domingo, 23 de outubro de 2011

Chocada!





Ouvi há pouco no Telejornal da RTP1 que um menino de dez anos, que frequentava o 5º ano na Escola Pedro de Santarém, se suicidou hoje por enforcamento em casa porque não aguentou a pressão nem o gozo - a maldade! - dos colegas, parece que porque tinha as orelhas grandes... Fiquei de lágrimas nos olhos. Veio de seguida uma pedopsiquiatra falar do drama do bullying nas escolas e chamar a atenção para este sacrilégio que acontece - e sempre aconteceu - nas escolas que não apenas nas públicas.

É, de facto, um dos grandes problemas da escola - mais do que os bons ou os maus resultados, mais do que a indisciplina, mais do que as falhas de equipamentos - é o do bullying. E este fenómeno não passa apenas pelas cenas de pancada entre alunos. Trata-se de uma forma de violência ao nível dos sentimentos, das palavra e dos medos, das provações e das angústias mais íntimas que marcam muito mais profundamente que uns socos. 

Foram muitos, infelizmente, os casos deste tipo com que tive de conviver enquanto professora e, mais ainda, como presidente (para não falar como aluna e colega) e garanto que são seriamente dramáticos e marcantes. O que se diz a uma menina de dez ou onze anos que é gozada, maltratada e ostracizada pelo grupo só porque se veste humildemente, muito humildemente? Como se trata com o caso de um rapaz super tímido a quem todos todos gozam e zurzem porque está perdidamente apaixonado pela coleguinha linda, "filha de família" e querida por todos os bonitões da turma? Como se faz com aquela menina a quem todos chamam de "Miss Piggy" porque ela até faz lembrar a dita figura? Lembrei estes exemplos por serem daqueles que qualquer adulto menos sensível ou menos avisado é capaz de ignorar. Mas garanto-vos que, nas idades destas crianças e adolescentes que me passaram pelas mãos ao longo de uma vida inteira, estes dramas que são mesmo dramas e a que os adultos não dão importância nenhuma por os considerarem mínimos, senão inexistentes e ridículos, marcam, doem, causam muito sofrimento interior. E é preciso muito força, muito apoio direto, muita conversa ao nível deles para evitar o pior.

É precisa muita atenção aos sinais que eles nos estão sempre a lançar. E cabe aos pais e mais ainda aos professores por não estarem tão próximos como os pais - ou melhor, por estarem numa proximidade diferente - darem-se conta desses pequeninos grandes dramas e dar-lhes força, uma força natural, franca e benigna para eles suportarem a enorme dor da diferença. Ou então - e se estivermos em posição disso - pôr os causadores em sentido. Desmascará-los. Castigá-los se for caso disso. Eu fi-lo e não me arrependo!





15 comentários:

  1. Eu sei que sempre houve bullying ( com outro nome, agora adoptamos o anglicismo) nas escolas, mas notícias destas deixam-me com uma sensação de mal estar, que não sei descrever.
    Mais do que o cansaço a que se refere no post anterior,sinto-me impotente e isso deixa-me muito desconfortável
    Boa semana

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  2. Um filho meu viveu uma situação idêntica até que tive conhecimento do feito, que solucionei imediatamente.
    O ser humano pode chegar a ser muito cruel! Mas geralmente acontece com os destacados. Tudo fruto da inveja de ineptos e incompetentes. mas o mal está feito, e isso sim que o sabem fazer bem.
    Um grande abraço

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  3. Um horror que li logo de manhã on line!
    As crianças às vezes são tão cruéis com quem é diferente! :-((
    É preciso ensinar-lhes que ser diferente não é ser desigual!

    Abraço

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  4. Fica-se em estado de choque. Como é possível acontecerem casos destes com tanta frequência?

    Embora reconheça que nestas idades estas situações de "bullying" são recorrentes, será que não é possível manter uma maior vigilância nas escolas para evitar, pelo menos as mais flagrantes. É que parece que ainda há muitos colegas e até professores e pais que fazem vista grossa pensando que tudo se resolve naturalmente.

    Mais atenção, pede-se!

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  5. Fiquei também em estado de choque!

