Aconteceu lá naquela escola em
que eu trabalhei durante 36 anos e a que chamava “minha”. Os inspetores –
beleguins do atual governo e dos outros – foram, como todos os anos, verificar
se os horários dos professores dos 2º e 3º ciclos estavam elaborados de acordo
com as normas legais e descobriram que aqueles estavam a cumprir menos vinte
minutos por semana. Imagine-se o ridículo da situação. Os professores –
malandros que nunca trabalharam mais do que meio-dia em cada dia e tinham três meses
de férias de verão, para além das férias do Natal e da Páscoa e do Carnaval e
não sei que mais festas – agora, para aprenderem, trabalham ao minuto…
Para obviarem a este “desmando”,
autêntico assalto aos dinheiros públicos que tanto custam a sacar aos contribuintes
deste povo de boa vontade, os senhores inspetores sugeriram que se acrescentassem
40 minutos de trabalho quinzenal ao horário de cada professor.
Este erro colossal foi de igual modo encontrado noutras escolas da área que logo
arranjaram maneira de compensar o Estado – que tão compreensivo tem sido para
com os funcionários públicos em geral e para com os professores em particular –
distribuindo trabalho de acompanhamento de alunos na Biblioteca, de preparação
de materiais, etc. – tarefas que não criassem maior dispersão de trabalho nem
de mais preparação de aulas.
Ora os mandantes lá “minha” “excola”,
que parece quererem mostrar-se “mais papistas que o próprio Papa”, inventaram uma nova tarefa daquelas
muito modernas e muito propaladas em reuniões de mandantes que depois não dão
em nada que são as coadjuvâncias! A saber: de quinze em quinze dias, cada
professor vai passar 40 minutos na sala de aula de um colega da mesma
disciplina para … coadjuvar – seja lá o que isso for.
Tudo bem: manda quem pode e com
esta “autonomia” que o ministro (C)rato deu aos diretores, eles podem (quase)
tudo.
Aconteceu que um dia destes um
grupo de professores foi destacado para acompanhar os alunos a Lisboa em visita
de estudo. Saíram da porta da escola às 8 horas da manhã e regressaram às
18.30. Todos sabemos a responsabilidade, o stress
e o cansaço físico que este tipo
de atividade acarreta para cima dos professores acompanhantes além de constituírem
uma carga horária bem mais alargada do que o dia normal de aulas. Então que fez
umas das professoras? Contou as horas de trabalho para além das horas que tinha
marcadas no seu horário para esse dia, dividiu-as pelos famosos 40 minutos e,
em requerimento à direção, pediu a dispensa de X aulas de coadjuvância por ter
já cumprido os 20 minutos semanais em falta com o acompanhamento dos alunos a
Lisboa.
De mestre! Agora falta saber se a
direção vai ter a coragem de deferir…
Aqui no Brasil, ela ganharia tranquilamente, pois além de perfazer "os minutos outrora garfados"... trabalhou fora de seu estabelecimento e local de trabalho diário. Contagem dupla! Enfim... aguardemos!
ResponderEliminarBj. Célia.
Sim aguardemos ... é triste a maneira como são tratados os professores neste país ... como é tratada a educação.
ResponderEliminarfoi uma excelente cartada sim senhora :) de Mestre eheheh
beijinh
Para palhaçadas dessas, a resposta da professora não podia ser mais correta! :)
ResponderEliminarBeijocas!
Ahahah! gostei!
ResponderEliminarNa próxima segunda-feira, 60 mil professores da secundára do sistema de ensino público vão deixar de fazer atividades extracurriculares como protesto contra a “Bill 115” que os impede de negociar quando o seu contrato terminar. Aceitam, porém, o congelamento de salários por dois anos. Os das escolas elementares vão fazer uma greve rotativa.
Na minha também os horários fora reformulados...
ResponderEliminarAgora há umas co- que não se sabe para que servem. Eu tenho coadjuvâncias no meu. Tem de se estar na sala com o/a colega titular da disciplina e ajudá-lo/a. Mas não é considerada componente letiva.
Uma vergonha!
Beijo
Laura
É melhor não me manifestar... pois teria que aparecer uma bolinha vermelha...
ResponderEliminarApenas deixo uma frase de um grande Educador:
"Todas as profissões são importantes mas, a de Professor, é fundamental." (Paulo Freire)
Quando é que afinal chega o dia em que percebem a impotância da educação e dos educadores!
ResponderEliminarBeijinho e uma foto
Flor, com estes "nossos" (des)governantes, vai ser NUNCA!!!
ResponderEliminarRosa, põe bolinha vermelha nisso... está à vontade!
Pois é, Catarina, mas isso é no civilizadíssimo Canadá... Por cá, como as coisas andam, é uma vergonha! Ainda bem que já não estou no ativo...
Espero que ela consiga que seja deferido!
ResponderEliminarSeja qual for a decisão, assim é que se faz! Preto no branco. Jogo directo. Gostava de saber o resultado.
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