segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Taken for granted



Os ingleses têm aquela expressão belíssima e para a qual não encontro nunca equivalente que me agrade em português que é «take for granted». É que eu acho, penso, acredito que nunca por nunca ser devemos tomar os outros, ou o que ou outros fazem ou mais, o que os outros sentem, ou como sentem for granted.

Por muito que os conheçamos, nunca sabemos como os outros vão reagir às nossas “certezas absolutas”, às nossas assunções, àquilo que nós próprios, inocente ou acintosamente, sobre eles take for granted .

Há que ter o máximo cuidado, a máxima ponderação com a sensibilidade do outro, conheçamo-lo ou não. Há que fazer um esforço para conseguirmos e para nos sabermos pôr no lugar do outro. Este é de facto um estádio moral muito elevado e nada fácil de alcançar – diz Kohlberg – mas pessoas com formação académica superior e formadas para lidarem com o próximo têm a obrigação moral (porque faz parte do saber de cidadania que por vezes tanto apregoam) de aplicarem esses conceitos que deviam ter interiorizados. 

Se assim acontecesse, não estariam a Grã-Bretanha e a Austrália a lamentar – mais que lamentar, sem saberem como agir – a trágica morte da enfermeira Jacintha Saldanha… 

Temos muitas vezes a arrogância e a tentação de tomar os outros for granted. Felizmente que as consequências raramente são tão nefastas como foi o caso da desventurada enfermeira, mas que muitas vezes magoa fundo, lá isso magoa.

Não é a primeira vez, nem a segunda, que sou tomada for granted por pessoas que se dizem minhas amigas. Hoje aconteceu outra vez. E garanto que voltou a doer. Muito! Nunca mais aprendo! Não sou a Madre Teresa de Calcutá, nem próxima… mas depois sou capaz de voltar a dar-me toda. Não aprendo mesmo!

Se calhar porque sei outrar-me e dificilmente tomo os outros for granted. 

14 comentários:


  1. Há aprendizagens que não valem nada.
    Não aprenda, Graça. Deixe passar a dor e dê-se de novo...


    Beijo meu

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  2. Não sei onde te dói, mas sei que dói. Desejo que passe depressa sem te arrependeres de amar o próximo.
    O texto está excelente.
    Beijinho

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  3. Graça conheço bem esse filme, mas sabes já levei tanto coice de burro, mas continuo a puxar o rabo, penso que o "darmo-nos todas" está-nos no samgue, mas as dores permanecem.
    boa semana

    beijinho e uma floe

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  4. Tens razão. Não é fácil traduzir to take something or someone for granted.
    Perante esse caso da enfermeira – não haveria outros problemas psíquicos? Ou teria sido apenas a grande vergonha que sentiu? – mais uma vez se constata que nunca devemos take anybody for granted, que devemos dizer com mais frequência quanto os familiares e amigos são importante para nós, que devemos viver cada dia com toda a intensidade, etc etc.... o que tb não é muito fácil!
    Por vezes, ofendemos sem nos apercebermos disso. Talvez seja o caso.
    De qualquer forma, aqui vai o meu abraço amigo. : )

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  5. Noto que sensibilidade é muito complicado para alguns e não deveria ser... É tão simples levar em conta os sentimentos das pessoas, agir com gentileza e tato, mas parece que tem quem não entenda mesmo.
    Não vale a pena aprender a ser assim. O retorno que temos com o carinho oferecido à quem merece é infinitamente compensador ;))
    Beijos

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  6. Foi uma tragédia!
    Lamento a sua morte, a infelicidade da família mas também essa marca negativa que ficará na alma da jovem grávida que poderá fazer uma leitura pessimista do que virá a acontecer ao seu bebé! :(
    Quanto ao resto, Gracinha..."Os cães ladram mas a caravana passa!"
    Deixa para lá, tens aguentado dores maiores!

    Abraço

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  7. Oh!!! Com te compreendo. Eu também nunca mais aprendo :/

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  8. Como a compreendo..não está só .M.A.A.

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  9. Compreendo-te tão bem, Gracinha!
    Sou como tu, tenho essa grande preocupação de não fazer aos outros o que não gostaria que me fizessem a mim.
    É claro que falho, por vezes, mas se o faço palavras não me faltam para me desculpar...a tempo.
    beijinhos e um forte abraço

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  10. tens razão, graça. foi uma história triste.mais uma.
    de resto, é como dizes: estamos sempre a aprender e ... nunca mais aprendemos. :)

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  11. Nunca mais se aprende, Graça. Juramos sempre que não tornamos, mas o raio do feitio que temos é de quem gosta de levar bofetadas...

    E dói... muito!

    Beijo

    Laura

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  12. Nunca tomei nada por garantido, aliás, a única coisa certa e garantida... é a morte... o resto é tudo transitório como as Estações do Ano, portanto, há que aproveitar, muito bem, os pequenos miminhos da vida ;)

    Bjos

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  13. geralmente nos "take for granted" o que mais precisamos

    Bjinhos
    Paula

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  14. Só tenho de agradecer-vos, minhas amigas, toda a simpatia pelo assunto e as amáveis palavras.

    Beijos gratos.

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