    Beijinhos

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  6. Não li nada sobre esse caso. Mas causa-me uma profunda tristeza. Tristeza pela tragédia e também pela falta de recursos que me parece as escolas estarem a enfrentar para tratar de assuntos como este. Posso estar errada (porque não vivo em Portugal) mas a opinião que tenho é a seguinte:
    - não há campanhas/informação sobre como detetar e combater as práticas de intimidação, o bullying;
    - os pais e alguns professores ainda pensam que determinadas atitudes são brincadeiras de criança;
    - quando essas práticas são detetadas, fazem vista grossa como dizes, não se querem incomodar e os que querem não têm o apoio da administração;
    - não há grande apoio à vítima
    - os agressores não são punidos como devem porque as normas, se existem, não são aplicadas.

    O sistema aqui não é perfeito, mas se alguma vez um aluno apontar uma pistola de plástico a uma professora, ele será logo suspenso (e não é para ficar em casa – há programas onde os pais o deverão matricular); se for uma arma verdadeira, será expulso.
    E falo na pistola de plástico porque li no ano passado ou no ano anterior que isso aconteceu e que a professora disse que tinha sido uma brincadeira do aluno. Francamente! E muito mais haveria para dizer mas o comentário já vai longo é tardíssimo por estes lados. Amanhã é dia de trabalho! Boa noite!

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  7. As crianças, e alguns já mais crescidos, são de uma crueldade atróz.
    Agridem os colegas não só verbal mas fisicamente, é preciso engolir muitos sapos, quando isso nos toca pela porta.
    A minhas netas o ano passado foram as duas vítimas desse fenómeno.
    Uma foi agredida por um vandalo super conhecido na escola, que com as regras em vigor, coitado do pequeno tem um feitio difícil, e havia que o recuperar.
    Entretanto todos os dias agredia colegas. À minha neta mais pequena partiu-lhe o naríz, com um murro só porque ía a caminho da aula e passou perto do agressor e seu grupo. Bater nas meninas mais pequenas, é giro, e, faz rir aquela gente.
    A mais velha também foi "contemplada", um desses meninos, mandou-lhe um pntapé numa mão, fracturando-lhe o pulso. Tudo isto de forma gratuita.
    O que eu faria se podesse apanhar, e dar o tratamento, a um desses turistas que andam a gastar o dinheiro do Estado. São fulanos que passam pela escola, nem livros levam, e, têm a complacência dos Concelhos directivos.
    No caso da minha neta que partiu o pulso, levámos a queixa até ao fim, e, deparou-se-nos, sempre a evasiva do Conselho Directivo. Primeiro ia ser suspenso, os pais iam ser novamente chamados porque já não era a primeira vez, tudo mentira o "menino" continuou lá, logo no dia seguinte.
    Isto são coisas difíceis de gerir, mas se houvesse a figura do Director com autoridade, como antigamente, que só de houvir falar no nome nos fazia tremer. Hoje esta gente bate nos professores, muito mais facilmente "matam e esfolam", os colegas.

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  8. Às vezes até o nome do ou da colega serve de gozo!
    Sabes como se chama uma das minhas sobrinhas...já calculávamos que no 1º ciclo começasse o gozo, no JI isso nunca aconteceu e na escola dela também não.
    Só que, quando entrou para o 1º ano,começou a recusar-se a ir à piscina onde se juntava com miúdos do agrupamento que não eram da sua escola, nem sequer da mesma localidade e a avó acabou por descobrir o que já desconfiava!
    Sabes como são as "professoras primárias" e ainda por cima aposentadas quando lhes chega a mostarda ao nariz!
    Falou com as auxiliares que estavam de serviço na piscina e que lhe têm muito respeito porque ainda são do tempo dela, reuniu as "adoráveis" crianças e deu-lhes uma lição de cultura e de cidadania!
    Nunca mais nenhum se atreveu a gozar com o nome da "Nini" e todos ficaram a saber que ela tem um nome espanhol! :-))

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  9. Chocante mesmo ! A minha experiência com as escolas de hoje não é grande, mas creio que o problema seja muito difícil de resolver !
    Acontece que os alunos vítimas do Bullying se "fecham muito" mesmo já em casa e os pais, muitas vezes, não se apercebem do que se passa e não podem intervir a tempo.
    Também nas escolas, creio que não se presta a devida atenção a cada caso e as situações vão evoluindo para a fatalidade.
    .

