segunda-feira, 17 de junho de 2013

Exames


Numa escola/agrupamentos de escolas a preparação para os exames começa logo após no início do 3º período letivo com a informação para o Júri Nacional de Exames (JNE) dos dados dos alunos com necessidades educativas especiais que têm condições especiais para a realização das provas. Depois, todo o mês de maio é um nunca acabar de informações e de instruções e de cadernos normativos e de calendários de procedimentos rigorosíssimos que as escolas/agrupamentos recebem do JNE, do GAVE (Gabinete de Avaliação) da DGIDC.

Só quem já alguma vez teve de montar toda a organização para a realização de exames numa escola/agrupamento sabe do que estou a falar. Há que nomear o Secretariado de Exames, os vigilantes efetivos e os suplentes, os coadjuvantes, os corretores; há que ler, analisar, distribuir, discutir as normas do JNE que são cadernos com dezenas e dezenas de páginas; há que fazer os avisos aos alunos; depois seguem-se as intermináveis reuniões de preparação com os professores para leitura e interpretação das normas e dos procedimentos a ter antes, durante e depois da realização de cada prova; há o preenchimento de papelada real e digital que nunca mais acaba; etc. etc. para que tudo se processe com todo o cuidado e todo o rigor, sem nada falhe. E tudo da inteira responsabilidade do diretor (que em tempos mais democráticos era presidente).

Nos dias dos exames, o diretor está na escola às sete da manhã para receber da PSP os sacos com as provas de exame que guarda no cofre até meia hora antes da hora do exame. Logo depois do diretor, chegam os elementos do Secretariado de Exames para porem tudo em ordem na sala do Secretariado e receberem os vigilantes que se lhes apresentam sem falta até meia hora antes da hora do exame. As pautas já ficaram de véspera coladas nas portas das salas em que os alunos vão prestar provas, nunca mais do que 15/16 por sala deixando um espaço pré-determinado entre cada mesa. Os dois vigilantes de cada sala têm normas estritas sobre todos os passos a dar desde a chamada dos alunos até à saída do último da sala. Tudo de acordo com as inúmeras reuniões com o diretor e os elementos do Secretariado. E toda a direção “rezando” para que não apareçam os inspetores que, quando querem, encontram sempre esta ou aquela irregularidade. Lembro-me que há uns anos, uma colega presidente lá da “minha” escola esteve à beira de levar um processo disciplinar porque, numa sala, uma mesa não estava afastada das outros a distância regulamentar…

E para hoje, não pelo “superior interesse dos nossos jovens” mas tão-somente por uma vileza, por uma teimosia do ministro (C)rato que queria levar à palma os sindicatos e tirar vingança dos professores, e não obstante as Normas do JNE apresentarem como lema “Certificar com Equidade”, o próprio JNE, que obedece naturalmente ao ministro (C)rato,  deu ordens para chamarem professores dos outros ciclos todos que não foram preparados para a vigilância; para se realizarem as provas em cantinas e ginásios espaços que não estavam preparados, espaços com não sei quantos alunos a serem vigiados por um professor apenas; ordens para os elementos do Secretariado de Exames – que têm tarefas tão específicas e que não devem abandonar a Sala do Secretariado – irem eles próprios vigiar os alunos e até o diretor tinha ordens também para ir vigiar se necessário! A bagunça deve ter sido reinante em tantas escolas, com professores a correrem para as salas e à procura delas, com as provas debaixo do braço, com as provas a iniciarem-se a horas diferentes em cada escola, com a barulheira – absolutamente proibida em situação normal! – dos alunos que não fizeram o exame a saírem escola fora… Um desnorte tão grande como o do ministério ora implodido pelo ministro (C)rato!

Onde estariam os elementos da Inspeção? Onde estarão os pais que deveriam impugnar  e anular estas provas feitas em desvario? Onde estará o povo que devia correr com estes pretensos (e pretensiosos) governantes? Já para nem falar na falta de consciência cívica e de classe dos substitutos de aviário…


11 comentários:

  1. O que se passou hoje foi uma vergonha, mas as declarações que ouvi de alguns alunos, a culpar os profs,ainda me envergonharam mais.

