Há palavras e expressões com que
embirro solenemente! Nem consigo dizer se embirro mais com a palavra ou com o conceito
que ela suporta. Por exemplo: não me falem em «bom senso» nem em «cultura
geral» que são expressões/conceitos que eu não suporto e nego à partida por
serem vazias, por serem completas generalidades. Isto da psicolinguística tem muito que se lhe
diga…
Uma palavra com que embirro
solenemente é a palavra «resiliência». Aliás com todas as palavras/conceitos
que se têm importado do âmbito da gestão. Também passei a embirrar solenemente
com a gestão em geral desde que se tornou moda, pelo menos aqui entre nós,
sempre tão abertos a receber e adotar tudo quanto vem dos States, a gestão de
tudo! Desde 80, tudo se passou a gerir seguindo os passos da gestão de
empresas: desde a vidinha do dia-a-dia até às emoções! Como se houvesse
programação exata daquilo que se passa entre o cérebro e o coração! Como se
houvesse gestão com programação e previsão de lucros no que nos pode acontecer
nas simples 24 horas do dia!
Nem queiram saber o que eu
«ralhei e barafustei» quando veio aquela moda apresentada por alguns professores
das Ciências da Educação mais quadrados que defendia que «a Escola é uma empresa
e como tal deve ser gerida»! E depois mais avaliações internas e mais análises
SWOT, e mais benchmarking, e mais coaching, e mais o clima organizacional, o
mais a assertividade e mais sei lá o que mais e lá vinha a bendita resiliência!
Falácias, quanto a mim e que me
desculpem os modernaços que possam por aqui passar. Dirigi e vi dirigir escolas
de grande prestígio sem nos atermos a estas pepineiras! Mas enfim! (A minha segunda
pós-graduação, pelo ISCSP, foi toda ela neste âmbito mas olhem que me foi bem penosa de fazer! Que seca!)
Ora tudo isto vem ao caso por
causa de umas flores muito bonitas que a minha avó, que adorava plantas e tinha
imenso jeito para elas, trouxe quando íamos de férias ao Algarve nos idos de 70.
Não sei como se chamam, só sei que todos os invernos as arranco porque crescem
como loucas e todas as primaveras elas renascem cheias de força e de viço e até,
por vezes, com cores diferentes.
De dia fecham-se para se
protegerem da intensidade do Sol que lhes bate em cheio; e, quando o calor
aperta, quase murcham e desfalecem. Mas com o fresco do fim da tarde e o cair
da noite, elas resplandecem, abrem-se e formam uns tufos de cor e de perfume
maravilhosos.
Por tudo isto chamei-lhes flores
resilientes…
Ora vejam!
Ao que parece as plantinhas não se regem pelo "modernaços" métodos de gestão.
ResponderEliminarGostei até ao riso da crónica, Graça. Conheço a moda ou mania que veio para ficar. Quanto a resultados "a pepineira" não resultou lá muito bem. Parece-me.
PS - estou a entrar na curva que se prevê durar 1 semana. depois darei nota.
Só mais uma coisa. Gosto muito deste sítio. A falta de assiduidade não quer dizer nada, apenas que "tenho horário flexível".
Bj
Muito obrigada, amigo Agostinho. É muito querido da sua parte. E... a propósito: não quer vir ao nosso almoço de bloggers aqui em S. Pedro de Moel no dia 23 de outubro? Pense nisso.
EliminarBeijinho
Tens (cá) um feitiozinho, carneirinha!
ResponderEliminarSolenemente pergunto-te:
- Se embirras com elas, por que as usas?!
Essa tua venerável antipatia por matemática e afins...
As flores são muito mimosas, nunca as vi por cá...
E o termo ficou muito bem empregue, reparaste assim na sua utilidade.
Porém, a um odiozinho de estimação, o que se pode fazer?!!
Penso que 'cultura geral' opõe-se a um trabalho cultural específico.
~~~ Beijinhos sensatos ~~~
Eh eh eh eh.... o que eu me ri com o o teu «tens cá um feitiozinho!» Tenho uma amiga que também me dizia isso lá na escola...
EliminarA minha mãe dava-me na cabeça (e na cara) por causa do meu feitiozinho, mas de pouco serviu....
Beijinhos sensatos (que eu gosto da sensatez e da prudência, nõ gosto é do bom senso que é muito moralista...)
Muito bem, Graça. Gostei imenso de ler.
