(Li há muitos, muitos anos no
«Diário de Sebastião da Gama», obra de leitura obrigatória pra quem entrava no
estágio para professor no pré-25 de Abril, um diálogo deveras interessante
entre o malogrado poeta e um companheiro de viagem de comboio, em que ele terá
dito para o desconhecido companheiro qualquer coisa como isto: «Peço desculpa desde
já pelas coisas que eventualmente possamos vir a dizer durante a viagem…» Assim
estou eu agora e quase sempre que começo a escrever um texto para apresentar
aqui: peço desde já muita desculpa pelo que eu possa eventualmente dizer aqui hoje…)
Quando depois de 2005 a ministra
da Educação, Maria de Lurdes Rodrigues, iniciou a reforma do 1º ciclo e
introduziu a escola a tempo inteiro criando as Atividades de Enriquecimento
Curricular (AEC) pagas pelo ministério e/ou pelas autarquias, para variar e
elevar a qualidade das atividades e até para não sobrecarregar o horário dos
colegas do 1º ciclo, utilizei de acordo com o que a lei me permitia e na minha
qualidade de presidente do Conselho Executivo e Pedagógico do agrupamento, as
horas dos professores com horários incompletos e uma pequena parte das horas
não letivas de um pequeno número de colegas dos 2º e 3º ciclos para irem às
nossas escolas dos mais pequenos a fim de dinamizarem alguns daqueles espaços
curriculares tendo em conta as suas formações de base.
Embora tenham já passado alguns
anos, não esqueço a guerra que esses colegas me moveram! Ralharam, ameaçaram, disseram
as barbaridades máximas, pretenderam negar-se a cumprir os horários, meteram
atestados médicos, deixaram de me falar, acabaram por conspirar com a “oposição”.
E chegaram alguns ao ponto absolutamente desprezível de responderem com esse
azedume a muitas das questões postas pelos inspetores da Avaliação Externa em
curso, levando a que a avaliação de um agrupamento de escolas de fama e prestígio
ficasse muito aquém do verdadeiramente merecido.
Compreensível se pensarmos como
somos um povo adverso à mudança e à tão falada “perda de direitos” ( leia-se “mordomias”).
E dos professores então nem falar é bom! (Quase) todos uns Velhos do Restelo
mesmo que não tenham lido e/ou entendido o episódio da nossa epopeia
renascentista.
Toda essa mudança – não falo
agora apenas da “mudança” que levei a cabo na escola, mas a mudança que a
ministra, no seu imenso saber, pretendeu realizar (o seu principal erro foi
querer fazê-lo muito rapidamente) levou a que o indizível Mário Fenprof
conseguisse arrebanhar hordas de Velhos do Restelo e muitos outros acomodados
que grassavam pelas escolas em manifestações nunca vistas e derrubar a ministra
(sinistra – como lhe chamavam). Este derrube foi o início da queda que levou ao
abismo em que nos encontramos. Lá nisso o senhor Mário Fenprof pode sentir-se um
verdadeiro herói!
Grande parte dos professores meus
colegas por esse país fora, mesmo que já muitos aposentados, estão da mesma
forma abrangidos por essa heroicidade. Mas agora pergunto: como reagirão aqueles
colegas do meu agrupamento de que falo acima que agora que, por força das “extraordinárias”
medidas do “excelente” ministro (C)rato (que nada tem de sinistro como a outra
ministra!) são obrigados a dar, mas dar mesmo, aulas noutros ciclos que não
aqueles em que se profissionalizaram, AEC(s)
e tudo mais que os diretotes lhes mandem fazer e é se não querem perder o seu
lugar – mesmo que do quadro – nas escolas onde estão?!
É que o senhor (C)rato, que se
está verdadeiramente «borrifando» para os professores e para a qualidade da
educação e do ensino, até já põe a hipótese de dar prémios aos municípios (para
onde ele tem pressa em despejar as escolas públicas) que consigam reduzir o
número de professores nas escolas…
Onde andará o senhor Mário
Fenprof?!
~
ResponderEliminar~ ~ Uma boa e pertinente pergunta. ~ ~
O Nogueira?
ResponderEliminarDia 10 sei onde vai estar e ontem estava aqui:
FENPROF prepara resposta às intenções do Governo de municipalizar, também, os professores...
As propostas do governo já não deixam dúvidas: a intenção é mesmo destruir o Estatuto da Carreira Docente (ECD) e atacar, ainda mais violentamente, os professores e educadores e as escolas públicas. A confirmá-lo estão documentos que começam a ser conhecidos, como os que se destinam à municipalização da Educação ou à criação de uma tabela remuneratória única que integraria os professores, deixando estes de se enquadrar na grelha salarial específica que os seus estatutos de carreira consagram.
