A ignorância é uma coisa terrível…
No passado mês de Junho fomos a
Lisboa para a festa de anos de um amigo. Como a festa estava marcada para o fim
da tarde, resolvemos ir à Biblioteca Nacional ver umas exposições que estavam a
acontecer por lá, nomeadamente uma sobre o centenário da morte do poeta Mário
de Sá-Carneiro.
Para além de uma exposição de
desenhos inspirados no Livro do Desassossego, absolutamente desinteressante (ou
então não possuo os conhecimentos visuais necessários para entender aquele
traço) deparámo-nos com a história da vida de um português, Carlos George Nascimento, (1885-1966), natural
da Ilha do Corvo que, em 1905, partiu para o Chile para ganhar a vida na caça à
baleia. Quis o destino – ou sei lá quem – que conseguisse ficar com a livraria de
um tio na cidade de Santiago do Chile, acabando por ser o primeiro editor das
obras de Pablo Neruda.
Tudo isto explicado em cartazes e
ilustrado com fotografias antigas. Ficámos muitos bem impressionados com a
qualidade da informação e por termos tomado conhecimento de mais um português
simples que, lançado na aventura do mundo, conseguiu ter uma projeção de
sucesso.
(Numa viagem ao Corvo em 1948) |
(A Livraria Nascimento nos anos 80) |
Ontem, por casualidade, assistimos
à apresentação de um filme, chamado «O Livreiro de Santiago» que está a passar
na RTP2 em episódios e que é, nada mais, nada menos do que a encenação da vida
de Carlos George Nascimento, o corvino que foi à aventura para o Chile no
início do século passado.
A sua história é contada com
detalhe no filme realizado por José Medeiros, músico e realizador açoriano.
Natural de São Miguel, Medeiros é um dos protagonistas desta "narrativa
ficcional baseada na vida e na obra do editor corvino": faz de Nascimento.
Tal como o seu filho, David Medeiros, que veste a pele do livreiro enquanto
jovem. A atriz Maria do Céu Guerra e os músicos Filipa Pais, Carlos Guerreiro e
Jorge Palma também integram o elenco do filme.
Um post excepcionalmente interessante e didáctico, lindamente ilustrado com imagens e documentos que nos dão a conhecer a vida desse ilustre português, no Chile, que poderia ter ficado para sempre entregue à pesca da baleia, mas por um golpe do destino ficou ligado, para sempre, ao mundo das Letras, etc, etc,…
ResponderEliminarA minha surpresa e a razão mais forte, que me leva a comentar, é a estranheza por te ver iniciar esta maravilhosa publicação, com a frase:
“ A ignorância é uma coisa terrível…”
Tenho a certeza que alguma coisa me está a escapar, Graça, mas…o quê?
Sim, porque ignorância tua não é, de todo, e de quem não conhece esta história, também não, já que ninguém tem obrigação de saber tudo. Então, Graça?
Desculpa ser curiosa, mas a razão não é por cusquice e sim, por sede de conhecimento! :)
Beijinhos.
PS- Com esta conversa toda, esqueci-me de aceder aos link's. Vai ter de ficar para amanhã. Hoje o meu dia foi muito longo e duro.
Obrigada, minha querida, pelas tuas palavras doces...
EliminarEspero, entretanto, que os teus dias se tornem mais leves e risonhos.
Beijinho.
Muito interessante. Desconhecia totalmente.
ResponderEliminarAbraço
É preciso vir alguém de "fora" para conhecermos o que se passa cá dentro :)))
ResponderEliminarObrigada Graça, beijinhos
Com a pedagogia do sempre querer saber mais e mais, aprendo muito em seu blog, Graça! Obrigada!
ResponderEliminarAbraço.
E eu no seu, Célia!
EliminarBeijinho.
Mais uma vez estou a aprender.
ResponderEliminarNão conhecia.
Beijinhos
A falta de conhecimento mais erudito não é ignorância que macule.