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  10. Por vezes fico pasmada como é que as crianças conseguem ser são tão cruéis umas com as outras!
    Bjs

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  11. Um caso verdadeiramente chocante e lamentável.
    Sobre o bulliyng já publiquei, em 01.04.2008, dois posts, (um apenas com imagens) onde apresentei elementos fornecidos pelos autores de um blog de uma escola.
    É um caso muito sério, e que me causa uma revolta enorme.
    Não consigo aceitar violência exercida sobre seres mais fracos.

    Uma boa semana. Beijinhos

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  12. Não sei se desta vez o comentário entrará.

    Dizia no outro que estes casos se verifica e todos os graus etários.

    O meu sobrinho foi vítima de um, quando andava no 9º ano. Após a aula de EF tomou o banho. De toalha à cintura, foi agarrado por uns quantos e posto fora do polivalente completamente nu. Apresentou-se queixa a nível da escola e na polícia. Não deu em nada. Os outros era filhos-senhores da cidade e até da escola.
    Transferimo-lo para outra.Não conseguia ir à escola.

    Beijo

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  13. Os relatos das vossas experiências falam por si.
    A Catarina tem toda a razão no que diz, mas ea vive num país «civilizado». Aqui, os meninos agressores têm bastante proteção da lei. Nunca se pode expulsar um aluno; mesmo que ele bata no professor, pode ir para casa "passar umas férias" de um máximo de dez dias e depois deverá voltar à escola porque os «meninos» têm direito a estar na escola até aos 18 anos. Se for numa escola privada, a coisa não se passa assim por esses alunos são "convidados a sair" (e depois vêm os jornais com a mentira e a hipocrisia dos rankings... mas isso é outra história) E depois também os conselhos executivos - atuais direções executivas - que não estão para se maçar com a instauração dos processo que são, já de propósito epnso eu, por de mais burocráticos e esses «meninos» passam impunes. É uma tristeza e uma amargura tão grandes pensar e dizer que este é o país da impunidade! Mas é verdade.

    Mas têm toda a razão os meus queridos comentadores: as crianças e os adolescentes, por não terem ainda a "convenção" bem instalada nos seus "sistemas" conseguem ser por de mais cruéis uns com os outros. E, volto a sublinhar, os pais e os professores devem estar muito atentos aos sinais!

    Beijinhos

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  14. Que caso lamentável, triste.
    Aqui pelo Brasil, com o estatuto da criança e do adolescente, muitos menores abusam da proteção que a lei lhes oferece e cometem verdadeiras barbaridades. Junto com a falta do interesse e amparo familiar, as crises violentas explodem. Falta de respeito e violência para com os professores, agressões para com os colegas, uma pouca vergonha.
    É necessário haver uma integração mais profunda da família com a escola. Se os professores devem se manter atentos, cabe aos pais o mesmo. Dedicação, carinho, interesse. É impressionante o número de pais espantados ao serem chamados nas escolas e descobrindo que seus "quietos" filhos na verdade são agressores cruéis.

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  15. Ola Carol


    Lembra-se do que lhe disse sobre bulling na escola?

    Não são so alunos...

    Eu já fui muito gosado... Como vi que não fazia efeito a burocracia comecei á bofetada!

    Claro que fui chamado à atenção e aí disse que tambem queria apresentar queixa e que o fiz para me defender.. Só fazem algo quando os pais dos agressores se vão queixar a dizer que os filhotes têm uma marca na cara mas pouco se preocupam com o que aconteceu antes...

    Agora sou mais tolerante e se tentam fazer farinha, eu simplesmente ignoro..

    Este caso foi o extremo...

    A maior parte dos senhores que aqui comentam não vivem a escola como eu no presente, enquanto estudante (penso eu)..

    Posso falar como tal.. Sim de facto há imensas agressões á integridade psicológica.. Todos os intervalos...

    O que mais se nota é em relação aos homossexuais...
    É o prato do dia...

    Enfim.. Retrogradas ou acanhados com medo e inveja de demonstrar que também o são.. Não sei..

    Simplesmente não sabem viver a sua vida sem olhar para o lado e não em frente....

    Pensei que no ensino liceal ou secundário.. Já não houvesse disso.. Pensei que fosse so com os "putos" mas afinal enganei-me...

    Por vezes acho que á 3 anos me matriculei na pré-primária...

    E mais uma vez desculpe pela longitude do meu comentário..

    Bjinho Carol

    Flávio

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