Ai estes candidatos!

No passado dia um fomos a Viseu assistir a uma conferência homenagem ao escritor Aquilino Ribeiro pelos 50 anos da sua morte. 

Gostei imenso de revisitar o lindíssimo centro daquela cidade capital com os seus vetustos monumentos e os seus floridos e frondosos jardins. 

E lembro-me de, incrédula, ter expresso o meu espanto ao ver, numa rotunda, um enorme cartaz do candidato Almeida Henriques à Câmara daquela cidade todo em tons de verde e bege e, espantemo-nos!, com um nano-mini-micro símbolo do PSD no cantinho inferior direito! Estou a ouvir-me a criticar a falta de lealdade, a ausência de “coluna vertebral”, a mentira – uma vez mais tal como na campanha eleitoral para as legislativas de há dois anos – o embuste, a falsidade, o enganar o próximo a todo o custo! «Votem em mim porque eu “quase” nada tenho a ver com aquele partido que é o mesmo deste governo que, por acaso, tem estado a destruir, a estilhaçar o país, coisa que eu nunca farei aqui nesta cidade…» O lobo vestido de cordeirinho… Que falta de nível! Que matreirice!

Parece que aquilo que eu pensei e comentei em privado sobre aquele cartaz que nada tem a ver comigo porque nem voto naquela cidade, nem voto naquele partido, afinal foi notado por mais gente e agora é tema de todos as notícias e de todos os comentários. Esperemos que, na hora de votarem as pessoas se lembrem da constatação desta forma de enganar, de iludir.

Mas este povo já deu várias vezes prova disto: gosta de ser enganado! Primeiro porque é por de mais moralista e gosta de pensar: «Vale mais o mau conhecido que o bom por conhecer»; «A alternativa não dá garantias» que é como quem diz que não quer que as coisas mudem. E depois porque é um povo intrinsecamente conservador e de direita – mesmo que, ao longo de mais de trinta anos o prato da balança tenha pendido para a esquerda.