segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Procissão na minha rua




A minha rua é apenas uma afluente da rua principal do sítio – subúrbio de Leiria que nem aldeia é – onde moramos há muitos anos. Isto vem ao caso para falar da festa do Bairro das Almoínhas que se realiza sempre no primeiro fim de semana de outubro e cuja procissão de Nossa Senhora vem, desde sempre e sem falhar, lá do Bairro, pela Estrada da Estação para entrar na minha rua, a tal afluente, no fundo da qual pára tudo – padre, andor e fieis acompanhantes – para procederem a uma pequena celebração, uma vigília, ou como lhe queiram chamar.


A minha pouca, pouquíssima, mínima educação religiosa não chega para perceber porque é que a procissão vem de lá de longe passar por esta rua e não pela rua principal, mas dá para entender o zelo, o carinho e o divertimento até, com que grande parte das moradoras aqui da rua adornam, dias antes e ano após ano, as casas, as suas e as outras – como é o caso da minha – para receber a visita da Senhora.










E, pelas nove da noite, de sábado, o cortejo chega então à nossa rua, com a Senhora num pequeno andor atapetado de flores brancas, a voz do padre rezando ouve-se através da aparelhagem sonora e o corredor de fieis segue, cantando e rezando, animado pelas velas acesas que empunham cheios de fé.



A minha neta Elisa, que veio com os pais e com o pequenino Eduardo jantar cá a casa, encantou-se com a ornamentação da rua sem perceber do que se tratava e ficou entusiasmadíssima com a perspetiva de assistir ao vivo e a cores a uma coisa que não fazia ideia nenhuma do que se tratava.

O facto é que eu que não vou a missas, reprovei três anos na catequese por faltas, fiz apenas a primeira comunhão tarde e a más horas – já tinha onze anos! – não casei na Igreja (para grande escândalo da minha mãe) nem batizei as filhas (para ainda maior tristeza da minha mãe) dei comigo a ver passar a procissão com a Elisa no colo e, de vela em punho, lá segui o ajuntamento com a neta pela mão até ao fim da rua...



10 comentários:

  1. "Deus escreve certo por linhas tortas", com ou sem Acordo Ortográfico, é isso?
    :)

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  2. Certamente que ela não se vai esquecer, e associada a essa lembrança está a avó. Foi bom teres ido, com ou sem fé, para a pequenita foi bom de certeza e isso conta muito.Eu também sou avó, e uma avó pronta a fazer tudo para os ver felizes. Avós é assim mesmo.

    Quanto à Mansarda, de facto até há 2/3 dias atrás várias pessoas não conseguiam comentar, e eu própria tinha alturas que também não, mas agora parece que está tudo bem, a prova é que hoje conseguiste.Tinha um link para um blogue que tinha vírus, retirei esse blogue e parece que a virose passou.

    Beijinho e boa noite

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  3. Fizeste muito bem. O facto de não ires a missas não quer dizer que não expliques aos teus netos o que são e porque são celebradas. O saber não ocupa lugar! : )

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  4. A religiosidade intuitiva é a que mais se aproxima de Deus. Isso é individual. É sentimento. Belo post! Bela homenagem! É o seu sentimento! Abraço, Célia.

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  5. Sacrilégio! Não ir à missa?!

    Regresso, num flash, aos anos 57/58? In extremis, dou o desgosto à minha mãe de que não quero ir para o seminário!...

    Mas fui acompanhando as várias etapas da caminhada ortodoxa do Cristão da Igreja Romana. Casei-me na Igreja da Portela (como é o nome correcto? mmm), vai fazer amanhã, 5 de Outubro, 40 e tal anos. Ai que lindos que nós íamos, parece que se vê nas fotos, pelo menos a Zaida. Eu,nem sei, estava entre a recruta e a especialidade, na tropa. Ah juventude, acabámos por estar os dois na Guerra Colonial, é verdade, depois conto a história.

    Volvendo ao tema do post, que é o que interessa, para o caso presente.
    Então não é que não me lembro de ter assistido, em nenhum dos muitos anos que já tenho de Leiria e arredores, a esta Santa Festa?!
    Pelas fotos e subsequente reportagem, uma festa religiosa, como tantas outras. Mas concordo que se deve dar a conhecer às crianças todas estas vivências. Concordo que isso ajuda a formar o seu carácter, que terão muito tempo para fazer as opções que entenderem, duma forma mais consciente, vivendo a vida, quantas vezes que decorre ali mesmo à porta. Não se lhes deve tapar os olhos, deixá-los observar e tirar as suas ilações.
    ...
    Pronto, está bem. Se calhar devia era ter ido para padre!
    :)
    Beijinhos

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  6. Mereces esta e outras procissões...lol

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  7. Foi uma decisão acertada, Carol, que certamente a sua neta não deixará de valorizar quando for mais crescidinha

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  8. Gosto mesmo destes meus queridos comentadores! Dizem sempre coisas tão bonitas e tão acertadas! Obrigada.

    M! és uma exagerada...

    Claro que o António não devia nada ter ido para padre! Depois como era com as suas filhas e netos: não existiam?....

    O Rui e o seu habitual sentido de humor! Acha que Deus sabe do Acordo Ortográfico?!....

    Beijinhos, queridos amigos.

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  9. Querida Carol, pois parece que temos aqui mais uns pontos em comum! ;)
    Agora que leio o teu texto, fiquei aqui a olhar para as teclas e a pensar, como fomos tão "avançadas" no nosso tempo. Olha que não ir à missa e não casar pela igreja, aqui há 30/40 anos, era obra! ;)

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  10. Ah pois era, Manelinha! E ir de cor de rosa e sem veu e sem flores na mão... Foi um pequeno escândalo para algumas pessoas lá na terrinha onde vivia (Sintra). Já foi há quarenta anos!
    Beijinho

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