Os órgãos de comunicação e as
redes sociais não se cansaram de divulgar ontem o insulto que uma senhora
Pamela qualquer (não, não é essa das
mamas grandes das Marés Vivas – é outra que deve ter os miolos ainda mais pequeninos
do que os da nadadora-salvadora da série) decerto uma das tantas apoiantes
de Trump, escreveu no facebook: “Vai ser tão revigorante ter uma primeira-dama elegante, bonita, digna
primeira-dama de volta à Casa Branca. Estou farta de ver um macaco de saltos
altos”.
Não é preciso acrescentar mais
nada, pois não?! Esta é uma pequeníssima amostra do estilo de pessoas – não vou
chamar-lhes “macacos” porque isso poderia parecer um enorme insulto aos pobres
símios – que apoiaram e votaram naquele homenzinho de melena oxigenada que se
tornou no próximo presidente dos Estados Unidos.
A propósito, transcrevo um texto do passado dia 10 que li no
blog Aspirina B e que considero muito
bom para o caso de o quererem ler.
United Deplorables of
America
«Os EUA escolheram ser governados
por quem se gaba de fugir aos impostos, ser trapaceiro nos negócios, prejudicar
minorias, reduzir as mulheres à condição de fêmeas à disposição do macho e
mentir sistematicamente. Podemos concluir com algum grau de certeza que a
escolha não foi feita apesar destas características mas por causa delas. A
explicação, como já disse o Eduardo Lourenço, está na televisão.
Tal como num outro país numa
galáxia distante onde também uma super-vedeta da televisão foi escolhida como
presidente principalmente por causa do seu poder mediático, o que a levou a
manter esse estatuto quase até ao período eleitoral e a ter feito uma campanha
despolitizada e despolitizante de forma a usar a sua fama para levar a luta
eleitoral para o terreno da popularidade, assim nos EUA uma vedeta mediática de
primeira grandeza entregou-se a um exercício donde sairia sempre vencedora,
especialmente se perdesse as eleições ou nem sequer fosse nomeada candidata. O
que tinha a fazer era só aparecer no circo da política a fazer o que já estava
fartinha de fazer no circo do show business: dar espectáculo. Um tipo de
espectáculo que há décadas, séculos e milénios tem ubíqua prática, e que
podemos ver perto de nós na sua industrialização máxima com as seitas religiosa
de bandeira cristã. O discurso dos pregadores obedece a esquemas testados com
milhões de pessoas e apenas tem de se ser adaptado a outro conteúdo caso se
pretenda usar a fórmula para obter uma audiência no campo político. Foi isso
que fez Trump, usando uma retórica maniqueísta e alucinada onde o ódio foi
instrumental para o tipo de marketing em causa. A iliteracia e alienação cívica
da plateia que se formou para assistir ao seu número alimenta-se de fantasias
para consumo imediato, seja um mar que se abre para fugir aos egípcios ou um
muro que se levanta para fugir dos mexicanos. Porém, ao contrário de Hitler e
quejandos, em Trump não há um pingo de ideologia, antes tudo se limitando ao
simulacro, oportunismo e fruição. Ou seja, tudo se oferecendo à descodificação
pelos instrumentos cognitivos do seu público, um público que em vez de um
político a quem responsabilizamos pelos seus actos e palavras estava mesmo
interessado em continuar a ver um palhaço na TV que tem licença para brincar
aos racistas, xenófobos, misóginos, tiranos e crápulas. Porque nele tudo é
simples, divertido, de final feliz e com repetição garantida semana a semana.
Estas eleições serão estudadas
durante anos. Há tantos pontos de vista à disposição quantas as cabeças
interessadas em explicar um fenómeno verdadeiramente maravilhoso. Algo
equivalente a termos visto Roma invadida pelos bárbaros. Só que aqui a barbárie
nasceu da civilização, da democracia, da liberdade, do voto. Essa a maravilha
das maravilhas, pois a nação de Lincoln e de Roosevelt tem todo o direito a
inscrever Trump na sua História como representante de um certo tempo e de um
certo modo de conceber a comunidade. Trump não é menos legítimo do que Obama. E
não é mais legítimo do que quem lhe suceder, quem sabe se já daqui por 4 anos
ou menos.
Correu tudo ao contrário do que
os Democratas esperaram: a sua celebrada máquina no terreno foi incrivelmente
insuficiente, os afro-americanos não se preocuparam em garantir o legado de
Obama, os hispânicos não se assustaram com Trump, e as mulheres americanas
talvez gostem de tipos com a pinta e os modos dos patos-bravos. Para além
disso, a operação russa através do Wikileaks e, em especial, a golpada do FBI
mostram que foi preciso reunir este mundo e o outro para derrotar Hillary.»
