Encantou-me o texto de SérgioFigueiredo (gosto muito de o ler às segundas-feiras) hoje no DN sobre a morte
do poeta Herberto Hélder. Da mesma forma que o encantou a ele a crónica que Pedro Santos Guerreiro sobre o assunto escreveu no Expresso do passado sábado.
Não vou aqui falar sobre o poeta
nem sobre o seu desaparecimento primeiro porque sei pouco acerca da sua poesia
e depois porque qualquer dos meus citados o fez já bem por de mais.
O que me encantou mesmo foi a
humildade com que aceitou que o texto de Santos Guerreiro lhe banalizara o seu projeto
de escrita sobre Herberto Hélder.
Mas do que gostei mesmo, mesmo
foi a acusação que o autor faz, de dedo em riste, aos “intelectuais” da praça
quando diz:
«Outros exercícios
intelectuais enojam-me. A soberba. A arrogante apropriação do poeta, da obra,
do homem que nem os queria por perto. Mas sobretudo pela falta de exemplo. Escritores revoltados? Só se for com a
vidinha que levam.
No centenário de Orpheu, Herberto morreu. Mas é a vanguarda
cultural que, em tempos de crise, há muito desapareceu. Sem combate. Sem sequer
"dar uma bofetada no gosto público", como Almada Negreiros,
recorrendo a Maiakovski, definiu o grupo a que Pessoa, Sá Carneiro, Amadeo,
Santa Rita e ele mesmo pertencia. Cem
anos passaram e os intelectuais portugueses estão calados. É o mais dramático
dos falecimentos: não estão mortos, estão calados.
A Geração de Orpheu agitou as
águas, era subversiva, deliberadamente escandalosa, ameaçava as convenções
sociais e incomodava a burguesia do princípio do século XX. É cruel e trágica a causa mais nobre da
elite amorfa, apática, medíocre e desistente dos nossos tempos.
Herberto apenas queria que o
deixassem em paz. Ignorava o sistema, que era a melhor forma de o subverter. Aqueles que agora o evocam, pretensos
indignados, simplesmente tudo fazem para continuar a ser parte dele.»
Eu não diria melhor
ResponderEliminarmas há muito que o venho dizendo
como posso, como sei
Sobre este escrito? Gostei!
Elite...onde é que ela está????
ResponderEliminarQuanto a mim há muita gente medíocre que se leva muito a sério...
Há os calados que deveriam falar e os faladores que deveriam estar mudos!
bjs
Infelizmente para mim não conheço o poeta a não ser de nome e de alguns poemas publicados agora.
ResponderEliminarUm abraço
Também aprecio as crónicas do Sérgio Figueiredo e esta não foge à regra.
ResponderEliminar"O calar-se, ainda vivo" nesse caso que você descreve, Graça, cheira-me à covardia...
ResponderEliminarAbraço.
Bom dia
ResponderEliminarNão conhecia este escritor.Nunca ouvi falar dele.É grave, mas até me parece ter sido o desejo do próprio - que o deixassem em paz.
Agora que o grito da morte o levantou quero lê-lo e estudá-lo reparando a minha ignorância.
Também eu, amigo Luís!! Conhecia-o quase só de nome.
EliminarEssa postura de Herberto Hélder era bem conhecida, Graça.
ResponderEliminarLonge do barulho das luzes que tanto atrai outros insectos.
Beijinhos
Muito bem dito! «... que tanto atrai os insetos».... bela imagem!!
Eliminareu acho que há um pouco de injustiça, nesta quase mania de dizer que os "intelectuais" estão em silêncio.
ResponderEliminarem primeiro lugar, poucos são os que têm "voz". e a maior parte dos que têm, estão comprometidos com o poder.
não podemos esquecer por exemplo António Lobo Antunes ou Ricardo Araújo Pereira, Graça.
~ Crónicas assinadas por quem dignifica a comunicação social, inteligentemente sublinhadas e partilhadas.
ResponderEliminar~~~~Bj~~~~~~~~~~~~
Subscrevo sem reserva.
ResponderEliminarConcordo em absoluto.
O sistema de castas não existe só na Índia. Cá, hoje como ontem, é bestial!
Gracinhamiga
ResponderEliminarO texto é muito bom. Já no que toca ao autor tenho algumas reticências. Conheço-o desde a altura em que era companheiro do meu primogénito Miguel no então ISEG. A pretexto do grupo em que participavam iam estudar para a minha casa e... bebiam o meu uísque... Gostava muito dele,
Mas, quando estive na mó de baixo no Ministério das Finanças onde era assessor de Sousa Franco foi ele, SF, o primeiro a atacar-me na Imprensa. Tenho dito
Qjs de Goa
Acontece, Henriquamigo!! E essas "indelicadezas" não se esquecem nunca...
EliminarQuanto ao whisky... faziam eles bem... eheheheheh....
~ Parece impossível, Henriquamigo!
Eliminar~ Caso para dizer que quem aprecia crónicas, não avalia corações.
~~~~~ Beijinhos para ambos. ~~~~~
Também aprecio as crónicas de Sérgio Figueiredo. E gostei do seu blogue :)
ResponderEliminarMuito obrigada, Miss Smile!! Apareça sempre. E diga coisas...
EliminarBeijinhos sorridentes...
Infelizmente não o conhecia (foi preciso morrer para ler a sua poesia).
ResponderEliminarÉ triste...
As vozes que se ouvem não são as do conhecimento, as da literatura, da cultura em geral, salvo raras excepções... Megafones só para os da cor, da forma, do volume... O mundo ainda vira uma bola amarela... Um desespero!
ResponderEliminarBeijo
Por acaso também acho muito engraçado que, de repente,são todos peritos em Herberto Hélder, "grande poeta e escritor"... Será que realmente leram alguma coisa dele ou é só para armar aos cucos? Eu cá só li um livro em prosa, tipo crónicas, e gostei. Mas isso não faz de mim especialista, né? ;)
ResponderEliminarBeijocas