A menina estava a praticar para o
[Cratino] exame de Português da próxima segunda-feira e respondeu à questão de
compreensão do texto com duas simples palavras. E eu disse: «Isto não é um
telegrama!» Cara de ponto de interrogação. «Um telegrama? O que é isso, um
telegrama?»
De facto, a menina nasceu já
dentro da época “dourada” dos telemóveis portanto como saber da existência
daqueles papéis A5 dobradinhos em três e selados com as palavras – poucas, que
se pagava à palavra – que se queria que chegassem rápidas ao destino. E eu
expliquei-lhe que quando havia muita urgência em enviar uma mensagem para alguém
que vivesse longe se ia ao correio escrever as ditas palavras que depois eram
telegrafadas ou telefonadas para o local onde morava o destinatário. Depois alguém
do correio de lá ia de bicicleta ou de moto entregar o telegrama com a mensagem
a casa da pessoa a quem a mesma era dirigida. Olhos bem abertos de espanto!
E ainda lhe falei dos telefones
de antigamente. E ela: «Tinham um disco que se rodava para marcar os números.»
E eu que sim, mas antes, nos anos 50, quando eu tinha ainda 7 ou 8 anos, se
tínhamos de ligar para outra terra, outra cidade, tínhamos de ligar para as
telefonistas e pedir uma chamada interurbana, dizer o número para o qual
queríamos falar e depois esperar, por vezes três ou quatro horas, por vezes até
mais, para recebermos a chamada da telefonista que nos punha em comunicação com
a pessoa com queríamos comunicar e, por vezes, a ligação caía e tínhamos de
começar tudo de novo… Cara de quem nem sequer acredita no que estou a dizer…
O outro menino, a propósito das
expressões em latim que o Frade de Gil Vicente lançava ao Diabo, dizia: «Nesse
tempo a missa era dita em latim.» E eu: «Há 40 e tal anos ainda se dizia a
missa em latim. Eu sou desse tempo! Fartei-me de assistir a missas em latim»
Olhos arregalados como se eu fosse da era da pedra lascada…
Entretanto hoje a minha neta
pediu-me para comprar um brinquedo insignificante e desnecessário que custava
um euro. E eu: «Ó Elisa, 200 escudos por esta parvoíce…» E, ato contínuo, ela:
«Ó avó, o que é 200 escudos?!»
Realmente são só arcaísmos… Ou
sou eu que estou a ficar arcaica…
A propósito, deixo-vos aqui a cançoneta «Un telegrama» apresentada no Festival de Benidorm, em 1959....
Outro arcaísmo...
"Admirável Mundo Novo" quando publicado em 1932, era ficção científica...
ResponderEliminarHá umas semanas atrás, numa repartição de finanças, ouvi a funcionária dizer para uma senhora com menos de 60 anos: "Para resolver esse assunto, tem que ir ao portal das finanças". A senhora pede-lhe a morada, para ir lá da parte da tarde...
Claro! Aliás, considero uma arrogância enorme tudo agora ter de ser tratado nos portais e pela internet. Há muitas pessoas que não têm essa ferramenta e nada as/nos obriga a saber usá-la. Enfim! Um país de ignorantes armado em modernaço...
EliminarMinha querida amiga
ResponderEliminarEstou muito grato pela prontidão com que respondeste ao meu apelo.
Estava deveras preocupado com a ideia de poder contagiar quem me visitasse, com esse hipotético vírus que a Amiga Majo parecia ter detectado.
Felizmente não passou de falso alarme, verificado por ti e por todas as amigas que, tão gentilmente, comprovaram a minha boa saúde -:)))
Muito brevemente estarei de regresso e poderei retribuir todas as atenções recebidas.
Um beijo
MIGUEL / ÉS A MINHA DEUSA
:)
Eliminar~ Era menina quando me pavoneava, vaidosinha, com saias rodadas, muito armadas pela saia interior de tarlatana, já com mistura da, então, novidade sintética - o ''nylon''.
ResponderEliminar~ Telegrama e telefonista; tinteiro e caneta de tinta permanente; bi e quadri-motores; escudos e tostões; sinaleiros, varinas, pregões... Era, realmente, outro mundo!
~ ~ ~ Beijinhos arcaicos. ~ ~ ~
.
Eheheheheh, Majo! Também usei desses saiotes para armar as saias de roda.... Somos mesmo arcaicas.....
EliminarBeijinhos
Minha amiga, é por estes arcaísmos que às vezes me sinto como se tivesse cem anos :)
ResponderEliminarJá agora, nunca ouvi esta canção, por onde andaria ? :)
um beijinho com cheirinho a manjerico ;)
Fê
Andavas distraída....
EliminarBeijinhos populares.
Para ensinar às crianças o que dantes havia e se perdeu, com a nova Era, cá estamos nós os Avós, Graça!
ResponderEliminarAssim como nós também abríamos a boca quando nos contavam coisas de antigamente!!
Olha, eu fiquei de boca aberta quando a minha Mãe me disse que no tempo da sua avó, as mulheres não usavam cuecas!! Acreditas? Pois, então!!
Tudo o que hoje se usa amanhá será arcaico!! :))
Vivam os tempos modernos!
Beijinhos e bons Santos Populares!
Mudam-se os tempos....
EliminarBeijinhos populares
Uma curiosidade: não me lembro de, quando criança e nem mesmo em adolescente, ter achado estranho alguma coisa, ou seja, algum arcaísmo.
ResponderEliminarTalvez porque nesse tempo o tempo (passe o pleonasmo) passando devagar tinha muito tempo para mostrar as "novidades".
Beijo!
Em tão pouco tempo tanta coisa mudou... E o telex? Quando eu comecei a trabalhar nos anos 80 ainda se usava o telex para comunicar. :)
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