Insultos são o pão nosso de cada dia no FACEBOOK e até mesmo nos blogues. Quem não tem argumentos, insulta.
ResponderEliminarO mundo está a perder a cabeça...
EliminarA isso eu chamo ... "falta de chá"!
ResponderEliminarBj
Uma imensa falta de educação!!
EliminarO que vou escrever a seguir não são insultos. São o resultado da minha observação diária, da minha avaliação contínua (à distância, através do televisor) do senhor em questão. É narcisista, incompetente para o cargo a que se candidatou (e que não esperava ganhar – já foi confirmado), tem um fraco poder de concentração (não tem culpa!), mente e desmente, assume sem verificar/comprovar factos, “brinca” com a xenofobia; é incongruente; é inculto; não é eloquente (Bush tb não era); é vaidoso e, não medindo o que diz verbalmente e por escrito, é perigoso. Poderia continuar... mas estou cansada!! : )
ResponderEliminarE eu subscrevo, Catarina!!
EliminarEsses insultos apenas revelam que quem os proferiu é uma pessoa cobarde, sem carácter e desprezível.
ResponderEliminarHá oito anos que Michelle Obama é primeira-dama dos EUA, é só agora, com as costas quentes, é que começam a destilar veneno?
O que vale é que Michelle já provou ser uma Mulher superior a esse tipo de baixaria.
Esperemos que sejam só latidos de cães a ver a caravana passar.
Uma vergonha para o mundo, o que está a passar-se na América.
Beijinhos
Uma vergonha sem tamanho! E ainda nem começou!!
EliminarBeijinho.
Tomara muita drª de nariz empinado e pele leitosa, ter metade da classe de Michelle Obama.
ResponderEliminarUm abraço
Não lhe chega nem às capas dos saltos altos! Reles!
EliminarE eu, como já é meu hábito, não venho dizer mal de nada, muito menos do teu post tão oportuno. Venho apenas dizer que sou fã de Michele Obahma. Michele nunca foi apenas e só a mulher do Presidente Obahma; ela conseguiu destacar-se não por ser «a great woman behind a great man»... mas por estar sempre a seu lado.
ResponderEliminarBeijinhos elogiosos
(^^)
E é assim que deve ser!
EliminarBeijinhos
Hoje faço referência ao dinheiro de Macau que vai financiando Trump.
ResponderEliminarA besta referida no post nem me merece comentários.
Beijinhos
Um ordinário! E pensar que meio USA votou naquele tijolo!
EliminarTinha eu alinhavado uns "considerandos" a propósito, que metia até a peta das pamelianas mamas arvoradas em damas, (quase primeira-dama!) e a subversão da imagem que mudou o mundo, para pior, e zás catrapaz: volatizaram-se.
ResponderEliminarVou resumir como a Graça sabiamente fez: uma imagem perfeita de um pato-bravo, proto-presidente made USA: um tijolo, tijolo-burro.
Bj.
Um calhau com olhos (e muitos milhões na conta bancária...) É ao que todas as pessoas aspiram!
EliminarVai ser bonito, vai...
insultos, hoje, são normais, Graça.
ResponderEliminarinfelizmente...
Infelizmente, assim é...
Eliminar
EliminarÓ Graça... mas "calhau com olhos", "tijolo", "ordinário", "reles"... também são insultos...
E olha que não estou a dizer com isto que ele não os mereça!! :))
Deixem-me tentar ser apaziguador (na linguagem) ! :))
ResponderEliminarGosto de ler argumentações , mas não insultos e felizmente, argumentos não faltam !
Eu acho que nenhum insulto se pode considerar "normal" !
Se, infelizmente eles são hoje habituais, a culpa é exclusivamente nossa ! ... Nós é que estaremos errados ou frustrados !
São tipos de linguagem a evitar, principalmente quando se escreve !
Poderemos sempre criticar de outro modo ! Com factos, com argumentos, de um modo civilizado e sereno!
Eu não gosto nem um bocadinho do Sr Trump, mas tenho que reconhecer que ele ganhou as eleições democraticamente e receio o que por aí possa vir ! Mas, se nos dizemos democratas, teremos que aceitar a decisão da maioria, por muito que isso nos desagrade !
Um Grande Abraço aos meus Amigos ! :))
Graça parece-me do tipo reality-show,
ResponderEliminarmas quando ha tanto dinheiro envolvido ?!
pelo menos espero que esta analise se concretize:
"Porém, ao contrário de Hitler e quejandos, em Trump não há um pingo de ideologia, antes tudo se limitando ao simulacro, oportunismo e fruição..."