No caso da municipalização, para além de pretender atribuir competências do foro pedagógico às câmaras municipais, o aspeto que causa maior repúdio é, sem dúvida, a atribuição de financiamento acrescido aos municípios que consigam reduzir professores para aquém do que, pela aplicação de um critério já de si muito duvidoso, o MEC considera serem necessários.
No caso da tabela única, o que o governo pretende é, na sequência de uma transferência “neutra”, desvalorizar a carreira dos docentes no que respeita a futuras progressões ou atualizações salariais, alterando-as, tendo em conta o que, na proposta de lei, considera serem os valores praticados no mercado.
Reuniões do SN e CN
Os professores não aceitam estas entre outras medidas que estão em curso e vão demonstrá-lo com luta. Neste momento, apesar de estarmos a atravessar um momento muito complicado nas escolas, a que se seguirão as férias, os Sindicatos da FENPROF estão já a reunir com professores e, também, com municípios dos que se encontram envolvidos neste processo de municipalização e esta semana reunirão os órgãos da FENPROF para analisar a situação e tomar decisões. Assim, dias 9 e 10 estará reunido, em Lisboa, o Secretariado Nacional da FENPROF e, no dia 11, reunirá o Conselho Nacional, órgão máximo entre Congressos.
Conferência de imprensa
Pelas 17.30 horas de dia 11, sexta-feira, terá lugar uma conferência de Imprensa, na sede da FENPROF, em que serão dadas a conhecer as decisões tomadas. Entretanto, a FENPROF mantém a pressão junto de Nuno Crato para que agende a reunião que, há muito tempo, vem sendo exigida, com a maior e mais representativa organização sindical de professores em Portugal.
Nuno Crato parece ter-se esquecido que, na qualidade de governante, está obrigado a manter um relacionamento institucional com todas as organizações, goste ou não de o fazer, não podendo, apenas, reunir com quem é da sua área política. Pelo menos, na qualidade de ministro da Educação, não pode agir dessa forma.
O Secretariado Nacional da FENPROF
7/04/2014
Não sei comentar. Esta politica está a dar cabo de tudo quanto havia neste país - escolas, educação,saúde e organização pública...
ResponderEliminar~
ResponderEliminar~ No meu comentário anterior, ao abrir esta página, esqueci a segunda e
apenas repondi à primeira pergunta.
~ Quero frisar que estive sempre com a FRENPROF, embora nem sempre
concordasse com algumas das suas decisões.
~ Penso que com a Graça, aconteceu o mesmo.
Sim, Majo, até fui associada, embora nos últimos anos me tivesse afastado. Desde a entrada desembestada do senhor Mário Fenprof ...
ResponderEliminarE vais ver que haverá autarcas a ir nessa da poupança!
ResponderEliminarPoupassem eles em carros, motoristas, assessores de coisa nenhuma e afins!
Quando me aposentei deixei a FENPROF que não foi capaz de deslindar a injustiça cometida pela "dama das pérolas" contra mim e outros...
Abraço
Abraço
Haverá algum ministro neste governo que esteja a fazer trabalho decente para o país e o seu povo??
ResponderEliminar"Atrás de mim virá quem de mim bom fará". A Milú não faz parte dos piores...
ResponderEliminarPor onde andará não sei, mas que
ResponderEliminarestá todo sorridente com o Passos
Coelho está...
O ódio do PCP ao Partido Socialista é tanto que tentam
sempre derrubar os ministros de
um governo PS.
Infelizmente somos o povo que somos, hoje em dia "são obrigados" e por vezes só assim
funciona. Os verdadeiros e dignos
professores em idade de se reformar já o fizeram, porque lhes
seria muito difícil conviver com
a actual realidade e outros ainda
estarão no activo mas a sentir-se
muito mal.
O Crato é como diz,um destruidor
ao serviço do PC...e quer gozar
as "mordomias" de ser Ministro...
Bj.
Irene Alves
dívidas antigas prescrevem ... rss
ResponderEliminarbeijo
As dívidas talvez, heretico, as dores das fraturas não e voltam a doer sempre com a mudança do tempo...
ResponderEliminarBem sei disso tudo, Rogerito! Também recebo as notícias da Fenprof, mas para quando outra(s) manif(s) encabeçada(s) por esse organismo para deitar abaixo o senhor ministro da barba de três dias?!
ResponderEliminarAS poupanças atinge apenas os que mais precisam, tanto na educação como na saúde, um tristeza, é assustador.
ResponderEliminarBeijinho e uma flor
Assustador é pouco!! É medonho!
ResponderEliminarBeijinho, flor!