Andava hoje lá pelo shopping. Olhou para mim, muito séria e
algo sobranceira. Esperava decerto que a cumprimentasse, mas realmente não o
fiz.
Num relance voltei a vê-la séria,
algo sobranceira, mas muito tímida, na aula, sentada lá atrás. Pouco à vontade,
algo insegura – bastante insegura. E sempre aquele olhar sério, constante, sem pontinha
de desvio.
Sabemos que muita da arrogância,
da sobranceria que muitas pessoas atiram sobre os outros tem, como contraponto,
muito de timidez, de insegurança. Só que o outro não tem obrigatoriamente de
fazer esse exercício de compreensão, especialmente se já não se tratar de uma
criança.
Sei que cresceu dentro de um
casulo familiar que teve uma rápida ascensão económica o que cedinho os fez ganhar
“estatuto” dentro desta sociedade fechada, pequeno burguesa de pequena cidade
de província, com todos os “tiques de rico” que lhe estão associados.
As viagens, as marcas dos carros,
das roupas, dos saltos altos, dos cuidados pessoais provocam uma enorme mudança
e tudo isso suporta, alimenta, anima os ares sobranceiros, altivos, direi mesmo
arrogantes – aconteceu com a mãe, minha ex-colega, e ela seguiu-lhe de perto as
pisadas.
Eu, porém, continuo a perscrutar
nela uma certa timidez, uma certa insegurança por detrás daquela sobranceria.
Olhou-me ainda outra vez a ver se lhe falava. Mas não o fiz. Ela é que deveria
falar-me.
(Que me seja desculpado se, na minha juventude, alguma vez, inadvertidamente, ousei mostrar-me assim altiva ou arrogante para cima de alguém – eu que sempre tive um fundo tão tímido, por vezes, tão inseguro.)
Contrariamente ao que muita gente pensa
ResponderEliminara arrogância é uma "arma" de defesa
E é o caso da moça...
EliminarAtitude nada agradável - a arrogância! Teremos o mesmo fim; apenas os mais ricos, de repente, com mais pompa, mas isso, nessa hora, de nada importa! Limitar-se ao "ter" para salvar as aparências é muito frágil!
ResponderEliminarAbraço.
Neste mundo de aparências, cada vez mais o "ter" se impõe sobre o "ser", Célia.
EliminarBeijinhos
Infelizmente sei o que isso é. Meu filho sempre mascarou a insegurança com a arrogância.
ResponderEliminarUm abraço e bom fim de semana
Cada um tem direito a usar a máscara que pensa que melhor lhe serve, Elvira. Penso que todos acabamos por cair em nós nestas coisas...
EliminarBeijinhos.
Coitada da moça se lhe desmontam a personagem. No fundo, no fundo é habitada pela solidão. Provavelmente não terá remédio, agora que o conforto lhe garante a sobrevivência não dará um passo para lutar contra si própria.
ResponderEliminarBFS
Muito bem visto, Agostinho! (como sempre...)
EliminarBeijinhos
E se lhe tivesses falado com amabilidade, será que ela, desarmada não te retribuiria a agradecida????
ResponderEliminarTalvez fosse uma boa surpresa para as duas.
Beijinhos e bom fim de semana
Pois... parece que a minha humildade ainda não chegou a esse degrau, papoila. És capaz de ter razão.
EliminarBeijinho.
Caramba Graça, tu és de gancho!!
ResponderEliminarPorque não cumprimentaste tu a rapariga? Às vezes há más impressões ( já para não dizer ódios e recalcamentos) que passam, de geração em geração, como se fossem ódios de estimação.
Sobranceria e timidez não me parece que sejam boas companheiras. Vê lá bem que podes ser tu a transferir para a filha a ideia de arrogância da mãe, tua ex-colega.
Peace and love!! :)
Beijinhos, Graça. Bom fim-de-semana.
Não o fiz por ser de gancheta, Janita! E nada tem a ver com a mãe - ou talvez tenha, sei lá! São ambas muito do mesmo género. E eu não sou a Madre Teresa. eh eh eh eh...
EliminarBeijinho.
Querida Gracinhamiga
ResponderEliminarConcordo contigo; eu também não sou a madre Teresa.., oops, o papa Francisco e não acho bem que uma menina e/ou a sua mamã cultivem a arrogância, para disfarçar... o quê?
Todos sabem que não sou de gancheta, sou pior, sou o Capitão Gancho e para cá vêm de carrinho...
============ATENÇÃO (DEPOIS NÃO DIGAS QUE NÃO TE AVISEI========
PINTAROLAS E FUNERAL
Já tinha começado a fazer o anúncio do artigo DENTES PARA O BOLO DE CREME (que faz parte da saga da Alzira) que, porém, não chegou a todos os bogues; por isso o repito agora e aqui.
Entretanto, uma antecipação: o próximo texto da mesma saga Alzira mete FUNERAL. E por agora nada mais.
Qjs & abçs – Henrique, o Leãozão