(Camões por Júlio Pomar) |
Mais uma das certeiras crónicas de Baptista-Bastos! Docemente violenta, suavemente crua, assertivamente crítica e sempre, sempre extraordinariamente culta. De quem sabe do que fala, de quem vivamente conhece a nossa história, a nossa cultura, a nossa literatura. Nos antípodas «desta súcia trepada ao poder»… Referências a Camões, Jorge de Sena, Carlos de Oliveira, Alexandre Herculano e conversas com Alice Vieira para lamentar o estado a que este triste povo chegou mercê da «estratégia de embuste» levada a cabo pela dita «súcia» sem decência e sem vergonha com a cobertura de um presidente que no estrangeiro «diz coisas absurdas e abstrusas» mostrando a sua «tenaz mediocridade» é de mestre!
Não é novidade para ninguém que
não perco uma crónica de BB (e
até já comprei o seu último livro “Tempo de Combate”) mas aquele final da
crónica de hoje «"Isto dá vontade de morrer", para lembrar o grito
d"alma de Herculano, em hora de desânimo como a de agora» bateu forte.
É que minutos antes, ao ouvir as
notícias da hora do almoço, eu tinha tido o seguinte desabafo: «como compreendo
a atitude de Antero de Quental, num país destes!»
Nota: o título da crónica de hoje
é decalcada num verso de «Os Lusíadas», desabafo do poeta que, por acaso – ou não
por acaso – continua muito, muito actual.
«O favor com que mais se acende o engenho
Não no dá a pátria, não, que está
metida
No gosto da cobiça e na rudeza
D'uma austera, apagada e vil
tristeza»
(Lusíadas, X,145)
Leio BB com a mesma emoção como me leio a mim mesmo.
ResponderEliminarSerá porque ambos usávamos laço?
Acho que é mais por aquilo que li aqui!
Atitudes de cidadãos que se entregaram (e se entregam) por justiça, hoje pouco cultuada... Bela reflexão, Graça.
ResponderEliminarAbraço.
Um sentimento que se vai espalhando.
ResponderEliminarAvançando em vez de regredir.
Mesmo quem está fora apercebe-se dessa realidade.
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ResponderEliminar- Lamento muito Graça, mas não vejo nada de interessante e erudito nesta crónica do BB.
~ Quatro, das citações que ele, cuidadosamente coleciona, para dar um cariz culto à sua escrita, estratégia que caracteriza o seu estilo; um conteúdo tão cansativo de tão gasto; uma linguagem ocasionalmente pouco precisa e um humor sem espírito, conseguido pela gíria, que não combina, de todo, com os autores citados.
~ Fui breve e menos acutilante do que gostaria, porque respeito os seus oitenta anos e a sua cultura de autodidata. ~
São opiniões, Majo. Que aceito mas com que não concordo. A diversidade é que matiza a vida e cria a(s) cultura(s).
ResponderEliminarBeijinho.
ESTIMADA AMIGA GRAÇA SAMPAIO,
ResponderEliminarGOSTEI DO LI.
EM MACAU O JORNAL TRIBUNA DE MACAU PUBLICA OS TEXTO DESSE GRANDE SENHOR QUE É BAPTISTA BASTOS, E QUANDO LÁ ESTOU SENDO LEU E ADORO A SUA ESCRITA.
PORTUGAL JÁ VEM MAL DESDE LONGA DATA, MAS PIOR FICOU DEPOIS DO 25 DE ABRIL, COM ESTA CORJA TODA A GAMAR.
ABRAÇO AMIGO
Tenho muito gosto em ler BB. Há muito que leio as suas crónicas,porque têm estilo, elegância, cultura e são certeiras. Há quem não goste do "figurão" tal como de Saramago, por razões muito concretas: ter uma verruga, ser careca ou nariz com pêlo. Coisas que não me incomoda nada - da diversidade resulta a riqueza e beleza. A mim interessa-me aquilo que produzem, o que dão aos outros.
ResponderEliminarAfinal, o nosso maior, Camões era zarolho e vagabundo, Pessoa, um génio gigante alcoólico que se andasse hoje por aí muita gentinha mudava de passeio para não se cruzar com ele.
Como no face: gosto!
Esqueci-me de referir que "a nossa vil tristeza" parece fado.
ResponderEliminarDesconfio que sei qual é o problema. Um dia destes hei-de pôr a coisa a limpo no meu caderno.
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ResponderEliminar~ Quem andou aqui a comentar o aspecto, as características fisicas, ou condições pecuniárias de BB?!
~ BB tem algumas crónicas interessantes, mas esta não prima, nem pela originalidade no tema, nem pelo conteúdo, nem no estilo.
~ Agostinho, há quem produza pouco e há quem muito discurse e pouco ou nada expresse.
~ Esta visão pouco original do apocalípse português que culmina com um trágico apelo à morte, é, sim, um sentimento fadista.
~ Há quem aprecie cantar a fatalidade e prefira respirar o lado dramático, fúnebre e tétrico da vida.
~ E há os que tenazmente tentam não roubar a esperança aos que não possuem mais nada do que ela. ~
~
ResponderEliminar~ Gostaria de acrescentar que, à semelhança do que se passa com a esrita de BB, aprecio algumas obras de Saramago e outras não.
~ Não classifico obras pela assinatura. Mesmo um Nobel, tem trabalhos menos conseguidos e desinteressantes.~
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderEliminarNormalmente não perco as crónicas do BB que muito aprecio mas esta falhou-me!
ResponderEliminarAbraço
Hoje também acho a tristeza um vil sentimento...nem sei bem porquê...ou será que sei?
ResponderEliminarBeijinho
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ResponderEliminar~ Concordo com a Maria do Sol.
~ Só que o título da crónica, está conectado com o conteúdo do poema de Camões.
~Um autor culto e elegante, ou citaria o autor ou, pelo menos, colocaria aspas, na expressão alheia que assim, deveria ficar.
~ A nossa "vil tristeza". ~
Nunca perco uma crónica do BB, mesmo quando ando por longe.
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