domingo, 7 de agosto de 2011

Férias de Verão


Nos idos de 60 do século passado, as  famílias chamadas de classe (mais ou menos) média começaram a ir passar férias à praia. Lá em casa, sempre fomos afortunados em termos de férias na praia porque, nada eu e criada em Algés, tínhamos sempre três meses de praia. Depois, quando fomos viver para Sintra, passámos a fazer visitas diárias às praias da Linha - Torre, Carcavelos - onde o meu pai nos deixava de manhã, de passagem para o trabalho em Lisboa ou, outras vezes, apanhávamos o eléctrico na Ribeira de Sintra e íamos até à Praia Grande ou, mais vezes ainda, à Praia Pequena, já que a minha mãe não gostava de ir para a Praia das Maçãs.

Até que um ano, a minha mãe considerou que seria muito mais proveitoso alugarmos uma casa e  irmos passar uma temporada para uma praia. Vai daí, durante dois anos, lá nos deslocámos, no mês de Agosto, de Sintra para a Nazaré. O de amigos (e de namorados, diga-se) que fiz por lá! Que divertido foi, por diferente! As pessoas interessantes que por lá conhecemos! Que banhos! Que passeios pela marginal depois do jantar! Que festas ao som dos discos do Cliff, dos Shadows e dos Chats Sauvages!

Ora como o meu pai não tinha férias - e a minha mãe só tinha porque era professora - não ia connosco para a Nazaré. E, como a Nazaré ficava longe de nossa casa, pensou-se ir passar as férias de Verão para uma praia mais próxima. Daí "saltámos" para a Ericeira.

E fez ontem quarenta e cinco anos que nos instalámos, pela primeira vez, neste belo areal orlado do mais  lindo mar azul.




E se me lembro tão bem desse dia não é só porque tenho boa memória ou porque recordo o dia da inauguração da ponte (Salazar) sobre o Tejo. É que  foi nesse mesmo dia que, na praia da Ericeira, conheci o meu marido - mais um namorado de praia como profetizou a minha mãe, mas que, por acaso,  foi o último...

Que praia tão boa! Que vila tão bonita e tão na moda à época! Que mês memorável! Não esquecerei nunca as tardes e as noites que passámos no Parque de Santa Marta com aquela vista maravilhosa para o oceano, com aquela Lua laranja que se alcandorava no céu azul escuro... E a máquinha de discos em que púnhamos uma moeda de um escudo para fazermos tocar - para dançarmos -  o Calhambeque, o Twist à St Tropez, o I'm her yerterday man, o Strangers in the Night... E aquela Lua laranja sempre a espreitar-nos lá do céu! Muito romântico...

Que belos tempos!



O que não se ouvia era a cançãozinha "Ericeira" pelo Gabriel Cardoso, por ser por de mais "pirosa" - como dizia eu, menina lisboeta acabadinha de passar os exames de aptidão que me deram entrada na Faculdade - hoje, nem que seja por brincadeira, ou porque não sou mais a mesma menina lisboeta acabadinha de entrar na Faculdade, deixo aqui a dita cançãozinha...




8 comentários:

  1. Dsse-me uma miúda lisboeta, que a canção era pirosa e com uma letra, da treta (por isso nem a ouvi). Quanto à sua praia, um pouco mais a norte, tive eu parecida sorte. Quarenta e tal anos a frequentá-la, com algumas intermitências algarvias. Pior que eu só minha Teresa, que vai para a Areia Branca desde criança... (razão porque também eu passei a ir...)

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  2. Querida Carol, a praia da Ericeira é pois uma praia de referência e de boas memórias, aí por casa! O parque de Santa Marta ainda existe?

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  3. Carol,que doces e ternas lembranças... tocam-nos alma e coração! É um resgate maravilhoso o "relembrar" tais momentos! Abraço domingueiro pra você! Célia.

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  4. Belas lembranças de amores de praia e o último bem consistente!
    Gostei de tudo menos da lua laranja...podias dizer lua cor de fogo! :-))
    Também tenho muito boas lembranças da Nazaré...

    Abraço

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  5. Para essa praia ser tão bonita quanto "a minha" só lhe falta um pouco de vento e um mar agitado.
    :)
    Nem todos os namoros de praia se enterram na areia, pois não?
    :

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  6. Informação:
    O Parque de Santa Marta, ainda existe!
    A Vila da Ericeira, sofreu uma grande tranformação para melhor, porque o Presidente da Câmara Municipal de Mafra, é filho da terra, honesto, e tem feito pelo Concelho, mais que toda a gente desde o tempo do Magnânimo D. João V.

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  7. Pois querida "carol", agora metade das tuas costelas já sofrem do provincianismo da "estação". Consequências desses último amor de Verão, na paisagem idílica da Ericeira, numa mistura de suspiros, sob essa lua de fogo... Cumpre-se a vida!

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  8. Ora ainda bem que o meu amigo Carlos José já disse que o Parque de Santa Marta ainda existe e continua lindo. Não sei se ainda mantem a mesma Lua cor de... fogo! Pronto já não falo mais na cor laranja...

    Pois é: nem todos os namoros de praia ficam enterrados na areia, não é assim, amigo Rogério? (Beijinhos cúmplices para a sua Teresa)

    E beijinhos para todos.

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