quinta-feira, 7 de setembro de 2017

Os Manuais Escolares




É um assunto recorrente na nossa comunicação social. E não apenas no início de cada ano letivo. Sabemos bem que, quando lhes dá jeito, lá vem a questão dos manuais escolares, até porque é um tema sobre o qual toda a gente pensa que tem certezas absolutas. Ou é pelo peso que os alunos têm de carregar às costas, ou é porque deviam poder ser utilizados pelos irmãos e pelos primos e sei lá por quem mais.

Ora bem: a mim parece-me que estes problemas não se resolvem com medidas avulsas. Teria de haver um qualquer governo muito forte que não se importasse de perder uma quantidade de simpatizantes (?!) e que decidisse cortar o mal pela raiz.

Para que os manuais escolares não pesassem quilos e quilos nas mochilas dos alunos e para que pudessem ser reutilizados por quem precise, bastava apenas que nos deixássemos de “mariquices” de forma a retirar mais de metade das imagens – algumas das quais bem tolas e bem feias – que são absolutamente desnecessárias para a aprendizagem do conteúdos e que, na minha opinião, funcionam até como motivo de dispersão da atenção. Qual é a necessidade de os manuais de Português do 9º ano, por exemplo, gastarem páginas e páginas com imagens (horrendas, muitas delas!) das personagens da Auto da Barca do Inferno ou de Os Lusíadas? Os meninos do 9º ano já têm 14/15 anos pelo que não precisam de bonecos ilustrativos…

Em segundo lugar, porque não habituar os alunos – já não digo a partir do 3º ano, vá lá! se bem que não visse nada de mal nisso, mas a partir do 5º ano – a responder às questões propostas nos manuais no seu próprio caderno diário? Assim os manuais poderiam facilmente ser reutilizados sem dramas.
E depois, para quê obrigar os pais a gastarem mais dinheiro em cadernos de atividades (para todas as disciplinas!) que depois raramente são utilizados nas aulas?

Com medidas tão simples como estas que aqui apresento, as mochilas deixavam de fazer escolioses nas criancinhas e os irmãos, os primos, os vizinhos – se não forem de uma exigência petulante – poderiam poupar um bom dinheirinho aos pais.

O pior são as editoras! Ah as queridas editoras que deixariam de ganhar rios de dinheiro à conta… Ah e depois vêm os professores defender que perdem muito tempo a levar os alunos a responderem às perguntas nos cadernos…

Sabe bem quem está habituado a passar por aqui que não sou pessoa de cantar loas ao “antigamente” e que detesto evocar aquele tempo “encantador” do “no meu tempo é que era bom”. Bem sei que eu estudei num tempo bem cinzento da nossa História que foram os finais de 50 e os 60, mas não posso deixar de me lembrar aqui que os manuais por que estudei eram em não sei que mão – arranjava-mos a minha tia que trabalhava num Liceu de Lisboa – e nunca andei carregada de livros.

Claro! Os manuais eram densos e feios e não estou a prescrever isso para a atualidade, mas, meus amigos, nem oito, nem oitenta!

10 comentários:

  1. Concordo com tudo o que dizes.
    O problema das mochilas pesadas deve ser universal.
    Os manuais escolares (aqui pelos meus lados!) são emprestados aos alunos que os devolvem no final do ano letivo e que serão usados no ano seguinte; a escola também fornece os cadernos. Os pais comprarão o outro material escolar, mas os professores terão sempre muitas caixas de lápis de cor, de cêra, papel etc, caso alguma criança não os possua por questões financeiras ou outras.

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  2. Questões bem pertinentes. Todos os anos os pais se vêem confrontados com despesas enormes na reabertura das aulas.
    Abraço

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    1. Despesas avultadas! A minha neta, que vai para o 5º ano, já leva uma despesa de 250 euros só em manuais...

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  3. Há décadas que o problema de arrasta, sem solução...
    Os últimos a serem ouvidos são os professores, que possuem poder de decisão, só na ocasião de optar pelo que está já feito e determinado.
    Quem tem todo o poder na matéria são as editoras, sem nenhumas contemplações... cheguei a pagar livros a alunos carenciados, porque essas entidades não possuem verbas para tais casos.
    Mesmo que separassem os livros de estudo dos de trabalho, as editoras dariam a volta para modificarem a apresentação, o texto e pormenores, o que basta para os alunos incorrerem no erro de julgar o livro didaticamente desvalorizado.
    É um negócio que rende muito, mas corre muitos riscos, pois os professores são livres de votarem nos autores que preferem e se as editoras desinvestem, a oferta empobrece.
    Um enredo complicado, mas quem tem a faca e o queijo na mão, não são os agentes de ensino...
    Não há dúvida que o estudo ficou mais disperso, exigindo mais concentração para alguns, mas não vislumbro fim à vista...
    Para outros, existem as mochilas de rodas, assim as criancinhas manejam com mais dificuldade os seus aparelhinhos informáticos...
    ~~~ Beijinhos ~~~

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    1. Ai, Majo, o que estas "velhas" professoras sabem acerca disto tudo... Enfim! As editoras sabem-na toda! E não governo que lhes queira fazer frente. A fatura a pagar por um governo desses seria demasiado alta, como aconteceu há uns 6 ou 7 anos atrás...

      Beijinho

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  4. Obrigada, Pedro, pela sua concordância.

    Beijinho.

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  5. Concordo totalmente com o teu texto, Graça !
    É revoltante e não consigo entender "esses 80" dos tempos actuais. certo que nem os 8, mas não consigo entender porque é preciso estar sempre a mudar de programas e respectivos livros. (??) :((
    O problema do peso das mochilas, mais outra aberração que não consigo entender ! :((

    beijinhos, Graça :)

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    1. Obrigada, Rui, pela tua opinião - tão próxima da minha... :)

      Beijinho.

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