«Da vida dos judeus medievais à
beira-Lis restam sobretudo palavras, ideias e memórias. Pouca pedra, muita
letra, falada e escrita, como no primeiro livro científico impresso em
Portugal, justamente em Leiria, na tipografia de Abraão d’Ortas, corria o ano
de 1496. Mas o potencial é grande e a cidade tornou-se projecto âncora da Rede
de Judiarias. Rodrigues Lobo, por exemplo, era cristão-novo. A sinagoga,
construída no local onde hoje existe a igreja da Misericórdia, uma das mais
concorridas, à época, entre as vilas de província.
“A comunidade judaica de Leiria”,
nos séculos XIII, XIV e XV, “era numerosa” e uma das mais activas “fora dos
grandes centros urbanos”. Havia “uma separação por motivos religiosos”, mas os
judeus “é que tinham o comércio mais forte e os ofícios mais nobres”. Entre os
habitantes endinheirados da cidade, muitos deles obedeciam à Lei de Moisés e
rejeitavam o cristianismo.» (daqui)
Realizou-se hoje o Percurso Judiaria de Leiria organizado, dinamizado e palestrado pelo Dr. Acácio de Sousa que contou com a participação de outros naturais amantes de Leiria.
Acorreram ao evento muitas dezenas de pessoas, até porque o dia esteve risonho e primaveril. O grupo reuniu-se no centro histórico da cidade, ali bem no meio da Rua Direita onde foi acolhido pelos organizadores. «...naquelas
artérias batia o coração da judiaria de Leiria. Ourives, correeiros, ferreiros
e outros mestres artesãos.»
Seguimos até à Torre Sineira para
uma visão panorâmica sobre o bairro...
... descendo depois até ao Orfeão Velho. «Pensa-se que ficava por ali a casa e tipografia dos
Ortas, onde se imprimiu o primeiro livro não religioso em Portugal – o Almanach Perpetuum, do famoso Abraão
Zacuto.»
Aí fomos recebidos com música da época executada por um grupo de jovens alunas do Orfeão.
Daí descemos até à Igreja da Misericórdia, fechada há anos, desde que deixou de funcionar como casa mortuária de Leiria. «Construída sobre a antiga sinagoga,
que encerrou em 1497, com a expulsão dos judeus de Portugal, o edifício pode,
ou não, conter vestígios mais ou menos visíveis da fé judaica. Uma dúvida para
esclarecer no sábado e aprofundar em trabalhos arqueológicos, se algum dia
vierem a ocorrer. Ali perto, funcionava o hospital – para acolhimento de
indigentes e aplicação de pequenos tratamentos simples – e os banhos públicos
(junto ao Gato Preto).»
Passámos pela Travessa da Tipografia e admirámos o painel de azulejo que assinala a existência da 1ª tipografia em Portugal.
Pensão Leiriense, onde se julga terem existido os banhos femininos da Judiaria.
O encantador arco da Misericórdia.
O Gato Preto - limite da Judiaria.
Seguimos depois pela Praça Rodrigues Lobo, outra fronteira da Judiaria: lembrança do poeta leiriense ele próprio judeu.
O percurso viria a terminar no renovado Moinho de Papel, nas margens do Rio Lis, o primeiro conhecido em Portugal e que data dos inícios dos anos de 400.
Aí fomos brindados por mais uma alegre e simpática atuação do grupo de alunas, acompanhadas à flauta pelo seu professor.
Para saber mais sobre as raízes judaicas em Leiria, consultar aqui.
Pensão Leiriense, onde se julga terem existido os banhos femininos da Judiaria.
(foto retirada da Preguiça Magazine) |
O Gato Preto - limite da Judiaria.
Seguimos depois pela Praça Rodrigues Lobo, outra fronteira da Judiaria: lembrança do poeta leiriense ele próprio judeu.
O percurso viria a terminar no renovado Moinho de Papel, nas margens do Rio Lis, o primeiro conhecido em Portugal e que data dos inícios dos anos de 400.
Aí fomos brindados por mais uma alegre e simpática atuação do grupo de alunas, acompanhadas à flauta pelo seu professor.
Para saber mais sobre as raízes judaicas em Leiria, consultar aqui.
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ResponderEliminar~ Desconhecia completamente.
~ Fico grata pelo conhecimento e divulgação.
~ Um bom e agradável Domingo.
Muito interessante.
ResponderEliminarE as fotos estão óptimas.
Dorme bem
É como se tivesse estado
ResponderEliminarObrigado
agradeçamos a D. Manuel, O Venturoso a ordem de expulsão dos judeus portugueses, que foram enriquecer culturalmente económica e financeiramente outros países(a Holanda,por exemplo).A sua influência foi muito importante na época a que este post se reporta. bom domingo.
ResponderEliminarServiço Público de qualidade.
ResponderEliminarObrigada.
Um passeio muito interessante e muito bem documentado!
ResponderEliminarDeu para lembrar ruas que conheço tão bem...
A perseguição e expulsão dos judeus foi um acto criminoso de D. Manuel só para agradar aos Reis ditos Católicos!
Abraço
Sempre em programas interessantes e com fotos bem elucidativas.
ResponderEliminarAndo a tentar regressar. No face a escrita é bocadinho, apenas, daquilo que gosto em mim. Mas, aqui, ainda me falta um pzinho de perlimpimpim. Quem sabe é desta.
um gde bji, Gracinha
Passeio junto com você lendo e observando lindos lugares em suas fotos! Obrigada!
ResponderEliminarAbraços.
Muito interessante e cultural, na verdade Graça. Boas fotos !
ResponderEliminarBelíssima reportagem, acompanhada de excelentes fotos. Obrigado e boa semana
ResponderEliminarÉ verdade, desabafos e Rosa dos Ventos, D. Manuel e os Reis Católicos, os primeiros causadores da decadência dos povos da Península. Sempre a Igreja!!
ResponderEliminarAgradeço os "elogios"...
Boa semana!
Mais uma boa reportagem, Graça Sampaio, digna de publicação em meio mais abrangente.
ResponderEliminarConheço esta "história" e os locais que mostra mas nem por isso deixei de a apreciar.
Pois o senhor D. Manuel deu cabo desta coisa que é Portugal. Estou convencido que a Inquisição destemperou o querer do português e meteu-lhe na alma coisas muito feias, tais como, a delação, a mentira e a inveja. Pecados que persistem até hoje sem remissão possível quando o exemplo que vem de cima é, como sabemos, uma desgraça.