Tendo sido sindicalizada desde os
anos de 75 ou 76, aderi sempre às greves de professores naqueles tempos quentes
em que, aqui por Leiria as greves não era muito bem vistas. Lembro-me bem de,
lá na “minha” escola a funcionar ainda nas antigas instalações do velho Lyceu
de Francisco Rodrigues Lobo, se dar a separação entre as colegas da área da AD
darem aulas como se nada fosse e os outros a ficarem na sala dos professores no
tempo em que os grevistas ainda cumpriam o horário na escola. Lembro-me como
caiu mal – também em mim, diga-se! – quando um colega sindicalista e grevista uma
vez abriu, intimidatório, as salas de aulas para ver quem tinha “furado” a
greve…
E assim continuei, mesmo depois
de me ter des-sindicalizado, a aderir às greves até aos anos 90, quanto comecei
a perceber que, com as greves, não incomodava ninguém já que os alunos uivavam
de alegria com a falta de aulas, os governos metiam nos cofres uma quantidade
de dinheiro, além de que nada se conseguia. Isto aconteceu pela altura em que a
nossa tabela salarial passou das letras para os escalões e eu, que estava à
beira da letra C – o topo era a letra A – fui integrada no 5º escalão – em 10 –
sofrendo um enorme revés na subida na carreira. Os sindicatos nada fizeram e eu
“bati com a porta”.
De há uns anos para cá, e perante
a ineficácia das greves de professores, começámos nas escolas a perguntar-nos
por que razão não se marcavam greves às avaliações e às provas de exames porque
aí sim far-se-ia doer.
Geralmente pouco se liga(va) aos
professores – essa cambada de madraços que só trabalhava 22 horas por semana e
passava quase meio anos em férias. E agora, depois de o querido líder (C)rato, aos poucos, ter retirado dinheiro e ter
aumentado as horas de trabalho aos professores, depois de ter aumentado o
número de alunos por turma e ter diminuído as disciplinas dos planos de estudo
dos alunos com o único objetivo de poder despedir umas centenas de professores,
tropeçando em mentiras em cima de mentiras à laia do que tem feito o querido líder Passos, os sindicatos
marcam greve às avaliações – que tem passado mais despercebida e é mais
perigosa – e no dia do exame de Português do 12º ano.
Aqui é que foi o elas! O querido
líder Passos veio recomendar aos professores que guardassem a sede de greve
para o dia da greve geral em 27 de Junho, sem lhe passar pela cabeça que é data
em que se realiza o exame de Matemática do 9º ano e outros.
O vice querido líder Portas veio “puxar o lustro” aos professores apelando
para a sua consciência. Aquele senhor que faz discursos para campónios deixando
transparecer que está tudo pacífico e sem sinais de instabilidade no 10 de
Junho e depois vai para a Europa dizer como estamos mal mercê da austeridade
que o FMI tem imposto ao país veio também fingir que está a fazer o seu papel
de mediador entre as partes.
E o querido líder (C)rato, o da implosão da Educação em Portugal,
tem-se desmultiplicado em vindas às televisões com aquele seu tom mansinho que
tanto encantou os professores – é preciso dizê-lo e repeti-lo! – com a
imposição dos exames – que grande parte dos professores, no fundo, gosta mais
de classificar (não digo avaliar!) do que levar os alunos a aprenderem (não
digo ensinar!) ”arrepelando os cabelos” contra os malandros dos sindicatos,
culpando a “comissão arbitral”, prometendo a mudança da lei que não lhe obedeceu
e voltar a opinião pública contra os professores afirmando – hipocrisia suprema! – que não vai
permitir que “os nossos jovens” sejam prejudicados!
Prejudicados não serão pelo facto
de serem amontoados em salas de aulas que nem dimensão têm (nem mobiliário) para
os acomodar? Prejudicados não serão por lhes cortarem disciplinas fundamentais,
apoios e professores com um número razoável de turmas que lhes permitam
conhecê-los suficientemente bem para poderem acompanhá-los no seu trajeto
educativo? Prejudicados não são por serem cada vez mais os que têm de recorrer
ao apoio da Ação Social Escolar e a fazer o máximo de refeições nas escolas porque
em casa não há o que comer? E outras coisas mais!
E perante tudo isto e sei lá o
que mais, diz às televisões o pataroco do atual presidente da Confap muito
inchado que vem «confiante da reunião com o senhor Secretário de Estado que lhe
garantiu que será assegurado “o superior interesse dos nossos filhos”»!
Valha-lhe Deus!
Pois olha, Graça, se achei que os professores não tinham razão quando fizeram greve no tempo de Sócrates, por não quererem ser avaliados (OK, o processo proposto não era o melhor e muito burocrático) desta vez considero que têm. E também não estou a ver como Crato diz querer melhor ensino e depois é tudo ao molho numa sala de aula (e fé em Deus), que alguma coisa os alunos hão de aprender...