    ResponderEliminar
  2. Volto a afirmar que estive solidário com a greve dos professores mas receio, graças à ignorância geral, que estes venham a ser "os maus da fita".
    Há e haverá sempre muito boa gente que nem com os próprios erros aprende, e não é por acaso que temos estes governantes...

    ResponderEliminar
  3. Onde estava essa gente toda, Gracinha?
    Ora! Estavam a achincalhar-nos e a proteger os seus interesses (os alunos? Quem são esses, para essa gente? Os mesmos que há pouco tempo atrás o PM mandou emigrar-povo sem memória não presta!).

    Deixa-me dizer-te que tivemos, hoje, uma reunião entre os que fazem greve às avaliações e aqueles que os estão a apoiar no fundo monetário que criámos (FMP, chama-se!:)), até chegarmos às nossas.
    Embora esgotados, enxovalhados e ridicularizados pelo povinho que não sabe o que é estar do outro lado, mantemo-nos, na minha escola, em luta.
    Convém frisar que os apoios (gratuitos) aos alunos-9 blocos por turma, continuam (Hoje terminaram LP, para descansarem um dia até ao exame, mas continuam com Matemática, já na 6ª).
    Há quem esteja na escola desde as 8.30 até às 21:00, mas não baixámos/baixamos os braços.

    bji
    Nina

    ResponderEliminar
  4. Gracinhamiga

    Essa do ministro (C)rato é bué da fixe!!!!! A mim, que sou um desmiolado e um criador nato e pacto de varsóvia, R.I.P. tal nunca me viria ao cristalino bestunto...

    Bom, bom, bom... Realmente cada vez mais penso que cada vez mais realmente, ou seja uns quantos Buiças resolveriam esta merda de (des)Governo, incluindo 'tralmente o supracitado (C)rato.

    Quanto aos exames, aos (pré)exames e aos (pós)exames a salgalhada é de tal quilate que nem uma ourivesaria encerrada por assalto à mão armada, armaria.

    E quando irás à nossa Travessa, nem que seja para pores um comentariozito de uma linha e meia?...

    E não te esqueças que o Palhaço disse que fiz, faço e façarei

    Qjs

    Henrique

    ______

    NE - Tenho estado à espera de receber um imeile da Rosinhamiga para me dar os seus, dela, dados, a fim de enviar as folhinhas. Mas, como ela nunca mais se despacha, elas vão seguir para a semana. Éke temos uma volta progamada, ops, programada com uns amigos, desde amanhã até terça-feira.

    ResponderEliminar
  5. Nina, minha querida, bem sei de tudo isso! A minha filha mais velha e o marido são professores de carreira e a minha mais nova é terapeuta da fala nas escolas por isso sei muito bem de tudo isso. Além disso fui professora 40 anos e a minha mãe também professora daquelas do antigamente. Ets. etc....

    Carlos, bem sei do que fala. Alguns (muitos) professores ontem fizeram umas tristes figuras... Que vergonha!

    ResponderEliminar

  6. Sabes Graça, ontem, foi inqualificável!

    Hoje, continua a ser inqualificável!

    Como inqualificável é o vergar de coluna de muitos a quem não vou chamar nem de colegas e muito menos de professores!

    Beijo

    Laura

    ResponderEliminar
  7. E essa dos alunos serem "selecionados" por ordem alfabética... Que grande equidade, não???

    ResponderEliminar
  8. Não fica bem a frase no comentário, onde se lê o "povinho" que não sabe!... eu acrescento só falta, pobrezinho, coitadinho, por aí fora!

    ResponderEliminar
  9. Hoje apeteceu-me visitar os blogs. Aqueles olhos verdes do gato preto, muito atento, intimidaram-me. Mais ou menos como quando o ministro Crato disse que não adiava o exame porque os Sindicatos podiam marcar greve para esse novo dia, quando isso não era possível (era só preciso conhecer a lei) e agora passa para um dia em que os Sindicatos podem marcar greve. Sou eu que estou confusa?

    ResponderEliminar