Em Setembro de 73 (lembro-me bem
porque soubemos por lá da morte de Allende) ainda sem filhas e em vésperas de
entrar em estágio profissional (um grande e difícil passo na carreira de
professor naquele tempo antes da Revolução) fomos dar um grande passeio pelo
Minho, região que fazia (e faz) parte do meu imaginário infantil já que a
família do meu pai era toda de lá.
O Minho é todo ele lindo! Verde,
verde, cheio de serras verdejantes e frescas cortadas por riozinhos coleantes,
cidades e aldeias risonhas, floridas e cheias de cor que quase se cosem umas às
outras por meio de quintas, algumas senhorias, de muros e casarões de pedra
granítica. E depois orlado por uma costa de belas praias severas e frias de especial vulto.
(imagem retirada daqui) |
Nunca mais me esqueci do deslumbramento
que senti quando visitei Ofir onde ficamos uma noite. Aquele pinhal semeado de belas
casas de férias e o hotel sobranceiro ao mar – lindo! Fez-me lembrar a já “minha”
praia de S. Pedro de Muel.
Só há uns três anos voltámos a
passar por lá e nem queiram saber o choque que sentir ao deparar-me com três
torres de apartamentos imensas e desmedidamente desajustadas da paisagem espetadas
quase em cima do areal! Ato contínuo me saltou à mente a guerra que, ao longo
dos anos, se tem movido nos jornais ao Prédio Coutinho ali perto em Viana e
que nada tivesse sido dito acerca daqueles três mamarrachos em cima da
belíssima praia da minha lembrança.
Todas estas recordações hoje
porque os telejornais aludiram fortemente ao facto de o mar estar a pôr em grande
perigo aqueles mastodontes que ali foram plantados por triste imitação da
construção nas praias algarvias.
Lamentável. Muito lamentável!
(Prédio Coutinho - foto retirada daqui) |
Onde o homem mal permite e indecide
ResponderEliminaro mar resolve
A natureza tem uma lógica que a irracionalidade desconhece...
O lóbi do cimento é muito poderoso em toda a parte, Graça.
ResponderEliminarBeijinhos e votos de BFDS!
As notícias de há pouco dão conta de que se prepara a evacuação das torres.
ResponderEliminarE voltamos ao mesmo. Quem teve a infeliz ideia de construir naquele local? E quem autorizou?
Bom fim de semana, Graça.
E os alicerces estão mesmo em perigo!
ResponderEliminarTambém pasmei com estas construções quando num verão não muito distante passei férias em Esposende!
Não entendo certos PDMs...
Abraço
Com uma prosa magnífica ficámos a saber de onde vêm os genes que personificam Graça Sampaio: da costela minhota.
ResponderEliminarA chico-espertice que lavrou, e lavra ainda, desde os anos sessenta, por empenho de nomes, palavras e contos de réis, copiando mal o que se via lá fora, cuidando estar a dar um ar modernaço ao país, foram implantes de silicone em alegre e graciosa jovem.
Quanto à lamúria da destruição da costa Rogério Pereira sintetiza de forma certeira a realidade. Os "inteligentes" caseiros ainda não se lembraram de propor um dique que se veja, de norte a sul com 50 metros de altura, a contar com o degelo polar que vem aí. Imagine-se o que lucrariam a banca, empreiteiros, políticos corruptos e entidades correlativas. E até o povo teria emprego para uma ou duas décadas a carregar pedra das serras. O país ficava mais aplanado, mais simétrico e a gente sempre conservava a querida dívida por mais um século.
Um dia o mar fará justiça
ResponderEliminarBjs
Se houver ainda uma pequena réstia que seja de inteligência no nosso país, estes desastres deveriam fazer com que houvesse uma séria reflexão quanto ao Ordenamento do Território, algo por que clama e se bate Ribeiro Telles há décadas!
ResponderEliminarO que tu sentiste em Ofir, senti eu de um ano para o seguinte na paria de Vale de Centianes(Algarve, claro)....
Fica bem
é difícil resistir ao cimento num país povoado de patos bravos como o nosso. agora, talvez, a natureza se encarregue de repor a ordem.
ResponderEliminarOnde deveria construir-se um prédio com três pisos, permite-se fazer estes mamarrachos, o terreno é o mesmo. Quem ganha? são os senhores dos PDM's. São erros que não se emendam em dezenas de anos. Em todo o País se vem esses crimes, porque são mesmo crimes. Bastaria um Ministério do Ambiente ter poder de decisão! Mas sabemos que isto está tudo ligado. Quem mais perde foi quem comprou aqueles apartamentos, os "outros" ficam por fora...)
ResponderEliminarOfir foi uma das praias da minha infância. Foi lá que conheci a minha amiga Petra de que já tenho falado no CR ,por lá namorisquei, cresci e criei âncoras. Até ao dia em que um dos meus irmãos, que tinha lá casa, ali faleceu.
ResponderEliminarAs torres são um mamarracho inconcebível e estão em vias de ser derrubadas, mas o processo espreguiça-se por tribunais e ainda lá vivem 12 das mais de 200 famílias que noutros tempos ali habitaram.
A natureza é sábia amiga Graça, e os homens ainda não acreditam nesta grande verdade.
ResponderEliminarBeijinho e bom fim de semana
Fê
Por acaso o pinóquio I queria mandar demoli-los...
ResponderEliminarPenso que haverão algumas situações idênticas em toda a nossa maravilhosa costa Atlântica. Em Sesimbra aqui há um ror de anos "espetaram" um mamarracho no final da Praia da Califórnia. Há poucos fizeram um conunto de apartamentos, caros como tudo mesmo em cima da praia. Todos os anos no Inverno a avenida marginal tem de levar sacos de areia para impedir as águas de fazerem estragos... não digo mais !
ResponderEliminarDesde o dia em que elas foram construídas, muitas pessoas desejam que as torres caiam e penso que quem mais quer isso é o mar, ele quer o que é dele!
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