra de
vários modos. […] No princípio foi mais brando o abalo. Mas pouco depois
crescendo cada vez mais o tremor, começaram primeiramente a estalar os forros e
sobrados, logo a despegarem-se os rebocos, depois a abaterem-se com grande
estampido as abóbodas, caindo ou abrindo-se por último as mesmas paredes e
torres.” Assim principia o padre Pereira de Figueiredo a sua descrição da catástrofe,
para depois continuar: “alguns sete minutos durou o tremor de terra, o mais
formidável que jamais viram os Portugueses. A este se seguiram outros quatro,
mais pequenos na duração, mas iguais na força […] ao primeiro tremor de terra
se seguiu imediatamente no mar uma extraordinária alteração e crescimento das
águas […] e em Lisboa saindo dos seus limites, e entrando pela terra dentro
mais de cinquenta estádios, romperam as ondas algumas pontes, desfizeram muros,
e arrojaram à praia madeiras de demarcada grandeza.” A destruição não ficou por
aí: “mas ainda se não dava por satisfeita com estes castigos a ira de Deus que
no mesmo dia afligiu com outro novo, e muito sensível golpe a infeliz Lisboa. Foi
esse grandíssimo incêndio, que de repente se ateou em vários sítios da Cidade […]
e como o susto tinha afugentado de tal sorte a gente, que atónitos e
espavoridos andavam quase todos dispersos pelos campos, puderam as chamas
discorrer livremente por várias partes, e consumir em quatro dias as riquezas
de uma cidade, que era o Empório de toda a Europa.” Eis, de forma concisa, o
que se passou naquele dia. […]
Os efeitos sobre o património edificado
foram devastadores, afirmando-se pouco depois da ocorrência que mais de dois
terços da cidade se encontravam inabitáveis. A esmagadora maioria das cerca de
quatro dezenas de igrejas paroquiais ficou destruída ou em risco de ruína. Todos
os hospitais soçobraram. Destruídos ficaram a maioria dos edifícios da
administração central e das alfândegas, tal como o Paço Real da Ribeira e, com
ele, as edificações mais emblemáticas de D. João V e de D. José na cidade: a
Igreja Patriarcal e a Ópera do Tejo, respetivamente. […] Por fim, terão sido
destruídos a maioria dos stocks de
mercadores existentes nas alfândegas, nos armazéns e nos próprios navios, com
notórios efeitos em todo o comércio internacional da época.»
(in «D. José Na Sombra de Pombal», de Nuno Gonçalo Monteiro, Círculo de
Leitores, 2006, pp. 81-82)
O terramoto foi tão forte que várias cidades junto ao mar ficaram quase totalmente destruídas. Em Lagos por exemplo, foi tão grande a destruição que a nova cidade foi construída sobre os escombros, tendo ficado mais ou menos um metro acima da anterior.
ResponderEliminarUm abraço
Bem sei, Elvira. Gosto muito de Lagos: passei lá algumas férias de Verão e aprendi muitas coisas sobre a cidade.
EliminarBeijinho.
- Oeiras forneceu a pedra para a reedificação
ResponderEliminar- O Marquês ficou na história também pela reconstrução "pombalina"
- E a baixa, à época, era um inferno
Oeiras é aquela terra!!
EliminarO meu concelho....
Um terrível acontecimento que alguns temem que se repita!!!
ResponderEliminarBj
Tem-se repetido de 200 em 200 anos, mais ou menos... Que medo!!!
EliminarGraça, por acaso foi há poucos dias que me apercebi que o terramoto foi a 1 de Novembro.
ResponderEliminarBeijo
Há que ler o romance do Miguel Real sobre o terramoto - Vozes da Terra. Muito bom!
EliminarGraça, a rtp3 deu ontem um documentário excelente, não sei se viste.
ResponderEliminarPara mim isto é um terror tão grande que me custa ver/ler!
bjs
Tenho muito medo. Nem quero que me lembrem do tremor de terra de 1969, morava eu em Sintra. Pavoroso!
EliminarVivo sempre assustada com o que possa acontecer
ResponderEliminarem Lisboa e do muito que tenho lido sobre o assunto,
chego sempre a uma conclusão: Lisboa não está preparada
para um terramoto.E também a nível de assistência na calamidade teríamos muitas deficiências.
Que "algo acima de tudo" nos possa valer, é a única
esperança que posso acalentar. Eu vivo numa zona de
perigo.A 30 e poucos kilómetros de Lisboa.
Um bj.
Irene Alves
E para que estamos nós preparados, Irene?! Além de que, numa situação dessas, a preparação deve ser muito relativa...
EliminarEnfim, não pensemos nisso...
Beijinhos
Assustador.
ResponderEliminarQue se salve quem puder e que a desgraça nunca seja desse tamanho
Assustador, mesmo! O que se tem visto nas televisões sobre sismos noutros países é verdadeiramente assustador.
EliminarEu tenho muito medo...
Catástrofes horríveis! Ontem vi na RTP3 um documentário sobre o este Terremoto em Lisboa.
ResponderEliminarBeijinho
Horrível, não, Adélia? Nem pensar nisso é bom!
EliminarBeijinho.