ResponderEliminarSim, acho que as flores são resilientes. Essa de “uma empresa que se deve gerir”... valha-me Deus!! E os Santos! Quando vem a altura dos orçamentos, há cortes aqui e corte acolá, sempre em detrimento dos alunos. Cortam na Educação Especial, cortam nos programas de intervenção (ex: 5th Block), no programo ESL (English as a Second Language), no pessoal de apoio... só não cortam o programa para os sobredotados, nem no número de “superintendentes”, coordenadores... aqueles que fazem “pipas” de dinheiro! Conclusão: os alunos não têm prioridade.
Quanto a expressões que eu embirro! “penso eu de que”. Sinceramente que acho uma expressão arcaica que não faz sentido nenhum, quanto a mim. : )))
Catarina, embirras com a expressão "penso eu de que", porque não sabes a origem dela, certamente.
EliminarEssas palavras foram ditas por Pinto da Costa quando, numa entrevista, quis dizer que não tinha a certeza plena daquilo que dizia!! :)
Eu, resiliente me confesso, pelo que uso e usarei essa expressão, quando falar em jeito de brincadeira. LOl
Logo virei comentar o post da Graça.
Beijocas. :)))
A Janita já explicou o «penso eu de que» que ficou como gozo na nossa língua oral à conta do Pintinho da Costa.
EliminarQuanto aos cortes na educação, nem vale a pena falar que até dói!
Beijinhos
Instinto de sobrevivência em todos os seres vivos.
ResponderEliminarMesmo nas plantas.
Beijinhos
É isso mesmo, Pedro. Termo da psicologia que foi "abarbatado" pelas ciências da gestão... Blheque!!!
EliminarBeijinhos resilentes...
Obrigada, Graça, por me fazeres lembrar os brincos de princesa do quintal da minha avó.
ResponderEliminarBeijo
Também ainda tenho e foi a minha avó que mos plantou aqui no meu nano-mini-micro-jardim...
EliminarBeijinhos, princesa!
Um texto sobre o qual importa refletir por conter verdades que alguns teimam em não aceitar!
ResponderEliminarQuanto às flores com essas particularidades que as tornam diferentes! Gostei... Bj
Obrigada, Gracinha, pelo teu olhar tão certeiro!
EliminarBeijinhos floridos...
Deveríamos ser como a natureza que se auto protege das intempéries da vida! Mas, não somos! Nossa resiliência é posta à prova a cada minuto. Difícil aceitarmos. Educação igualada à empresa, também vivi e por alguns bons anos relutei mostrando não ser o caminho. Voto vencido. Sai. Afinal, os incomodados que se retirem... Hoje, vejo o cifrão dominando todo o fator educacional... E, os educandos vazios... E, os educadores, insatisfeitos. A 'empresa educacional'... algumas falidas, outras em batalha pela fidelização da sua clientela que dia a dia, sem recursos financeiros, evadem-se das mesmas! Resiliência? Oras bolas!!
ResponderEliminarAbraço.
Muito bem, Célia! Uma dor, não é? «Os educandos vazios... E os educadores insatisfeitos.» Tal como cá. Infelizmente.
EliminarBeijinhos resilientes...
A minha sogra tinha flores dessas. Gosto imenso delas. Quanto às palavras, ultimamente em moda, para lhe ser sincera, muitas vezes tenho que ir ver o que significam, pois como deve saber a minha cultura sempre mais mais de horta do que de escola.
ResponderEliminarUm abraço
Como eu, Elvira, como eu, que não entendo nada de horta... :)))
EliminarBeijinho.
Graça, concordo contigo e vou até ao fim do mundo, se preciso for, para te apoiar nessa recusa em aceitar as novas denominações neo-pseudo-culturais. Tudo uma treta.
ResponderEliminarAgora, desferires a tua revolta nas inocentes plantinhas, só porque ela resistem à tua vontade de as exterminar, ah...aí, alto e pára o baile!!
São tão lindas e coloridas, deixa-as ficar! Bem sei que elas são do tipo de plantas que crescem e se reproduzem, qual gente sem vergonha que vai tomado conta do pedaço sem pedirem permissão ao dono/a da terra :))
Resilientes, sim! Mas bonitas de encantar!!
Beijinhos. :)
Mas e não desferi nada da minha fúria sobre as pobres flores! Elas são mesmo resilientes - sobreviventes - eu não gosto é da palavra... eheheheheh
ResponderEliminarBeijinhos
Graça também tenho os meus ódios de estimação, alguns são iguais aos teus e outros vão do "casual" (em inglês) do trendy etc, etc...parvoíces! As duas primeiras flores também as tenho e tento ver-me livre delas mas não consigo :) as outras são Alegrias do Lar e Vincas pelo menos é como aqui são chamadas. Bjsss
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