Não sou nada dada a moralismos,
nem sequer a moralidades, por isso não sou grande apreciadora de fábulas. Isto decerto
porque, para além de me entender muito melhor com a ironia, na minha instrução
primária fui – como todas as criancinhas nesse tempo de moralismos clericais –
forçada a lê-las e relê-las nos livros de leitura e depois a recontá-las em redações
sempre com a obrigação de, à laia de conclusão, retirar e fazer salientar a
dita moralidade.
Bom, mas isto tudo para explicar
que, não obstante, nos últimos dias o bom do La Fontaine não me tem saído da
cabeça com a sua Formiga trabalhadora e a sua Cigarra desmioladamente gastadora.
E isto porquê? Por causa do triste caso da dívida da Grécia e do estupidamente
chamado grexit.
Quem não se lembra de ouvir o
ministro formigo, digo, o ministro Miguel Macedo dizer aí por 2012 que Portugal
não podia continuar um país de muitas cigarras e poucas formigas? De facto, o
seu desejo foi-se transformando em realidade e, graças ao esforço aturado e gratuito
(que se lixem as eleições quem não se
lembra também) do “governo” e do seu representante em Belém, atualmente são
muitas as formiguinhas, coitadinhas, abençoadas, e poucas a malandras, as
desbocadas das cigarras.
O “nosso” primeiro não se cansa
de dizer e bradar que Portugal está a salvo de qualquer turbulência e que tem
reservas que aguentam qualquer embate (pois não é que temos os cofres cheios?!)
Entretanto a espécie de
presidente da República foi para a Bulgária gabar «o bom aluno» que tem sido o
seu governo (sabe-se lá a que custo por parte do povo, mas isso também não
interessa nada). Disse ele: «O sucesso do programa de ajustamento é o exemplo
de política responsável, quando há uma forte vontade política.» E tem o topete
de se pôr a «pedir contas a Atenas» e de, armado em bom, lançar papaias deste
tipo: «Não podem ser abertas exceções para nenhum país.» E continua: «num
espaço tão integrado como a zona euro há regras que não podem deixar de ser respeitadas;
o governo de Atenas não pode ignorar a realidade.»
Isto
sim é sinal de grande solidariedade institucional!
Socorro-me uma vez mais de Sérgio
Figueiredo – que, repito, gosto de ler – que escrevia há dias: «É francamente difícil de entender a
descontração do governo português diante do cenário do grexit grego. Há quase
uma satisfação contida no sorriso de Mona Lisa que a nossa ministra das
Finanças esboça, quando é confrontada com tal cenário. Lisboa devia ser a
primeira a defender uma solução para a Grécia, mas prefere correr para os
credores e pagar antes do tempo. Parece que a nossa colossal dívida externa se
resolve com prestações antecipadas. Parece que a prioridade é deixar a
"alternativa Syriza" sucumbir como prova de que afinal sempre
estivemos certos. Parece que não se conhece a lógica implacável dos mercados.
Parece que os juros da nossa dívida não voltaram a subir.»
São as belas, solidárias, altruístas,
nada vingativas nem rancorosas formiguinhas à portuguesa.
E vem-me à memória aquela canção
que diz…
A ventura dos "cofres cheios" custa-nos dois milhões de euros por dia !!!
ResponderEliminarE como tem o reformado de Boliqueime o desplante de ir falar da Grécia num pais terceiro?! No dia em que aquela estafermosa e mesquinha criatura sair de Belém acendo três dúzias de velas à aparecida em Fátima!
Bons sonhos
Eu até vou acendê-las lá em Fátima, se for caso disso! E se fosse já amanhã? Então até iria lá a pé!!!
EliminarNão acredito que um possível default grego não se alastre a terceiros.
ResponderEliminarAs economias estão demasiados interligadas na chamada economia global para isso não acontecer.
Ainda não default, há uma forte probabilidade, e é ver como se estão a portar as Bolsas.
Beijinhos
Verdadeiramente assustador, amigo Pedro!!!
EliminarEsta gente que nos governa são cigarras disfarçadas de formigas. Espero que sejam desmascarados antes de Outubro.
ResponderEliminarNão sei, não, Carlos. Este povo é por de mais cego e obtuso recusando-se a ver!
Eliminar~ ~ ~ É evidente que se trata
ResponderEliminarde obscena campanha eleitoral, que, pela amostra, entendemos quão abjeta será!
~~~~~~ Beijinhos. ~~~~~~
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Vai ser do pior!!! O safado do Paulo Rangel, veio hoje no DN, até disse a seguinte heresia: «Se Cristo descesse à terra votaria na esquerda ou na direita?» Manipulação pura e dura, Majo!!
EliminarEu que ao percebo nada de politica, penso que o P.R. se tivesse um pouco de vergonha na cara, abstinha-se de falar da Grécia, e a fazê-lo, nunca seria como o fez. Mas enfim vergonha, senso de responsabilidade, é coisa que não se pode pedir a um homem que se queixa de ter problemas económicos com a "magra" reforma de 10 000€ num país onde mais mais de um milhão de reformados, não chega aos 300€.
ResponderEliminarUm abraço
Um «palhaço» reles! E não diga nunca que não percebe nada de política! Todos temos a obrigação de fazer um esforço por entendermos o que se passa à nossa volta e que nos afeta!! Isso é política!
EliminarBeijinho.