Incomodou-me! Pois como poderia não
incomodar? Logo após o telejornal, um programa de propaganda à associação Missão
Sorriso em que um chefe de família desempregado há mais de três anos falava
desassombradamente da ausência de comida em casa, do frigorífico vazio, da
única refeição que faziam que normalmente era arroz, ou massa, ou uma lata de
salsichas, de como o filho não tinha leite para beber antes de sair de casa.
Uma dor de coração ouvir isto de cidadãos
como eu. Um remorso intenso por os meus gatos comerem melhor que muitas
pessoas, cidadãos como eu. Uma vergonha indizível por, aqui e agora, se estar a
passar pelo mesmo a que assisti nos idos anos de 50 e 60.
No fim do programa, o elogio ao
trabalho meritório – meritório, claro! –
da organização e dos voluntários. Mas porquê estes programas? Para nos
mostrarem que fomos cigarras e esbanjámos, «vivemos acima das nossas
possibilidades» - que náusea! – e que agora temos de sofrer o castigo adequado? Ou tão simplesmente
para mostrar às pessoas em necessidade e sofrimento que o melhor que têm a
fazer é recorrerem à caridade? E onde fica o “governo” no meio de tudo isto?
Qual é o seu papel? Empurrar as pessoas para a emigração, para a caridade, para
o degredo?
Incomodou-me! Mesmo!
E, a fechar, em jeito de final
feliz, passaram a belíssima canção Smile
pelo Nat King Cole. Bem sei que quiseram fazer a analogia da Missão Sorriso
com a canção que aconselha a sorrirmos mesmo quando o coração nos dói, mas
situações como a que aquele senhor descreveu podem dar para tudo menos para
sorrir!
Olá Graça,
ResponderEliminarobrigada pelo comentário no meu cantinho e cá fico a aguardar o seu miminho com muito carinho.
Ese tema de que fala aqui nese post é uma realidade triste... sabendo nós que existe mais do que suficiente para todos custa a acreditar que uns tenham mais que outros. E sendo essa a infeliz realidade eu ajudo no que posso... o meu marido até acha que eu exagero mas sinto-me mais preenchida se sei que coloco um sorriso na cara de alguém.
uma beijoca doce xxx
Paula
PS esqueci-me de dizer que o Nat King Cole é um dos meus cantores preferidos, cresci a ouvi-lo graças ao meu pai e ainda o oiço nos dias de hoje, em especial os seus albuns em espanhol... LINDO!!!!!
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ResponderEliminarPor causa desses "filmes" das televisões é que já não as vejo.
É perversa a forma como "trabalham" as cabecinhas desatentas.
Um beijo
É de lágrimas a correrem que leio o teu texto, é para mim doloroso demais, revejo alguém que amo muito.
ResponderEliminarbeijinho e uma flor
Não vi e ainda bem, porque mais que incomodada era capaz de me emocionar - é tão triste que em pleno século XXI hajam necessidades dessas no nosso país... e em tantos outros, com contornos muito mais dramáticos!
ResponderEliminarMas lá está, o sistema capitalista é mesmo assim, enquanto uns se enchem, outros ficam na miséria. Pior é quando essa realidade nos entra casa a dentro, mesmo que só via TV: parece que nos sentimos culpados de podermos fazer várias refeições ao dia. Já os nossos governantes aposto que dormem sossegados nas suas almofadas... :P
Da música gosto muito, mas realmente não condiz com a mensagem.
Beijocas!
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderEliminarPodia ter guardado o "smile" para outro texto...
ResponderEliminarÉ que este trata do grotesco!
Perceberam as conclusões da 10ª avaliação da Troica? Quem mente mais? O governo, a sr.ª Lagarde, o sr. Monti ou os ...?
ResponderEliminarÉ minha convicção de que os regentes da Lusitânia, entidade que mora em arranha-céus anglo-saxões, cujos pés flutuam nos escritórios-templo, atapetados por celestiais e alvas nuvens, acham que ainda não há pobres suficientes para fomento de caridosas almas. E os saldos para os salvíficos investidores ainda vão a meio.
Venham mais umas esmolinhas embrulhadas em resgate ou outro papel qualquer, qu'a gente agradece. Se não fosse isso quem nos valeria. O Salazarento dizia: livro-vos da guerra mas não da fome.
Soda!!!
Ainda bem que não vi esse programa.Estou tão refilona e indignada , que após ou durante alguns programas , telefono para as televisões , peço para ser gravada e deixo o meu depoimento .
ResponderEliminarUma grande amiga , chegou de um país nórdico triplo A pelas agências de rating , onde passou um mês e vem indignada , pois achou-os preguiçosos e depois nós é que somos ? Esta corja de governantes , quer fazer acreditar que somos , o que não somos.Haja paciência . M.A.A.
Minha amiga, além do incómodo, a mim enfurecem-me esse tipo de reportagens.
ResponderEliminarMesmo o voluntariado serve para certas criaturas se promoverem : estão borrifando para o sofrimento das pessoas, mas é de bom tom e , actualmente, até favorece o currículo.
Ah, claro que se enviares dinheiro(não tem cheiro, nem idade, nem cor e nem importa a origem) to aceitam ,a ti é que não...nem para um canil!
O pior é que estes escroques vão endoutrinando as pessoas , que até acham que se não há dinheiro , então é como nas nossas casas...
Um abraço
Ontem, a seguir ao jantar, vi um programa sobre a nova escravatura que também me incomodou. Não só pelo conteúdo, mas por terem centrado a análise na escravatura sexual e só pela rama a escravatura laboral, que vai crescendo de forma assustadora.
ResponderEliminarSó vi parte...
ResponderEliminarEstar sozinha não ajuda a ver programas que ainda me entristecem mais!
Abraço
Tenho muita pena por ter-vos, de igual modo, incomodado com esta triste temática.
ResponderEliminarQuanto ao Smile do meu querido Nat King Cole, entendo que nada tenha a ver com o que escrevi, mas a intenção também era essa: mostrar o contra-senso que foi o dito programa.
Querida Paula, obrigada por ter aui vindo e ainda bem que também gosta de ouvir Nat King Cole. O seu pai é uma pessoa de bom gosto. Só pode...
Beijinho e bom Natal!
Não vi o programa, mas tenho sempre presente essa situação triste e tremendamente difícil porque está passando uma larga faixa da nossa sociedade.
ResponderEliminarFaço compras todas as semanas e sei o que comprava com 100€ e o que compro agora. É então, que me horrorizo pensando nos que estão na miséria com um só salário mínimo ou vivendo da macérrima
caridade do Estado.
Deveriam morrer de vergonha, os que afirmam que Portugal está em vias de sucesso, pois o pior ainda está para vir, a partir de Janeiro.
Peço desculpa por me ter alongado, mas tenho de desabafar a minha indignação.
Amigos, que esta meditação sirva para passarmos um Natal mais solidário e santo.
Beijinhos.
As visitas aos bancos alimentares estão a aumentar um pouco por todo o lado. Lamentavelmente.
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