Li nas efemérides do jornal que
foi a 23 de Junho que se inaugurou a grandiosa Exposição do Mundo Português em
1940, evento que Salazar quis levar a cabo com a nacionalista finalidade de
celebrar o aniversário da fundação de Portugal (1140) e o aniversário da
Restauração da Nacionalidade (1640). Seria uma magnificente exposição ao jeito
das Exposições Mundiais que, desde a segunda metade do século XIX, se
realizavam nas grandes cidades civilizadas – a primeira realizou-se em Londres,
em 1851 – mas que à época não chegavam às cidades portuguesas. Curiosamente, uma
dessas exposições mundiais, a quarta, aconteceu na cidade do Porto, no ano de
1865, no tempo do Rei D. Luís, voltando a calhar em Portugal apenas no ano de
1998, com a Expo’98.
Primeiro Palácio de Cristal construído para a Exposição |
Mas o que Salazar quis foi mostrar
ao mundo “as malhas que o Império” teceu e como a sua governação era
florescente e então resolveu pôr o saber, a garra e a imaginação do Engº. Duarte
Pacheco em ação que meteu ombros à obra. (Se puderem e gostarem, leiam o
romance “A Cova do Lagarto” de Filomena Marona Beja sobre o tempo e a vida de
Duarte Pacheco. É muito bom.)
Não era nascida nem sequer estava
pensada quando esta Exposição se realizou, mas lembro-me muito bem de ouvir a
minha mãe falar sobre o acontecimento. Não admira: a viver em Algés havia
muitos anos, adolescente irreverente com um padrasto querido que lhe fazia as
vontades todas e com um irmão mais velho que a acompanhava para todo o lado, assistiu
de muito perto quer à construção, quer à continuidade da dita exposição já que
esta teve lugar na zona ribeirinha de Belém. O evento lá deve tê-la marcado,
não posso dizer a que nível, porque sempre falava desse acontecimento com
emoção, especialmente por três motivos: primeiro pelo que por lá se divertiu (imagino
os namoricos…); depois pela grandiosidade do empreendimento; e por fim pela
pena que sentiu dos nativos e dos animais que vieram de todas as colónias para
mostrar a diversidade e a vastidão do Império porque passaram muito frio e
muita falta de condições de toda a ordem.
Daí o fascínio que esse acontecimento
a que não assisti e que conhecia apenas de ouvir falar sempre exerceu sobre mim.
Por isso, assim que soube da mostra fotográfica da Exposição do Mundo Português
no Padrão dos Descobrimentos nos primeiros meses deste ano, aí fui eu ver.
Deixo aqui algumas fotografias
das fotografias pedindo desde já desculpa pela pouca qualidade das mesmas por
não ser fácil fotografar fotografias que estavam pregadas muito alto e mais ainda pela falta de habilidade da
fotógrafa…
Para um melhor visionamento das
fotos da Exposição sugiro uma visita ao blog
Restos de Colecção.
O homem era ou não era megalómano?
era importante naquela época apresentar Portugal como um grande Império Ultramarino onde as colónias estavam perfeitamente integradas como território nacional, as pressões internacionais para que se terminassem as colónias eram grandes...Por isso, foram criados quadros com fauna, flora, tradições... de todas as regiões de Portugal ( incluindo as ultramarinas)...Acredito que para quem passou por lá (principalmente crianças e adolescentes) tenha sido uma experiência marcante...
ResponderEliminarA poucos dias de terminar a Exposição (Re)conhecer Leiria - Memórias e Imagens do Sec. XX, que esteve patente no Mimo - Museu de Imagem e Movimento, voltei lá, desta vez com a minha mãe. Com uma cabecinha ainda muita fresca e uns olhos muito vivos,
ResponderEliminarapesar dos seus 88 anos, ouvir da boca dela histórias da minha cidade teve outro sabor... talvez por isso consiga imaginar a forma como a sua mãe se referia a essa Exposição...
:)
Memórias!! Se arquivadas no 'amor pela pátria'... ai então redobra o valor das mesmas. É recontar uma história. Parabéns.
ResponderEliminarBjs. Célia.
E o som era PHILIPS!... :)
ResponderEliminarhttp://estespublicitarios.blogspot.pt
ResponderEliminarTenho um livro da época! Uma maravilha, mas de grandes dimensões.
Beijo
Laura
Tudo em grande
ResponderEliminaraté nos pés descalços
nas bocas amordaçadas
Gostei de ler este seu post e de ver
ResponderEliminaras fotografias.
Aquilo que mais dói é um país que
já conseguiu tanto, estar agora de
mão estendida...
Obrigada por este post.
Bj.
Irene Alves
Irene, naquele tempo estávamos de mão estendida e fechado a sete chaves dentro deste retângulo...
ResponderEliminarÉ bem verdade, Mar Arável. E tantos anos mais estivemos de pés descalços de de bocas amordaçadas!