ResponderEliminarTrabalhei alguns anos no Hospital de Santa Marta. Carlos George era um nome a que me habituara, havendo até um anfiteatro com o nome Carlos George no Hospital de Santa Marta.
Não é qualquer leitor português que há-de ler o poeta chileno - em chileno, ... numa edição chilena. E também, a falta de conhecimento da geografia é fácil de consertar. Mas, uma ficção que, para lançar - mesmo inocentemente (porque sem o saber) -, por exemplo, uma fraude que se esconde, caísse na mais inimaginável falsificaçao da História, não seria ficção mas crime.
Uma coisa é o trabalho onírico-poético de José Medeiros e os seus actores na sua excepcional direcção - outra coisa... outra coisa é a razão para a ficção.
"Trabalhei alguns anos no Hospital de Santa Marta. Carlos George era um nome a que me habituara, havendo até um anfiteatro com o nome Carlos George no Hospital de Santa Marta."
Sinto-me - sou - perseguida. Invadem-me as memórias. O que estou a perguntar? Qual a razão e a génese para a ficção se, confesso a minha ignorância que deu lugar ao que há-de ser lido como toda esta perplexidade, Carlos George Nascimento for mera personagem literária?
Outra coisa... outra coisa é a razão para a ficção.
Reclamo - primeiro - um profundo entendimento.
Maria João - anónimo deve-se não a um problema filosófico mas a um problema técnico.
Mas este Carlos George, lá dos Hospitais, não tem nada a ver com o do post!
EliminarObrigada pelo esclarecimento. É que não estava a entender a relação.
EliminarObrigada pela visita
Não podemos (nem devemos...) saber tudo, Graça.
ResponderEliminarLá perdíamos algumas belas surpresas como esta. :)
«Vivendo e aprendendo»...
ResponderEliminarGostei sobremaneira de conhecer a história deste corvino.
A história da diáspora do povo oriundo dos Açores esta repleta de surpresas.
Encontramo-los como primeiros povoadores de vários estados do Brasil.
Após cada grande sismo, seguia-se sempre a uma grande debandada.
Muito bem narrado e ilustrado.
~~~~~ Beijinhos, Graça ~~~~~
EliminarCorrijo - '«... seguia-se sempre uma grande debandada ...'
Adoro aprender.... como toda a gente!
ResponderEliminarUm post muito interessante, Gracinha!!
: )
Não conhecia esta história de sucesso da diáspora portuguesa. Entre outras coisas, é curioso ficar a saber que foi o primeiro editor das obras de Pablo Neruda. "Confesso que Vivi"... Eu queria dizer: Confesso que gostei muito do seu post,Graça!
ResponderEliminarMais um notável caso de grande sucesso de portugueses espalhados por esse mundo fora, e dos quais desconhecemos a maioria, muito provavelmente, o que é normal ! Serão certamente muitos mais os casos desconhecidos para nós, do que aqueles de que acabamos (às vezes por acaso) de tomar conhecimento !
ResponderEliminarEste, pelos vistos teve já honras de divulgação pública através de filme televisivo !
Genericamente, os portugueses sempre tiveram uma extraordinária capacidade de se notabilizarem lá fora ! Talvez genética, talvez a nossa história, certamente a enorme capacidade de trabalho,...
São assim os portugueses e disso nos temos que orgulhar !
Um excelente post, Gracinha ! ... e fiquei curioso com "O Livreiro de Santiago" ! :)
Beijinhos, querida amiga ! :)
Muito interessante! Gostei, não conhecia e adorei as imagens.
ResponderEliminarBeijinho Graça.
P. S. penso que a tua menina ainda não regressou, senão terias dito.
Pois não, Flor! Já não tenho esperanças. Deve ter morrido, coitadinha. Parece que a vejo pela casa, a dormir nos seus sítios preferidos...
EliminarBeijinhos gratos.
Que bom que gostaram todos! Obrigada. Eu também gostei muito de tomar conhecimento deste açoriano de fibra!
ResponderEliminarBeijinhos para todos.