quinta-feira, 21 de maio de 2015

A Educação afunda-se

Foi um texto que Santana Castilho – o sempre ressentido Professor que não foi escolhido para ministro da Educação – escreveu no Público no passado mês de Abril. Tem o “romântico” título de «A Educação afunda-se com Nuno Crato a tocar no convés». Eu sei que a referência ao naufrágio do Titanic não o permite, mas, por mim, poria o ministro a tocar no porão…

Diz então o Professor no seu artigo, entre muitas outras coisas acertadas, que «as práticas que o programa [de Português, com metas como se de uma maratona se tratasse] preconiza (…) tipificam a vã glória de Nuno Crato: retroceder três décadas e sacralizar as piores práticas.» Esta afirmação refere-se ao novo de Português para o ensino básico, mas pode ser alargada a toda a governação do actual ministro. E continua o Professor: «Este programa tem uma extensão irrealista face à natureza psicopedagógica das crianças a que se destina. Este programa [como o ministro, afinal] é obsessivo em relação aos exames. O homem que se referiu às ciências da educação como ciências ocultas ficará, paradoxalmente, notabilizado por contaminar o sistema educativo com um cientismo econometrista baixo, que alastra perigosamente, aprisionando os docentes e reduzindo-os a um funcionalismo imposto pela burocratização normativa.»

Entretanto, as escolas andam numa deriva que mais não é do que o reflexo da deriva em que anda o país.

Em nome dos sacrossantos exames que, não sei por que teoria educativa aprendida por esta espécie de ministro não se sabe onde, passaram a ser realizados a partir do 4º ano, o 3º período letivo deixou de existir em termos de conteúdos. Primeiro porque os professores se sentem na obrigação de “mecanizarem “ os miúdos para a tipologia das perguntas das provas de exame a fim de terem bons resultados. Depois, e o mais caricato, os exames (do 4º e do 6º anos) são marcados para meados do mês de Maio o que transtorna completamente a vida nas escolas (e nas famílias) já que deixa parte das turmas sem aulas porque as salas e os professores estão ocupados com exames. E quem consegue manter os alunos motivados e concentrados nas aulas que se seguem aos exames se já prestaram provas? Depois de todo este desatino, há que terminar o ano letivo o mais cedo possível para se começar a tratar dos exames do 9º ano…

Enquanto no tempo de antes desde promotor de exames o 3º período terminava calmamente na última semana do mês do Junho, agora – e sempre em nome da melhoria das aprendizagens dos alunos (!) – há alunos do ensino básico que terminam as aulas já no próximo dia 5. E que fazem as famílias com eles em casa já daqui por pouco mais de uma semana?

Ah! Estranho povo que tudo suporta, que tudo tolera, que tudo aguenta, sem pedir responsabilidades a ninguém.





12 comentários:

  1. Pode nem ter nada a ver, mas a imagem aliada ao texto, fez-e lembrar aquela canção:

    "Quem te manda sapateiro
    a ti, tocar rabecão
    neste mundo todos tocam
    porque não, porque não, porque não"...

    Todos dançam ao som da mesma música e falam, falam, mas ninguém os vê fazer nada...

    Tem uma boa noite, Graça!

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    1. Este comentário foi removido pelo autor.

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    2. Dançam todos ao tom da música que lhes tocam, querida Janita... Ai este país!...

      Beijinhos

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  2. Somos muito masoquistas não é verdade?
    Um abraço

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    1. Masoquista é eufemismo... somo é muita parvos, Elvira...
      Beijinho

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  3. Gracinhamiga

    O ministro Rato, ups, Crato só lá consegue chegar com 800 gramas de raticida!

    É um dependentexames, coisa que não conhecia - mas agora conheço - infelizmente. Livre-nos qualquer deus do gajo!... :-((((((

    Bjs da Kel e qjs do Pernoca Marota (ainda embengalanado) :-))))))

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    1. Gosto desse neologismo «embengalanado».... Nem o Mia Couto inventa assim...

      Beijinhos

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  4. E é por isso que os asiáticos, que apostam forte na educação, estão a deixar os europeus e os americanos para trás.
    Beijinhos, bfds

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  5. Quanto mais me bates!!!! O povo é tolerante para não dizer mole.

    Beijinho Graça e um bom fim de semama.

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    1. Tolerante? Mole? Eu diria estúpido, iletrado, cego, surdo e sei lá o que mais...
      Beijinhos

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