domingo, 18 de fevereiro de 2018

Da pieguice...

Aprendi muito cedo – sempre sou de Germânicas, não é? – que os ingleses, quando são apresentados a desconhecidos, dizem um educado e bem pronunciado «How do you do?» a que os outros respondem com o mesmo educado e vincado «How do you do?». E mesmo quando informalmente se encontram, cumprimentam com um «How are you?» e a resposta é simplesmente um «Fine, thanks» e “está a andar”. Mais informal ainda é o mero «Hi!» que leva por resposta qualquer coisa como «Hi, there!» e pronto.

Isto – foi-nos explicado – porque se trata apenas de um cumprimento e não para saber do completo estado de saúde do próximo. Dizia a minha primeira professora de inglês, há muitos, muitos anos, que para os ingleses «time is money» (que o mesmo é dizer “tempo é dinheiro”) e eles poupam até nas palavras – daí as muitas elisões da língua inglesa.

O que nós portugueses temos a aprender com os ingleses neste campo! Se encontramos uma pessoa conhecida, amiga, indiferente, daqueles que até nem gostamos muito, ou seja o que for e dizemos, por exemplo, «Olá! Como estás?», ou «Então tudo bem?» não é para sabermos das suas maleitas, das dores nas costas, da enxaqueca, da gripe da sogra, da unha encravada da cunhada… É apenas um cumprimento, um gesto de simpatia, uma manifestação de educação, sei lá! Não se me ponham por isso a contar as idas ao médico, ao dentista, ao homeopata de que uma vizinha lhe falou muito bem e que até é primo de uma amiga nossa que andou connosco no liceu, ou daquele massagista, que até é muito caro, mas vale bem a pena porque saímos de lá derreadinhos de “pancada” mas dores na lombar nunca mais… Poupem-me!

E se, por qualquer eventualidade, calha dizermos que, por acaso também sofremos da lombar ou da cervical ou de um dente do siso, lá temos para mais meia-hora de explanação sobre a guinada, a moinha, a dor aguda que, seja ela qual for, é por certo muito mais forte do que a nossa, superioridade que é simplesmente traduzida por um expressivo e suspirado «tu sabes lá!»

E depois ainda estranhámos quando o outro disse que deixássemos de ser piegas…




Tenham uma boa semana!


13 comentários:

  1. Minha querida Gracinhamiga I

    Acabo de te ler agorinha mesmo, mesmo, mesmo

    Respondo-te em cima do segundo segundo. Porra! Saltei una letra, saiu-se um seundo. Perdi quase um minuto.

    Tenho uma prima, a Maria de Fátima que é pior do que um relógio de cuco casado com um gravador. Quando me telefona perco mais de meia hora, quiçá três quartos da dita, sempre numa lenga-lenga que quase me dá para passar pelas brasas; e o principal tema que "jovem de 75 primaveras" são as doenças, ai que desgraça....

    E por aqui me fico; compreendo-te

    Bjs da Raquel e qjs do
    Henrique, o Leãozão

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  2. Nossa! É isso mesmo! Tenho uns amigos médicos que quase não participam de eventos sociais, pois, se o fizerem, coitados, terão consultas e exames o tempo todo! Preferem ficar em casa ou, saírem em cidades onde não são conhecidos profissionalmente! Falar o célebre: - como vai? Pronto! Começa a consulta!!
    Abraço.

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  3. Parece-me que hoje estás um bocadinho eriçada, como o gato, Graça!
    Todos temos os nossos dias de mais ou menos sensibilidade ou pieguice, como quiseres. Todos já nos queixamos, algum dia, de alguma coisa que nos incomodava.
    Nessa apologia toda à escassez de palavras do povo anglo saxónico, pois olha que vi uma série televisiva, em tempos, em que havia uma Dona que falava pelos cotovelos, até enquanto estava ao telefone não lhe escapava nenhum pormenor da sua vida e da vida alheia, sempre com o pano de flanela na mão, ia limpando o pó dos móveis para não perder tempo. (lol). Precisamente, porque à sua pergunta "How are you", lhe respondiam "I'm fine tanks, and you?", aí, ela desfiava o rosário de queixumes... :)

    Beijinhos com palavras, pois se Deus me deu voz foi para falar. ehehehe

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  4. Que bem humorada estás hoje!!! : ))))
    Enquanto os ingleses/canadianos/americanos e provavelmente os australianos e outros povos de língua oficial inglesa(estes não tenho a certeza) respondem “I am fine, thank you” ou “ I am very well, thanks”, ou “I can’t be better”, os portugueses adultos responderão “Vou indo”, “Estou assim assim” e raramente “Estou muito bem, obrigada”... mesmo os que não estão interessados em falar nas suas maleitas.: ))))
    Mas.... os canadianos mais idosos, os seniores (80+ : ))), quando se encontram também gostam de falar sobre doenças, medicamentos, etc.


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  5. olha Graça, mas até nem se sabe quem tem razão?!
    os portugueses utilizam a psicologia terapêutica de proximidade uns com os outos, porque os médicos e os medicamentos são muito caros!
    feliz dia e lindos penteados como o do gatinho !
    Angela

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  6. Bom dia. Penso que nós fazemos o mesmo: Bom dia vizinho, como está?...Sempre a andar. Bom dia, tudo bem? sem parar o passo. na sua essência, não será igual?
    .
    * Aroma da papoila ... E a outra face do sentimento *
    .
    Inicio de semana feliz.

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  7. É mesmo assim, Graça. Acaba-se sempre a falar das maleitas...
    Gostei imenso do texto e o gato é um mimo...
    Uma boa semana.
    Beijos.

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  8. Há aqueles momentos em que o cumprimento é rápido e cada um vai à sua vida, mas outros há em que perdemos um bocadinho do nosso tempo a falar de nós, sem ser só maleitas, há também as coisas boas que têm que ser tidas em conta.
    Só não gosto de o fazer ao telefone, prefiro olhos nos olhos.

    Boa semana com muito paleio bom ahahaha

    Beijinhos Graça

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  9. Falar das maleitas é o prato do dia em qualquer lado que vá ouço e deixa-me triste, porque penso que afinal há muita gente com problemas.

    boa semana e um beijinho

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  10. Quanta informação, agradeço! beijos

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  11. Se não quer saber, então por que pergunta?

    Eu digo só: Bom dia!... Boa tarde!... Boa noite!
    E guardo o "como está?" para quando quero saber?

    Olá, como está? :)

    Beijo

    Lídia

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  12. Ora nem mais. Assim é que eu gosto. Cada um com a sua opinião e nem vou responder a um por um porque iria repetir-me.

    Eu sou daquelas que não gosto de falar das minhas tristezas, das minhas fraquezas, das minhas infelicidades. Talvez por isso toda a gente pense que eu estou sempre bem e que tenho tido um vida regalada. Enfim... continuo a pensar que não tenho de estar a aborrecer os outros com as minhas "coisas"... e ao telefone... bom, isso então nem pensar!!

    Beijinhos e abracinhos...

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