terça-feira, 13 de fevereiro de 2018

Morreu Natália Nunes



Sua filha escreveu hoje de manhã na sua página do facebook:

AOS AMIGOS: A MINHA MÃE MORREU HOJE

Sua filha é a escritora Cristina Carvalho. Natália Nunes foi a mulher do professor e cientista Rómulo de Carvalho, o poeta António Gedeão que nos deixou em fevereiro de 1997.

Natália Nunes (1921 – 2018) ela própria escritora – algo desconhecida e muito esquecida.  

«Ninguém conhece esta escritora, tradutora, ensaísta. Alguns conhecerão vagamente. É assim a vida.» - Escrevia sua filha, Cristina Carvalho, em 18 de novembro último, dia em que sua mãe fez 96 anos.



De forma muito sintética e desassombrada, mas muito completa, o escritor Eduardo Pitta escreveu hoje no  seu blog o que eu aqui transcrevo:

«Natália Nunes morreu hoje. Tinha 96 anos. Romancista, memorialista, dramaturga, ensaísta e tradutora, Natália Nunes estreou-se em 1952, com o livro de memórias Horas Vivas. Próxima do existencialismo, destacaria da sua vasta obra ficcional Autobiografia de uma Mulher Romântica (1955), Regresso ao Caos (1960), Assembleia de Mulheres (1965), O Caso de Zulmira L. (1967), A Nuvem (1970), Da Natureza das Coisas (1985), As Velhas Senhoras e Outros Contos (1992) e Vénus Turbulenta (1997). A peça de teatro Cabeça de Abóbora (1970) é uma farsa demolidora da burocracia dos Estados totalitários. Na área do ensaio, As Batalhas Que Nós Perdemos (1973) colige estudos sobre Augusto Abelaira, Cardoso Pires e Raul Brandão. Um extenso ensaio sobre Finisterra, de Carlos de Oliveira, foi publicado em 1997: A Ressurreição das Florestas. Num tempo em que o feminismo não era uma profissão, Natália Nunes antecipou-se ao seu tempo, defendendo com desassombro a real emancipação das mulheres. Não o fez em comícios: a Obra responde por si.

Depois de traduzir Dostoievski, Tolstoi, Simonov e Elsa Triolet, Natália Nunes conseguiu a proeza de, em pleno salazarismo, traduzir La Bâtarde, o livro maldito de Violette Leduc, que assim chegou de forma admirável à língua portuguesa. Em 1945 casou com o cientista, pedagogo e professor Rómulo de Carvalho, mais conhecido pelo pseudónimo de António Gedeão. Durante quarenta anos, Natália Nunes colaborou com regularidade nos títulos mais relevantes da imprensa. Foi conservadora da Torre do Tombo (1957-68) e fez parte da última direcção da Sociedade Portuguesa de Escritores, extinta pelo Estado Novo em Maio de 1965. É mãe da escritora Cristina Carvalho.»




15 comentários:

  1. Que descanse em paz.
    Ouvi a notícia esta tarde a notícia.
    Um abraço

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  2. Grande Senhora. Ouvi a noticia esta tarde!
    Que descanse em paz.

    Beijinho Graça.

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  3. Não conhecia. Paz à sua Alma.

    Hoje:- "Clausuro-me... por fidelidade."
    .
    Bjos
    Votos de uma boa noite

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  4. Não conhecia a esposa do nosso Poeta António Gedeão.
    Interrogo-me sobre a quantidade de intelectuais de enorme valor, com provas dadas, que passam despercebidas do grande publico. Uma falha de quem de direito. Ou ignorância de quem não está devidamente informada.
    Que descanse em Paz.
    Obrigada, Graça.

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    1. Tanta gente de talento que desconhecemos nem sempre por incúria nossa, mas porque não nos são "mostrados".

      Beijinho.

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  5. o Tempo lhe faça Justiça, pois que a voracidade do presente não a reconhece. assim, os tempos (minúsculos) de hoje.

    beijo ... metafórico rss

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    1. Adoro as metáforas - as boas, claro....
      Quanto ao Tempo aqui referido, só tenho a dizer que é tão injusto com tanta gente cheia de valor! Uma pena!

      Beijinhos ... metafórica, seja!

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  6. Não conhecia esta notável figura! Concordo com a leitora Janita quando diz que deve existir uma infinidade de gente de valor a quem não se deveria perder o rasto. Servem os blogs para esse propósito, e obrigada por isso! :)

    Daniela
    http://www.palavrapadrao.com/

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  7. Uma das Fabulásticas que lembrei aqui
    http://mulheresilustres.blogspot.pt/search/label/Nat%C3%A1lia%20Nunes
    R.I.P.

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    1. Mais um blog seu, MLisboa?! Que produção!...

      Beijinho.

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    2. Pois é!... Produzo muito, mas "ganho" pouco :)
      Tinha ideia que a Graça já conhecia este blogue e que até por lá comentou; eu é que sou a mesma pessoa, mas com vários "nomes" diferentes, nos diferentes blogues... se eu fosse o Pessoa, poderia até dizer-se heterónimos, sei lá!
      Bjinho

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  8. Grata a todos/as que aqui deixaram palavras de paz para a escritora que partiu.

    Beijinhos.

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