ResponderEliminarCerto é que neste "braço de ferro" entre governo e sindicatos, quem se lixa sempre são os alunos! Mas já ouvi tanto disparate sobre greves nos últimos tempos - que só deviam ser feitas quando não incomodassem ninguém, sei lá ao domingo e no mês de agosto, por exemplo - que já nem acrescento nada...
Beijocas!
Consegues imaginar, Gracinha, como me enojam?
ResponderEliminarConto todos os tostões para que nada falte ao Gui, não só no que respeita a cuidados básicos mas também os passeios e convívios que necessita, mas desta vez foram longe de mais.
Ainda agora, a colega que criou o fundo nos mandou e-mail a todos a dar conhecimento da tabela dos gastos (tudo descrito, sem margem a erros-nem o li porque sei que ela é transparente) e a pedir mais 15 euros para o fundo poder aguentar-se.
Na última semana, já dei 10 euros, agora 15, perderei o salário de duas ou 4 reuniões de 2 horas e amanhã farei greve.
Ver-me-ei obrigada a abdicar de coisas (para muitos supérfluas) que me fazem falta, mas não me arrependo nem um pouco.
Farei tudo para ajudar a dar machadada necessária a este governo de merda. Desculpa o tom.
O cansaço (há quem não saiba que há escravos a darem horas de graça para apoiarem os alunos nos exames!), as saudades do Gui (já estou com ele, mas foi terrível não ter ninguém em casa, nem mesmo a gatinha), o desaparecimento da Maria Carlota e um coração a sangrar de saudades e muito confuso deixam-me assim.
bji gde
Estou solidário com a greve dos professores. Força!!!
ResponderEliminarSe os pilotos , controladores de voo fazem greve quando há muito movimento se os estivadores fazem até os produtos dos contentores apodrecerem , se os transportes CP ,Transtejo , Soflusa etc fazem na hora de ponta se se se ...qual a razão dos professores serem tão mal vistos por fazerem greve no dia de um exame ?!...Que pena de não trabalhar , esta GREVE ERA PARA CUMPRIR M.A.A.
ResponderEliminarFiz todas as greves e se ainda estivesse no activo também faria esta!
ResponderEliminarOs/as docentes andam e com muita razão num total desassossego!
Abraço
Não fui professora, mas sou solidária com greve.
ResponderEliminarbeijinho e uma flor
A cidadania passa por tudo isso de que fala!
ResponderEliminarFui sindicalizada e dirigente sindicalista, fiz greves mesmo quando já era Directora de estabelecimento público, com mais de cinquenta funcionários e perto de 200 crianças, e só saí do sindicato quatro anos depois da aposentação.
ResponderEliminarMas a certa altura deixei de fazer greves, porque eram sempre marcadas à sexta-feira e porque nunca entendi a razão de não se fazer uma greve de uma semana, além de não perceber porque não se pagava , pelo menos, uma parte do salário a quem fazia greve( e não estou , claro, a falar dos vencimentos mais altos).
Achei que só se estava a beneficiar o Governo , que não pagava o dia de greve . e que nada se resolvia.
Neste momento anda tudo -com razão - com grande preocupação com os alunos e com os exames.
Mas há uma situação bem mais grave e que continua sob espesso manto de silêncio : a questão das IPSSs e da enorme quebra de qualidade da respostas a crianças , adolescentes e idosos.
Acho que Crato devia satisfazer o pedido de Mário Nogueira: mostrar as gravações das reuniões!
No meio disto tudo, pobres alunos.
DEsculpa o alongamento.
Boa semana
Escusado será dizer, mas é melhor acrescentar, que apoio totalmente esta greve e que , se trabalhasse ainda, a faria!
ResponderEliminarEstimada Amiga Graça Sampaio,
ResponderEliminarcada vez me sinto menos português com todas estas coisas que o governo e os sindicatos fazem.
Abraço amigo
«acho, sim, que os professores devem fazer greve, porque a defesa da escola pública é a defesa dos professores mas, sobretudo, é a defesa dos alunos. e o governo já mostrou o quanto gosta dos alunos, sobretudo dos que, licenciados e sem destino, emigram com um adeusinho ligeiro pelas costas.
ResponderEliminarse as posições não forem de força, se a sociedade civil não mostrar o quanto se importa com o que adquiriu por direito, então não haverá nada para defender. estaremos num terreno minado, exposto à exploração sem piedade que por toda a europa se procura impor.
os professores têm agora a possibilidade de mostrar o quanto acreditam no que defendem, e os alunos têm a possibilidade de o entender melhor do que nunca.»
Valter Hugo Mãe, in Facebook - Página Oficial (14 de junho 2013)
Este ministro é uma vergonha. Quando me lembro das suas opiniões sobre educação, no tempo em que militava na extrema esquerda, até sinto engulhos no estômago!
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