terça-feira, 25 de junho de 2013

Desconsolo

A velha D. Dinis



Bem sei que já saí da “minha” escola há três anos e que nada me dá o direito de criticar o que se lá passa; como já em nada me adianta comentar e arguir as – ia dizer «as políticas», mas nada há de política(s) nas ações do “governo”, nomeadamente do ministro (C)rato – despolíticas no que toca à Educação. O certo é que foram dois terços da minha vida metida até ao pescoço nestas coisas da Educação enquanto mais de metade da minha vida foi passada naquela dita escola, orgulhando-me de ter ajudado a escrever a sua história. 

Por isso me doeu, mas doeu fundo mesmo, saber que a “minha” escola foi a única do concelho – e há muitas neste concelho que, como todos sabemos, é tradicionalmente “laranja” – a “minha” escola, dizia eu, foi a única em que as reuniões de avaliação foram todas realizadas! É que nem nas escolas secundárias, com as sabidas responsabilidades acrescidas dos exames finais e dos acessos ao superior, as reuniões de avaliação foram cumpridas! 

Que professores são aqueles que lá estão? Que direção? Que contratados? Que QZP(s)? Que pressões terá havido? Que terá, de facto, acontecido? Quantos lerão as patacoadas do Ramiro Marques? (Se quiserem saber o que esta «sapiência» pensa sobre as greves às avaliações, leiam as notas que deixou hoje no jornal…)

Tomou-me uma vergonha, um desconsolo, uma pena, um vazio, ao saber disto, uma coisa que não tem explicação! 

Três anos em que se deu a saída galopante de (quase) todos os professores que durante anos ajudaram a fazer dela uma escola de referência na zona – juntamente com uma direção fraca que lá chegou mediante mentiras eleitorais e as manigâncias que as chefias intermédias deste país (leia-se DREC) tacitamente permitiram – foram o suficiente para subverter toda a lisura e prestígio daquela instituição que conta já 45 anos a formar jovens.

Numa relação microcosmo/macrocosmo, o mesmo está a acontecer, também com grande vergonha e pena minha – e não só minha, tenho a certeza! – na Educação a nível nacional. Bastaram dois anos, dois aninhos apenas, para que este ministério dito da Educação tenha trucidado tudo o que com tanto esforço se fez, já não digo desde o tempo do extraordinário ministro Veiga Simão, mas desde o igualmente progressista ministro Roberto Carneiro. 

É mesmo um desconsolo, um grande desconsolo!


7 comentários:

  1. Imagino que seja mesmo uma dor de alma, para quem se dedicou tantos anos à educação e a uma escola, verificar como as coisas descambaram...

    Pior é que os alunos e o ensino é que perdem, se bem que os Cratos desta terra digam o contrário! Sem uma escola digna e professores dignos desse nome, é impossível melhorar a educação!

    Beijocas, Graça!

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  2. Gostei muito daqui! Fico.
    Muitos bjs e obrigada por tua presença na Travessa.
    Um bj

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  3. Na minha, ainda quase nenhuma se realizou. Até ordem em contrário, assim continuaremos.
    Mas que é uma dor de alma, alguns professores não saberem dar uma imagem do 'serviço cívico' aos seus alunos, é!
    Que jovens capazes de dizer «Não!» teremos amanhã?

    Beijo

    Laura

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  4. O velho liceu onde andei, a velha D. Dinis onde trabalhei...não cheguei a ir para a nova!
    Na Correia Mateus a malta esteve à altura dos acontecimentos!

    Abraço

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  5. E eu orgulhosa por pertencer ao grupo de professores que boicotaram todas as reuniões.
    Fez-se um "acordo". Diz-se que valeu a pena, no entanto, ainda desconfio que foi cedo de mais.
    bji gde, Gracinha

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  6. Não sou professor, mas compreendo o seu desgosto com referencia a uma instituição a quem deu o seu melhor durante muitos e muitos anos e agora ver a sua degradação. De certo que é notório o seu sofrimento. Quem sabe se o pior ainda estará para vir?
    Os meus cumprimentos,
    MT

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  7. Estás no Cavaquistão, sabe-lo bem!

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